Caverna

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Algumas semanas se passaram e ainda estávamos ali, nenhum navio passou, nem avião.

Henry havia proposto que fossemos para o outro lado da ilha há algum tempo atrás.
Mas não havíamos atentado para isso. Mas agora, levávamos a ideia a sério. Ele disse que talvez houvesse alguma chance de que nos vissem daquele lado... Era algo pra se
tentar, visto que até então não havíamos obtido sucesso algum do lado em que estávamos. Assim, nós nos dirigimos ao outro lado da ilha.
E lá montamos acampamento, e fizemos uma fogueira. Alice estava febril, e dormiu o restante do dia.

Passamos a noite me silêncio, observando as estrelas do céu e o horizonte.
Pela manhã, eu e Liza decidimos nos aventurar dentro da floresta, para tentar encontrar plantas medicinais para Alice. Então, caminhamos bastante, tínhamos percorrido um bom caminho mesmo.
Então, encontramos uma caverna.
Liza quis entrar na caverna, eu a segui... Foi lá dentro que nós vimos uma fogueira apagada, panelas com sopas e roupas de homem.
Eu e Liza nos entreolhamos, assustadas.
— Tem mais alguém aqui — Disse Liza.
— Não posso acreditar — Eu respondi.
Então, nos detivemos ali, analisando as probabilidades. Foi sem dúvidas um soco na barriga. E eis que alguém ri as nossas costas. Nos viramos... Ali, de pé na entrada da caverna, estava Jason.
— Jason?! — Eu gritei, e corri para os seus braços.
Ele me recebeu, sorridente.
— Enfim me encontraram... — Disse ele.
— Eu achei que você estivesse morto — Eu dizia, então Liza  me interrompeu bruscamente, dizendo:
— Como assim "me encontaram"?
Aparentemente, ela havia captado algo no ar que eu não percebera.
Jason riu.
— Exato... Me encontraram.
— Como assim, Jason? — Perguntei.
E ele riu outra vez.
— Me digam, como estão os outros?
— Os outros? Eles estão bem... Hm...
__Vocês não estão mais naquele lado da ilha, estão?

— Como você sabe disso? — Disse Liza .
— Eu estive vigiando vocês.
— Esteve nos vigiando? — Eu disse. — Jason, por que não falou conosco?
Então, ele me olhou pela primeira vez, com aquele sorriso no rosto. Pegou meu antebraço, apertando-o com força, e disse:
— O que você acha?
Liza gritou:
— Pare com isso!
Eu consegui me soltar, e me afastei dele. Então, eu entendi que havia algo obscuro no ar.
— Afaste-se dele Mary, venha pra cá!
Eu fiz isso, me aproximando de Liza.
— Jason — Eu disse. — O que está havendo?

Ele riu.

— Eu sou antropólogo, você sabia? Por muito tempo estudei os povos da terra...
Aprendi que os seres humanos se desenvolvem bem, independente do lugar. No entanto, sempre me questionei... Como seria isso na prática? Pois bem, eu imaginei
que poderia averiguar com alguns estudantes.
— Do que você está falando, Jason? — A enfermeira gritou, puxando sua faca de pedra.
Jason deu alguns passos afrente, e puxou uma espécie de tacape da cintura.
— Tudo que eu tive de fazer foi por uma bomba no navio e iniciar o incêndio. Depois, desgovernei ele, fazendo com que batesse na pedra. Claro, tive que apagar o capitão
também... Ele estava na cabine naquele momento. Fiz tudo isso enquanto você dormia, Mary e sim, vocês são meus ratos de laboratorio!

 Eu não podia acreditar. Então... então havia sido ele?

— Maldito! — Liza correu em sua direção, o atacando.
Jason evitou seu golpe, e a golpeou no rosto.
— Pois bem, eu imaginei que isso pudesse acontecer. Acho que o experimento chegou ao fim — Jason a agarrou pelo braço, e deu uma joelhada em seu estômago.

Eu gritei e corri contra ele, mas Liza disse para que eu me afastasse.
Então, ela acertou um chute no saco dele, e berrou:
— Fuja Mary! Avise os outros!
Ela o agarrou, subindo em suas costas. A princípio eu me detive, mas quando ela voltou a gritar, eu aceitei.
Então corri. Jason gritou para que eu parasse, mas não dei ouvidos. Assim que deixei a caverna e entrei na floresta outra vez, ouvi o grito de Liza ... Talvez tivesse acontecido o pior.

Enquanto corria em direção a praia, ouvi Jason me gritando.
— Não corra Mary! Não quer terminar aquela noite, francesinha?

Eu havia contado para ele que na faculdade me chamavam assim, "francesinha", por causa de minha descendência francesa. Meu nome é Mary Stephanie; um nome em
parte francês. Eu havia contado outras coisas para Jason também, naquela noite...

Porque eu estava perdidamente apaixonada. Agora, lágrimas escorriam meu rosto, em desespero. Ele era mais rápido do que eu, poderia  me alcançar...

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