Asahi Azumane

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Estava destroçado.

Mas sabia que aquilo era o melhor a ter feito e a ter acontecido.

Quem em sã consciência aguentava seu lado anti social e que muitas vezes incomodava os outros com seus súbitos silêncios e palavras que ficava por dizer?

- Você acha que o Tanaka está com raiva de mim?

Haviam chegado cedo e se encontraram por acaso, e vendo que o maior não fazia nada, Noya o obrigou a escutar suas lamúrias.

O que diria? Ele próprio havia sido rejeitado no dia anterior. Faria como Noya e se abriria? Talvez compartilhar as dores de cotovelo que tinha aliviasse, mesmo que pouco, a rejeição predestinada que sofrera.

- Foi mais fácil perceber que estavam separados do que juntos.

- Acho que ninguém teria notado, já que sempre estamos juntos. O único que sabia de nós dois era o Suga. Desconfio que o Tsukishima também tenha notado, mas não tenho certeza.

O nome que Asahi não queria tocar, foi mencionado sem que antes se desse conta.

- Sugawara não tem problema com essas coisas...? Sabe, o fato de serem dois homens?

- O que? Não mesmo! Ele não diz, mas não esconde de ninguém a própria sexualidade.

A última coisa que ele chamava de esperança de que talvez um dia viesse a ficar junto de Sugawara, foi quebrada de uma única vez.

Achava que... não, queria acreditar que tinha sido rejeitado pelo outro ser hétero e ainda estava afim da garota da sala deles.

Mas, seria possível seus pensamentos estarem certos?

não podia esconder a surpresa.

Na verdade, se Suga e Daichi assumissem algo não seria tão estranho. Porque pensei isso?

Torcia pela felicidade da pessoa que ainda ama, não era porque foi rejeitado que rejeitaria o amor que sentia.

Esperaria que esse amor sumisse um dia, gradativamente e que quando chegasse a hora, a veria apenas como uma lembrança do passado.

- De qualquer jeito, irei continuar agindo normalmente. Se eu ficar me esquivando, ele vai acabar fazendo o mesmo e pode ser que prejudique nossa amizade.

Yu não percebeu, mas aquelas palavras não valiam apenas para si, mas como também para o Azumane.

Como poderiam estar em momentos tão parecidos da vida? Se fosse ter que conversar com alguém, seria, pela lógica de ambos terem sido rejeitados, com Tanaka. Mas estava ali, com outro causador de corações partidos.

- Se Tanaka quem tivesse se confessado... E você, e você gostasse de outra pessoa, o que teria feito?

- Hum... - colocou a mão no queixo pensativo. - Eu seria direto e diria que já tenho algum que goste. Mas eu aposto que não é de mim que você quer descobrir o motivo que leva uma pessoa a rejeitar outra.

Como aquele baixinho poderia ser tão astuto? Sequer havia mencionado qualquer outro nome que não fosse Tanaka.

Sabia que não tinha feito outras expressões como estar confuso ou envergonhado. Então como ele havia identificado o significado por trás de sua pergunta tão rápido?

- Quem é que te rejeitou?

- Como pode saber que eu fui rejeitado? Eu poderia estar falando de outra pessoa que conheço.

- Conta outra, Azumane! Você não conversa com quase ninguém do clube e pelo que Sawamura já havia dito, você também não conversa com quase ninguém da sua sala. Então é meio impossível alguém ter te contado algo assim tão... Revelador.

Teria Yu Nishinoya olhos por todas as partes? Para função de líbero teria que ter o tipo de dom, mas não sabia da sua sabedoria sobre as deduções da sua vida pessoal.

Não que escondesse o fato de viver de cara fechada para os outros.

Apesar de seu rosto passar medo aos outros, é tímido e tem um sorriso fácil. Mesmo que não conversasse muito, é transparente o suficiente para demonstrar suas emoções.

Só não ganha do Hinata porque aquele ali é mestre em demonstrar suas emoções. Além de falar tudo na lata sem nem se dar conta. - o líbero pensou e se permitiu dar um sorriso discreto com o pensamento

- Então me diz... Quem é ele?

- Porque você acha que é ele?

- Para de responder às minhas perguntas com outras, Asahi. - bateu no braço do maior - Quem é?

- Foi com o... Sugawara.

Não conseguiu esconder o rosto e surpresa.

Nos últimos dias Suga estava praticamente andando de quatro para impressionar uma garota do terceiro ano.

O que fez seu amigo de rabo de cavalos achar que teria uma chance? Era uma causa perdida desde o início. E sabia que, se não era o de aparência albina quem se declarava, ele não aceitava as confissões, a não ser que gostasse da pessoa também.

- Oh, vocês chegaram cedo. - cumprimentou Daichi ao se aproximar dos amigos, junto com Sugawara

- Bom dia. - cumprimentou alegremente

- Bom dia, Suga.

- Bom dia.

- Vocês viram se algum dos nossos primeiranistas chegaram?

- Se está se referindo aqueles quatro, eu só vi Yamaguchi. - Asahi disse.

- Acho que a sala dele é a 1-C. - completou Daichi em um tom pensativo

- O que querem com eles a esta hora?

Não poderiam dizer.

Os dois amigos a suas frentes não faziam ideia do que aconteciam bem debaixo dos próprios narizes, e era melhor que continuasse assim.

- Ah, nada. É só uns sinais de mãos que eu inventei e queria passar para eles, principalmente Kageyama e Hin-

- BOM DIA, SENPAIS! - escutaram o grito animado do ruivo que ainda trocava as sapatilhas.

- Alguém está animado hoje.

Claro que estava, havia lido as mensagens do dia anterior sobre o caso de Tadashi esta manhã, estava feliz como as coisas estavam se encaixando e dando certo até agora.

- Claro que sim! As coisas com o Yama..guchi... Nada!

O que ele iria dizer? - se perguntou o atual protagonista deste capítulo.

Ele parou de falar assim que os viu, e não era para menos que duvidasse do comportamento energético do ruivo novato.

Mas as habilidades sociais precárias de Azumane, o proibiam de achar palavras corretas que demonstrassem sua curiosidade.

- Eu mandei me esperar, Hinata Boke! - bateu na cabeça do menor.

Algo havia acontecido entre os dois novatos mas ninguém quis falar nada sobre aquela mudança boa de comportamento.

Kageyama apenas cumprimentou os senpais com um aceno e arrastou Hinata para a sala de aula.

- Só eu que notei um clima entre eles desde ontem? - Sugawara que perguntou primeiro, ainda olhando o corredor que suas crianças haviam ido.

- Alguma coisa está rolando e eles não querem contar... Safadinhos. - Noya brincou e arrancou risadas dos outros. Azumane apenas se limitou a curvar sua boca em um sorriso.

Estava feliz pelo clima entre si e Sugawara continuar o mesmo. Não ficaria com preocupações bobas e seguiria frente com seu amor pelos de cabelos cinza.

Mesmo que não soubesse, que em um futuro nem tão distante, a pessoa que o amaria e que ele amaria verdadeiramente, iria aparecer em um momento qualquer e encheria sua vida com novas cores e descobertas que nunca havia experimentado.

Quem fez KarasunoOnde histórias criam vida. Descubra agora