Capítulo 5

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"Entrei na biblioteca silenciosamente.

Meus pais estavam na piscina com Joshua; consegui escapar deles e fui até a biblioteca. Entre as estantes comecei a procurar Thomas e o encontrei perto da janela, observando o jardim. Dali podíamos ver uma parte dos prédios da cidade. Me aproximei depressa. Ele parecia nervoso. Já fazia um tempo que ele estava assim. Talvez houvesse algum problema em sua família... fosse o que fosse, eu o ajudaria de qualquer forma.

— Thomas? Algum problema? — Olhei para ele, me certificando de ele realmente estava bem.

— Tudo. Tudo sim. Eu queria falar com você. Mas pensando melhor, eu não devia falar nada. — Ele passou a mão pelos cabelos. — Foi tolice chamá -la. Desculpa.

— Não. Pode me falar. O que quer seja.

— Não posso. Realmente não posso. — Ele riu. Estava vestido como um garoto normal. Camiseta azul, calça jeans preta, tênis cinza... muito diferente do uniforme de cozinheiro real que eu estava acostumada.

— Thomas...

— É só umas coisas que eu estava pensando. Não é nada. — Disse, me olhando profundamente. — Não é nada.

— Fale! Vou ter que usar minha autoridade de princesa para fazê-lo falar?

Thomas riu. E daí ficou sério.

— Você já se apaixonou? — Perguntou. Não entendi nada, mas era uma pergunta interessante. Nunca tinha me apaixonado. Não antes de conhecer o Thomas. Já li em livros tudo o que estava sentindo agora. Então, diante disso, só acenei com a cabeça confirmando. — Eu também.

— Por quem? — A pergunta foi no automático. Meu receio era que ele houvesse me chamado para dizer que estava apaixonado por outra garota.

— Não é óbvio?

— Não! Você é meio que um livro fechado quando o quesito é sentimentos...

— É, eu sei. Eu me apaixonei por alguém incrível e inteligente, e esperta... por uma princesa. — Ele olhou para janela outra vez. — Decidi falar com ela porque... só queria que ela soubesse. Eu sei lá... É mais difícil do que eu pensava. Sempre achei que ela era mimada e chata. Não esperava que fosse doce e carinhosa. Céus, como ela é maravilhosa. Sei que há um abismo entre nós... Mas eu gosto tanto dela. Tanto. Quando estamos juntos não tem abismo ou coroa, só tem ela e vários sonhos. Não sei explicar... É estranho gostar de alguém, sabe?

— Sei. Sei sim.

— Maine. Eu...

— Sim, eu sei.

Dei um passo a frente e o puxei para perto de mim. Nossos lábios logo se tocaram e eu pude finalmente me entregar a todo aquele sentimento. Meu primeiro beijo. Meu primeiro beijo com o Thomas. Meu primeiro amor. A primeira vez que senti aconchego em algum lugar no Palácio...

Nosso relacionamento foi evoluindo aos poucos. Encontros escondidos, vários bilhetes, muitos beijos rápidos só para matar a saudade e muitos sonhos em mente. Os meses se passaram e tudo foi ficando melhor. Minha mãe dizia que o amor dava cor a vida, e ela estava certa! Eu finalmente estava alegre de verdade. Estava satisfeita. Claro, a situação era complicada e ninguém podia descobrir. Evitávamos falar do futuro, porque quando conversávamos sempre acabávamos desanimados.

Mas eu não conseguia evitar. Pensar no futuro com Thomas era inevitável. Mas eu realmente não pensava por todos os ângulos. Apesar de estarmos apaixonados, precisaríamos de algo além do amor para resolver a situação. Eu continuava sendo princesa de Orlean e ele continuava sendo somente um cozinheiro. Meus pais nunca me deixariam ficar com ele. E, pensando no assunto, eu não sabia o que poderia acontecer se fôssemos descobertos. E como as coisas pareciam ficar mais sérias entre nós, decidi investigar.

A princesaOnde histórias criam vida. Descubra agora