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Melissa POV

GP da Bélgica, Circuito de Spa-Francorchamps - 31 de Agosto

Após a noite em que Anthoine passou comigo, resolvemos que todo aquele sentimento era apenas de amizade, nos amávamos, sim, mas como amigos, Julie e Anthoine até reataram um mês depois, ela também já estava sabendo do nosso envolvimento e aceitou tranquila, afinal, eles haviam terminado. 

Estava assistindo a corrida da Fórmula 2 como sempre fazia antigamente, torcendo e gritando por Anthoine até que bem em minha frente o acidente acontece, vi claramente o momento em que o carro de Anthoine atingiu o carro de Giuliano Alesi, que havia batido na curva Eau Rouge, então se chocou contra a proteção de pneus e, na volta à pista, foi acertado em cheio por Juan Manuel Correa. Nesse momento eu vi minha vida se despedaçando, eu não queria acreditar, todos estavam torcendo para que ele ficasse bem, enquanto eu só assistia tudo paralisada. Saí correndo quando vi a ambulância indo em direção ao centro médico do circuito, encontrei alguns pilotos pelo caminho, mas ninguém me parou, eu precisava saber se ele estava bem.

- Me diz que ele está bem, por favor - Implorei para Pierre assim que alcancei o centro médico e vi seus pais chorando abraçados a mãe de Anthoine

- Ele se foi, Mel - Pierre falou e naquela hora meu mundo ficou instável

Comecei a hiperventilar e tremer, não sabia o que estava acontecendo, só repassava em minha mente o momento exato do acidente e as palavras de Pierre "Ele se foi, Mel", aquilo martelava na minha cabeça sem parar, o filme ia e voltava, não sei em que momento me colocaram sentada ou quando abriram minha jaqueta, ou quando me sacudiram, ou quando desmaiei bem ali.

Abri meus olhos dando de cara com Pierre Gasly sentado em uma poltrona ao lado da cama onde eu estava.

- Como você está? - Pierre perguntou com os olhos vermelhos e só dei de ombros o abraçando e chorando desesperadamente

Fomos interrompidos pelo médico do circuito, o mesmo falou que foi uma queda de pressão, mas que havia tirado sangue e enviado ao laboratório e que me mandaria por email o resultado, assenti com a cabeça e sai do centro médico acompanhada por Pierre. Cheguei no box da Mercedes e o clima não estava bom, segui até onde Toto estava e pedi liberação da corrida do dia seguinte, o mesmo concordou e segui com Pierre para o hotel onde eu estava.

GP da Itália, Autódromo Nacional de Monza - 08 de Setembro

Os dias que seguiram após a morte de Anthoine foram agonizantes, todo dia eu tinha um ataque de pânico e uma crise emocional ao lembrar do acidente, eram dias tristes, sozinhos. Conversava com meu pai e com Pierre, fora isso era tudo tão vazio, não participei das gravações da série da Netflix, feitas um dia depois da morte de Anthoine, pois eu simplesmente não conseguiria falar dele, não agora pelo menos, também não participei da homenagem feita pelos pilotos da Fórmula 1, somente mandei um pedido de desculpas para sua mãe.

Hoje era a corrida na Itália e nem o clima alegre dos italianos me deixou melhor, somente auxiliei Bottas nos treinos e iria auxiliar na corrida. Desde a partida a corrida foi entre Charles e Lewis, Bottas vinha logo atrás e assim foi até o fim, acabando com o jejum da Scuderia Italiana que desde 2010 não vencia em Monza. Saí do meu posto no Pit Wall e fui até o Paddock dar uma volta, enquanto passeava distraída recebi uma notificação em meu celular, era o email com o resultado dos exames feitos no dia em que Anthoine morreu, comecei a ler e nada estava diferente até que cheguei em um exame que prendeu minha atenção Beta HCG quantitativo, eu não era burra, sabia o que aquilo significava e ao ver o positivo em destaque no papel comecei a pensar e a única chance era da noite em que Anthoine foi até meu quarto no hotel, eu estava grávida do meu melhor amigo, aquele que eu enterraria daqui a dois dias. Os tremores começaram junto da vontade de chorar, a sufocação veio logo depois, o ar me faltava, as lágrimas caiam, o acidente passava pela minha mente a todo instante junto da palavra positivo.

- Melissa - escutei alguém me chamando e logo duas orbes azuis entraram em meu campo de visão - certo, eu preciso que você me acompanhe, ok? - perguntou e começou a fazer um exercício de respiração - você está indo bem, inspira, segura, solta pela boca lentamente - ficava repetindo até eu me acalmar totalmente - está tudo bem? - perguntou preocupado

- Não sei, eu só preciso raciocinar um pouco, me sinto perdida ainda e toda vez que vejo carros de Fórmula 1 lembro do acidente - comentei dando de ombros - Obrigada pelo que fez Max, você me ajudou muito - o abracei e o mesmo me apertou em seu abraço, como se quisesse tirar tudo o que me preocupava e certamente era naquele abraço que eu queria morar por um tempo.


Rise Up❣ Max VerstappenOnde histórias criam vida. Descubra agora