Capítulo 6

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"Ficar com Thomas me proporcionava a melhor sensação do mundo. Mesmo que em silêncio. O som de sua respiração era mais calmante que qualquer música que eu já tivesse ouvido. Estávamos em um dos esconderijos reais, as duas da manhã e nossos encontros eram sempre assim. Engraçado como o destino cooperava para que tudo desse certo e pudéssemos nos ver sempre. Pelo menos 4 vezes na semana. Eu havia preparado um ambiente acolhedor e quentinho para nós, com cobertores e lanchinhos. E, sinceramente, nenhum salão de jantar real podia superar aquilo.

Eu já havia perdido a conta de quanto tempo estávamos juntos, mas já havíamos passado por bastante coisa. Eu tinha acabado de fazer 17 anos, e ele 19. Tudo estava correndo perfeitamente bem... até, justamente, aquele encontro. Conversávamos, dávamos boas risadas... me lembro de deitar a cabeça em seu peito, para sentir o calor de seu corpo.

— E o que achou do jantar de hoje? — Ele perguntou, passando os dedos pelo meu cabelo.

— Estava incrível! Seu pai tem se superado esses dias!

Thomas deu uma risadinha.

— Não é meu pai que tem cozinhado. Sou eu... nas últimas semanas ele tem só me orientado. — Gostei do tom de triunfo em sua voz.

— Mesmo? Minha nossa! O aluno superou o mestre, porque o que era aquele assado? Eu nunca comi nada como aquilo. Derretia na boca. Minha mãe repetiu a refeição, acredita? Ela nunca faz isso. Parecia... um pedaço de nuvem, de tão macio e perfeito.

— Você já comeu uma nuvem?

— Não, mas quando estou com você sinto que posso alcançar o céu...

Me afastei somente para roubar um beijo dele. E que beijos aquele menino tinha! Realmente, eram capazes de me fazer chegar ao céu!

— Meu pai disse que melhorei muito. — Ele falou depois de um tempo. — Estou mais perto do que nunca realizar meu sonho de ser chef... sair daqui e abrir meu próprio restaurante.

— Sair daqui? — Me afastei dele. Sentei de uma forma que podia ver bem seu rosto.

— É. Você sabe que eu quero sair daqui...

— Mas e nós? — O interrompi.

— Você não pode... vir comigo?

— Não! Nunca vou poder sair daqui, Thomas.

Naquele momento, a ficha pareceu cair para ele.

— Esqueci que você era... Você. É que quando estamos assim, você é só a Maine. Não a princesa de Orlean.

Ficamos um tempo em silêncio. Sim, eu era princesa e nada mudaria isso.

— Você pensa mesmo em ir embora?

Situações assim aconteciam as vezes. Eu as evitava, mas...

— Todos os dias. Maine... — Ele me olhou profundamente. — O que estamos fazendo?

— Como assim?

— Não vamos poder levar isso a diante, não é? — Não respondi, mas ele insistiu. — Não é?

— Eu não sei.

— Vou repetir a pergunta: o que estamos fazendo? Isso não vai dar em lugar em nenhum. Eu amo estar com você, mas... vai ser assim para sempre? — Ele apontou para o pequeno salão a nossa volta. — Eu nunca vou poder contar para os meus pais sobre você? Eu nunca vou poder te levar para o altar? Nossa vida será isso?

— E o que posso fazer? Não posso mudar minha vida. Mas vamos dar um jeito... Eu não sei. Vou falar com meus pais...

— Pelos céus, não. Não posso prejudicar minha família. Tenho 3 irmãos menores, não posso prejudicar a vida deles.

A princesaOnde histórias criam vida. Descubra agora