Mudanças

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Narcisa e Lucius logo ficaram sabendo da novidade e, depois de Harry ser instruído pelo Medibruxo responsável por Draco, todos saíram do hospital em direção á mansão Malfoy.

- Eu ainda não entendo porque você quer ficar lá. Nós podemos ficar na casa do Sirius, eu acho que a sua casa não é o melhor lugar.

- É a minha casa, Potter, e eu quero ficar nela. Meu pai logo voltará pra Azkaban e minha mãe pretende gastar muitos galeões em compras por Paris, então a mansão ficará só pra gente... Não que isso importe. - acrescentou a última parte rapidamente, desviando o rosto para que o moreno não o visse corar.

Harry não entendeu muito bem o comentário, então deu de ombros e continuou a ajudar o loiro a andar até a lareira para usar o Pó de Flú.

- O Ministério fez uma varredura na mansão no começo do mês, se quer saber. Não tem nada dele lá... Não se preocupe.

- Tudo bem, eu só vou precisar te deixar com seus pais por um tempo pra pegar minhas coisas na casa da Andrômeda.

- Me leve lá, então. - pediu, com um pouco de receio de Harry mudar de ideia.

- Não, você precisa descansar. O doutor me disse que esses primeiros quatro dias devem ser de harmonia e repouso. Ainda não sei como vai funcionar a harmonia, mas o repouso eu vou garantir. - Harry o olhou sério, mostrando que não aceitaria uma contestação. Draco cruzou os braços e ficou emburrado até Narcisa entrar com ele na lareira e sumir em meio às chamas verdes.

Harry sorriu, aliviado, ao ver que sua postura tinha funcionado. Mas o que o perturbava era saber até quando. Desaparatou até a sala de Andrômeda e viu Teddy cochilando no sofá.

- Ele vai sentir sua falta... E do Draco também.

- Sim, e eu a dele. Mas são só duas semanas e meia, depois tudo vai voltar ao normal. Malfoy vai melhorar, eu vou voltar para a minha carreira.

- E se não for? - ela indagou, curiosa. - E se acontecer algo entre vocês?

- Por favor, Andrômeda, eu nem sei como a gente não vai se matar nessas duas semanas. Isso sem contar que eu não sou gay. Eu gosto de garotas.

- Bom, Veelas tendem a ser maleáveis com parceiros, então acho que você não terá problemas com Draco... Desde que não o irrite, claro. E eu sei que você gosta de garotas, menino. O que eu me pergunto é: você gosta só de garotas?

Harry abriu e fechou a boca várias vezes, sem saber o que responder e, tentando fugir daquela e de mais alguma pergunta, desconversou e pegou suas malas antes de se despedir rapidamente e aparatar pata a Mansão Malfoy.

- Potter seja vem vindo. Deixe suas coisas aqui que um elfo se encarregará de leva-las para o quarto de Draco. - Narcisa o recepcionou e guiou até a sala de estar que estava muito diferente de quando esteve ali por causa de Voldemort. - Nós servimos o jantar sempre às 7, então se quiser tomar um banho antes, fique a vontade.

- E onde está o... Seu marido?

- Lucius foi encaminhado para Azkaban depois que deixamos o hospital. - o sofrimento era visível em seu rosto e Harry se arrependeu de ter perguntado, mesmo ficando satisfeito com a resposta.

- Eu vou aceitar sua oferta do banho, Sra. Malfoy. Quero tirar essa roupa de hospital.

- Suba essa escada e ande até o final do corredor. A última porta da direita é o quarto do Draco. Tem um banheiro lá, fique à vontade e use o que precisar.

- E ele? Digo... Draco... - era estranho chamar o loiro pelo primeiro nome.

- Está descansando e um pouco irritado com o que ele disse ser "mania de super herói" da sua parte... Não que eu saiba o que isso significa. Ande, não precisa ficar acanhado, afinal essa casa será sua nos próximos dias. Suba e acorde o Draco para comer quando terminar.

Narcisa saiu em direção á outro cômodo e Harry não teve outra opção a não ser subir em direção ao quarto de Draco. Abriu a porta com cuidado e a primeira coisa que viu foi a enorme cama de casal, que ocupava uma grande parte da parede que ficava de frente para a entrada. Draco estava dormindo enrolado em várias cobertas, como pode constatar ao se aproximar. Pegou algumas peças de roupa nas malas que estavam no chão aos pés da cama e se dirigiu ao banheiro.

Estava com receio ainda, não podia mentir pra si mesmo. Estava com receio de fazer algo errado, dele e do loiro não conseguirem conviver aqueles poucos dias e, principalmente, não conseguia parar de pensar nas palavras de Andrômeda. Ele nunca tinha pensado em nenhum garoto daquele jeito, menos ainda o Malfoy, mas seria possível que algo acontecesse entre eles?

De banho tomado e com os pensamentos ainda uma bagunça, Harry voltou ao quarto e viu que Draco acabava de acordar, se espreguiçando como um felino antes de olhar para o moreno com uma expressão nada amigável.

- Sua mãe pediu para que eu te acordasse...

- Ah, agora além de meu pai você também é meu despertador? – perguntou, insolente, fazendo Harry respirar fundo para não responder.

- Eu não quis mandar em você mais cedo, Malfoy. Eu só estava pensando no seu bem.

- Não quis, mas mandou. Eu sei me cuidar, ok? E agora, por sua culpa, eu não pude me despedir de Teddy e ficarei as próximas semanas sem vê-lo. – ele cruzou os braços e continuou a encarar o moreno.

- Ok, eu não tinha pensado nisso e você poderia ter dito e não ficado emburrado. – ele coçou a nuca, sem jeito. – Olha, eu sei que a gente tem nossas diferenças, mas vamos ter que conviver pelas próximas semanas e precisamos não nos matar nesse processo.

Draco abaixou a cabeça e os braços, respirando fundo.

- Eu odeio isso. Odeio ter minha vida nas mãos de alguém de novo. E eu acho que as nossas implicâncias terminaram quando você salvou a minha vida na Sala Precisa. – ele sorriu de lado, tentando relaxar. – Não que eu caia de amores por você, Potter. Você nem faz o meu tipo.

Harry rolou os olhos e se permitiu rir antes de sentar na beirada da cama.

- Quem é você e o que fez com Harry Potter? O medibruxo deve ter dito uma coisa muito séria pra você estar agindo assim. Até riu por minha causa. – continuou o loiro, vendo o riso sumir e a preocupação estampar o rosto do outro. – Vamos, Potter. Diga logo o que ele falou.

- Você ainda está em risco, Malfoy. Lembra que eu te falei sobre harmonia e repouso? Então, se o seu Veela sentir que eu não estou contente com você, vai te machucar. Então, por esses quatro dias nós precisamos ficar longe de brigas e discussões.

- E depois? Depois dos quatro dias? Meu pai disse que só a sua presença ajudaria, certo?

- Sim. O doutor me explicou que nesses quatro primeiros dias eu preciso ficar atento para lançar o feitiço antes de suas crises e estar próximo e em harmonia com você, mas depois só a minha presença já ajudará a manter sua magia estável. Eu não vou poder me afastar muito e nem por muito tempo, é claro, mas você estará um pouco mais livre.

Uma batida na porta interrompeu a conversa e revelou Narcisa, que entrou sem esperar convite e andou até o filho.

- Imaginei que estivessem conversando, mas o jantar já será servido e você nem está propriamente vestido, Draco. Vamos, quero que jante comigo antes que eu viaje.

- Sim, mãe. – Narcisa deu um beijo em sua testa.

– Não demore, minha chave de portal está marcada para daqui duas horas. – e saiu, deixando os dois sozinhos novamente.

- Não conte a ela, tudo bem? – Draco pediu, ainda olhando para a porta. – Sobre os riscos, não conte a ela, por favor, Potter.

- Ela salvou a minha vida, não teria coragem de destruir a dela, Malfoy.

Draco revirou os olhos e levantou.

- Draco. Nós vamos ter que dormir na mesma cama por mais de duas semanas, me chame de Draco.

- Me chame de Harry, então.

- Não sei... Acho que Potter combina mais com você. – entrou no banheiro e fechou a porta sem esperar uma resposta.

Harry voltou a rir do loiro e se jogou de costas na cama para esperar que ele terminasse o banho. Definitivamente, manter a harmonia entre eles seria uma coisa que exigiria muito de sua paciência.

Continua...

Quando as coisas erradas se tornam certasOnde histórias criam vida. Descubra agora