Albus estava dormindo e ele já notava um sol alto. Olhou seu relógio e reparou que estavam atrasados para o café.
— Albus acorde! Estamos atrasados! – Chamou o colega ao longe enquanto levantava da própria cama.
Pegou o livro que ainda tinha em mãos e abriu a contracapa. Tinha o nome de Rose nele. Não pode deixar de passar os dedos pela letra caprichada dela. Será que seu dia estava certo?
— Que dia é hoje? – perguntou ao amigo.
— Que dia é hoje pergunto eu. – disse Albus sonolento. – Nunca vi você acordar antes de mim, desde ontem acordando antes.
— Desde ontem?
Não podia ser, será? Será que havia reparado nos detalhes e em seu melhor dia tinha quebrado a maldição do tempo? Arrumou-se e se encaminhou para o café com o amigo sem questionar que dia era. Queria reparar nos detalhes.
Desta forma viu o Frei Gorducho andando no corredor. Logo pensou que não tinha se livrado de maldição nenhuma.
— Bom dia Frei. – disse Scorpius.
O fantasma da Lufa-Lufa o olhou e sorriu.
— Bom dia jovem Malfoy. Quer conversar hoje novamente?
Scorpius sorriu internamente.
— Talvez mais tarde. – se despediram e eles continuaram a ir para o café da manhã. Mal podia esperar para ver o que os elfos haviam preparado.
— Está cada dia mais estranho. – comentou Albus ao lado. – Ainda bem que hoje é sexta-feira. Fim de semana a vista.
— O que você disse? – perguntou ao amigo não acreditando. – Hoje é sexta-feira?
— É... Ou você queria viver quinta-feira novamente. Seu pior dia?
Não podia ser real. Podia? Desta forma apertou o passo para ver o café da manhã dos elfos. E ele não podia esperar algo melhor assim que entrou no grande salão e sentiu cheiro de ovos e bacon.
— Parece que passou uma eternidade sem que eu comesse isso. – confessou sentando-se a mesa pegando o máximo de comida diferente das de doces que conseguiu.
— Preferia a mesa de ontem de doces. – disse o amigo.
— Ah não preferiria não. Não se tivesse que passar pelo que passei.
Lily Luna Potter apareceu ao lado dos dois e já foi logo conversando com Scorpius.
— Ei Scorpius, os elfos fizeram festa com o dinheiro que me pediu para entregar a eles ontem. Alguns disseram que com o dinheiro que foi repartido já daria pra pensar em aposentadoria.
— Foi é? – disse sorrindo sabendo que seu dia finalmente não tinha se repetido. - Quer dizer que hoje não tem nenhum jogo para apostar?
— Vai demorar um pouco ainda para o próximo jogo. Mas te aviso.
Ela saiu de perto de ambos bem na hora que Rose apareceu. Scorpius parou de comer no mesmo instante que a amiga talvez namorada, pois ele queria que assim fosse, apareceu. Tinha as mesmas bochechas rosadas dos dias anteriores, seus cabelos esvoaçantes tão bonitos e sua boca. Sua boca desta vez estava brilhante, como se tivesse passado um batom incolor só para ressaltar a cor linda de seus lábios. E foi pensando em seus lábios que acabou se perdendo em pensamentos, pensamentos de dias anteriores de três primeiros beijos inesquecíveis.
— E então teremos um café da manhã descente hoje depois de todo aquele doce? – ela falou para si mesma sentando-se ao lado de Scorpius. – Fiquei sabendo que vários alunos estão na ala hospitalar por intoxicação alimentar.
— Nem me fale. Esperei um café da manhã descente por tanto tempo. – confessou a ela completamente hipnotizado.
Ela o olhou de lado e sorriu. Suas bochechas mais vermelhas. Seus olhos tímidos e perdidos em lembranças do dia anterior.
— Vamos à biblioteca hoje depois do jantar novamente? Estou quase terminando Peter Pan.
— Mal posso esperar. – ela sorriu desviando o olhar do dele com as bochechas cada vez mais vermelhas.
— Vocês dois estão estranhos... – comentou Albus olhando de um para outro.
— É só prestar atenção nos detalhes. – disse Scorpius ao amigo. No mesmo momento começou a procurar a mão da garota por debaixo da mesa e quando a encontrou a segurou fortemente, com Rose retribuindo o gesto.
— Que estranho. – disse ela de repente aos dois. – Eu já vivi isso.
Scorpius virou seu pescoço a encarando com medo.
— Como assim já viveu isso?
— Essa conversa que tivemos. Albus dizendo que estamos estranhos, você falando de detalhes e pegando minha... – ela não completou sua frase. – Sabe aquela sensação estranha de déjà-vu?
— Déjà-vu? Não! – ele negou abalado. – Seja o que for que acontecer Rose, lembre-se dos detalhes.
— O que está dizendo? É só uma sensação, acontece sempre. Vem do francês já visto.
— Eu sei como é essa sensação. – ele afirmou com a cabeça abalado. – De qualquer forma se precisar de mim é só me avisar que te ajudo a quebrar essa sensação.
— Tá bom. – ela respondeu estranhando sua fala. Suas mãos ainda entrelaçadas embaixo da mesa.
Continuaram comendo o café da manhã mais saboroso que poderiam ter. Scorpius estava renovado e nunca mais reclamaria do dia seguinte. Os dias seguintes eram o que faziam os anteriores terem sentido. Era necessário conhecer o hoje, esperar o amanhã, aprender com o passado. Viver em sua melhor forma cada detalhe que a vida lhe ofereça.
Dizem que os detalhes fazem toda diferença. É nos detalhes que nos apaixonamos e também deixamos de amar. É nos detalhes que conseguimos fazer do nosso dia melhor e quem sabe também fazer o dia do outro aceitável.
Scorpius estava satisfeito em ter aprendido algo importante. E guardaria o aprendizado para nunca mais ficar preso no tempo-espaço.
— Amanhã vamos para Hogsmeade – Rose falou timidamente.
— Podemos passar na Dedos de Mel primeiro, apesar dos doces de ontem, nada se compara com aqueles. – Scorpius disse animado.
A garota pareceu chateada por estar pensando em outros planos.
— E depois podemos pagar outro livro seu e ficar juntos onde você quiser. – Ele sorriu radiante.
— Ótima ideia.
Scorpius apesar de almejar pelo dia seguinte, iria aproveitar o presente da forma certa. Segurando as mãos de Rose, conversando com os amigos, ajudando quem precisasse, fazendo novos amigos. Se permitindo ser ele e se orgulhar disso. Afinal, nada era tão bom quanto ter um novo dia para aproveitar em seus detalhes.
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Um eterno déjà-vu
FanfictionScorpius Malfoy acorda atrasado no dia três de fevereiro de 2022, vê seu dia passar totalmente errado e cheio de frustrações, o que ele não esperava era que aquele dia ia se repetir, de novo, de novo e de novo. Agora ele tinha que descobrir como que...