Décimo quarto dia

278 26 3
                                    

Ele terminou seu banho e reparou que Albus havia acabado de acordar. Não precisava perguntar a ele dessa vez que dia era aquele. Sabia que era quinta. Desta forma se arrumou sem pressa e foi em direção ao café da manhã sozinho. Andou pelo corredor em que Frei Gorducho estava fazendo sua caminhada matinal e no último instante desviou não o atravessando.

— Bom dia Frei. – ele lhe cumprimentou e o fantasma o encarou sorridente.

— Bom dia jovem.

Começou a observar ele sair de perto flutuando e a voz de Dumbledore ao fundo veio lhe relembrar.

“A resposta está nos detalhes”.

— Frei... – o chamou chegando mais perto do fantasma. – Nunca parei para lhe escutar. Como virou um fantasma?

E o Frei lhe contou, que havia nascido há muitos anos atrás. Que havia dedicado sua vida a igreja e as pessoas com doenças. Tinha virado Frei e fazia milagres curando as pessoas com lepra com um pedaço de pau, mas os clérigos suspeitaram de si e mandaram o executar. Não conseguiu se tornar um cardeal, por isso seu assunto inacabado era voltado à religião. Retornou a Hogwarts e permaneceu como fantasma da Lufa-lufa todos esses anos.  Gostava de ouvir os estudantes e passar palavras de conforto e lições que havia aprendido durante todos aqueles anos, por isso era o fantasma mais querido do castelo, como Rose adorava lhe lembrar todos aqueles dias.

Scorpius havia gostado de conversar com ele. Sentiu-se leve e que estava parando, como era mesmo a palavra que Rose sempre lhe dirigia? De ser prepotente sem forçar. Apenas prestando atenção nos detalhes.

E foi pensando nos detalhes que chegou a mesa de café e reparou em Rose. Ela já estava sentada lá comendo. Tinha as bochechas rosadas, os lábios secos pelo inverno, seus cabelos esvoaçantes como nos dias anteriores. Mas ele não conseguia a olhar sem se lembrar de tudo o que viveram. Como queria que ela se lembrasse. Ela não lembraria, mas ele jamais se esqueceria daquele primeiro beijo deles. Por mais que viessem outros. O primeiro beijo que Rose lhe entregou porque quis.

— Bom Dia. - Sentou-se ao lado da garota. – estou um pouco atrasado hoje. Ela não havia encontrado o Frei chorando no dia, por isso havia chegado mais cedo que ele no café.

Não demorou muito para Lily aparecer questionando sobre se queriam apostar. Ele sabia o resultado e teve uma ideia. Não precisava de dinheiro, nunca tinha precisado. Sua família tinha boas condições financeiras.

Apostou certeiro. Iria ganhar com toda certeza.

— Lily minha aposta é em nome dos Elfos. Seu eu ganhar pode entregar tudo a eles, como um presente. – Scorpius acrescentou. – Mas sem dizer que fui eu. Combinado?

 A Potter mais nova achou aquilo muito estranho. Primeiro a aposta e depois o pedido, mas os ganhadores faziam o que queriam com o dinheiro deles. Ela apenas acenou afirmativamente.

— Você está bem? – Albus questionou estranhando o amigo que odeia quintas ter aparecido no café da manhã tão harmonioso.

— Surpreendentemente estou. – Começou a comer, e apesar de saber que chegaria atrasado para a aula de adivinhação não poderia perder a parte do dia que envolvia Lysander.

Estava debruçado em cima de panquecas cobertas com melaço quando voltou a olhar para Rose. A garota o analisava minuciosamente.

— Hei Rose, poderia avisar a professora que vou me atrasar, por que cheguei tarde para o café? – Scorpius impulsivamente segurou na mão da amiga apertando com força ao final da frase.

Rose ficou com as faces ainda mais vermelhas.

— Eu aviso. – Se levantou e foi para aula, mas antes olhou para trás tentando confirmar que era mesmo Scorpius e que ele realmente estava ali.

Um eterno déjà-vuOnde histórias criam vida. Descubra agora