𝟽 𝙳𝚁𝙴𝙰𝙼 - 𝙼𝚊𝚛𝚔𝚑𝚢𝚞𝚌𝚔

Prólogo - Cassiopeia

Donghyuck havia partido muito cedo. Não entendia de muitas coisas, como por exemplo os modos que deveria se ter à mesa, a matemática básica, e até mesmo o nome de alguns animais. Mas felizmente já entendia o que era o amor. Aquele tipo de coisa Taeil lembrava-se de não ter o ensinado.

O Moon costuma dizer que, antes de tê-los conhecido, o maior amor do pequeno garotinho era a magia que carregava uma noite estrelada. Donghyuck era admirador do céu tingido de azul petróleo, da constelação de Cassiopeia, e até mesmo do barulho das corujas que tanto assustavam os cidadãos da estranha cidade com fama de assombrada.

Na noite em que conheceu aquele que tocara a melodia mais bonita que já havia ouvido, o céu estava banhado de pontos luminosos. Taeil havia prometido ao mais novo que olhariam as estrelas pela última vez antes de partir para a próxima cidade, sem imaginar que depois de tê-lo visto Donghyuck imploraria para que ficassem por mais um dia. Nunca fora o plano de Taeil continuar em sua cidade natal, sabia que era arriscado demais, mas acabou cedendo aos pedidos do menino, pois seu único objetivo enquanto uma alma perdida, era ajudar aquela pequena criança que nem se quer havia conhecido os prazeres da vida. O maior desejo de Taeil é que Donghyuck conseguisse reencarnar o mais rápido possível.

Taeil lembrava-se bem de que ele e Donghyuck caminhavam despreocupados pelos parapeitos dos telhados das casas naquela noite. Era algo que costumavam fazer sempre, pois tirava alguns sorrisos do garotinho. 

O Moon não fazia ideia de que ainda não havia presenciado a real manifestação da felicidade no pequeno Lee, pois esta só se manifestaria naquele dia, justamente porque haviam escolhido o telhado avermelhado da casa de Mark Lee — o garotinho canadense fã de rock-and-roll e metido a guitarrista —, para se deitarem.

— Hyung...você acha mesmo que na próxima cidade acharemos a mamãe? — Donghyuck perguntara de repente, deixando o outro preocupado. Taeil poderia estar tentando muito, mas não poderia dar aquele tipo de certeza ao mais novo. É bem verdade que não tinha qualquer ideia de onde a mulher poderia estar, além de que Donghyuck não era lá muito bom em descrever pessoas. “ Ela se parece com uma princesa”, ele dizia.

Ele ao menos esperava que Donghyuck estivesse certo sobre sua hipótese de que não havia partido pois não havia conseguido ver a mais velha.

— Vamos tentar, tá bom? A próxima cidade é muito mais legal do que essa... Vamos poder voltar a caminhar de dia. — Taeil acariciara os cabelos do pequeno garoto, fazendo de tudo para acalma-lo. Donghyuck era o maior presente de piedade que Deus haveria de dar para si, quando ele próprio havia cometido o pior dos crimes. Era uma pena que aquele presente haveria de ser temporário. Taeil havia sido egoísta uma vez, ele jamais repetiria o mesmo erro, mesmo que agora não se passasse de uma alma penada.

— Eu gosto desta daqui... As estrelas daqui são mais bonitas dos que a da cidade passada... — murmurou o mais novo, iluminando pela luz do satélite que carregava o nome de seu melhor amigo — Achei a de peixes!! — o garoto apontou entusiasmado, fazendo com que o mais velho sorrisse. Donghyuck era uma criança adorável, como alguém haveria de tê-lo feito tão mal?

— Vamos ver em quanto tempo você acha a Cassi... — Taeil provocou, fazendo com que o mais novo fizesse beicinho. Haviam apelidado a constelação daquela forma pois “cassiopeia” ainda fazia com que Donghyuck enrolasse sua língua.

— Aaaah não vale!! Você tem que me contar hyung! Não pode ficar com a Cassi só pra você!! — Donghyuck fez birra enquanto chacoalhava o corpo do mais velho. Para ele Taeil estava sendo um tremendo de um egoísta, e ele já havia aprendido que ser egoísta não era coisas de meninos bonzinhos.

— Mas se eu achar pra você não vai ter graça, tem que encontrar sozinho! — Taeil o provocou, mas Donghyuck não gostara nem um pouco da brincadeira. O cruzar de seus pequenos bracinhos indicavam o quanto ele estava bravo. — Hyuck...hyuck...