capítulo 1

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Konstantin entrou na pequena e extravagante casa ouvindo sons que no primeiro instante o assustaram, entretanto logo percebeu a natureza do barulho. Uma jarra caída ao lado de uma mancha de vinho, meias, anáguas e dois espartilhos no chão delatavam o crime.
Conhecia os cômodos como os de sua própria casa. Seguiu para o quarto principal, os gemidos intensificavam-se conforme se aproximava. Sem cerimônia abriu a porta, não havia tempo para perder.
- Não era para estar em uma missão, Nadia? – Não ficou verdadeiramente surpreso ao flagrá-la na cama de Oksana, era uma cena comum no Castelo Doze por muitos anos.
- Acabou mais cedo do que o esperado. – Ela sorriu, olhando para a outra mulher na cama, indicando um pequeno segredo talvez. – Achei apropriado fazer uma breve visita. – Respondeu puxando os lençóis para si.
- Posso saber o que faz invadindo a minha casa? – Oksana divertia-se provocando o tutor.
- Não finja que não sabia da minha chegada. – Olhou com seriedade para sua protegida e então dirigiu-se para a acompanhante. – Nadia, por favor, vista-se e saia.
Sem um beijo ou qualquer forma de despedida afetuosa, ela vestiu o chemise e foi para a sala em busca do resto de sua vestimenta. Konstantin as treinou e orientou por muitos anos, mas nunca entendera bem a relação entre as duas garotas.
- O que tenho de fazer agora? – Disse Oksana, prendendo os longos cabelos loiros de qualquer jeito.
Somente após o som da porta externa fechando-se, revelando a partida de Nadia, ele voltou a falar.
- Matar alguém em Cygnus.
- Puta merda, não tem ninguém mais próximo para fazer isso? – Recolheu seu chemise do chão enquanto segurava os lençóis para cobrir suas vergonhas.
- Não tem ninguém que fará melhor do que você. – No instante em que viu o olhar satisfeito que provocara em Oksana percebeu que não era prudente inflar seu ego tanto assim. – Bem, você já teve um resultado satisfatório em uma situação semelhante.
- Vire-se para lá, seu pervertido, quero me vestir. – Brincou, jogando-lhe uma almofada.
- Fala como se eu não tivesse trocado suas fraldas. – Retrucou, virando-se de costas.
- Eu não era tão nova assim quando me encontrou. – Ela levantou-se, terminando de vestir sua roupa de baixo.
- Bem, eu limpei algumas vezes essa sua bunda suja.
- Hein, não fale assim dela. – Fingiu-se ofendida. – Para o seu conhecimento, ela é muito requisitada atualmente.
Konstantin arfou e balançou a cabeça como se o movimento fosse capaz de tirar a imagem de sua cabeça. Ao virar-se novamente, a viu sentada na penteadeira terminado uma tiara de tranças, o que o deixou nostálgico: ela sempre usava os cabelos dessa forma nos treinos quando tinha 12 anos.
- Só se vista logo, a carruagem está esperando.
- Aperte para mim. – Virou-se de costas para ele entregando as fitas do espartilho. – De quem se trata a missão?
- O rei.
- Porra. Matar um rei? – Ela virou-se com empolgação.
- Fique parada, estou tentando amarrar.
- Estão depositando tanta confiança em mim assim? – Seu semblante demonstrava toda a superioridade que pensava possuir.
- É um rei consorte, nem isso ainda na verdade. O rei Isaac está entre a vida e a morte, seu alvo é Niko, noivo da princesa Eve, próxima na linha de sucessão. – Falava enquanto lhe alcançava o petit panier e a anágua. – Se for rápida o suficiente talvez consiga matá-lo antes que faça parte da família real verdadeiramente.
- Oh não, isso não parece tão divertido. – Konstantin segurava o vestido para que ela colocasse os braços, Oksana abotoava o corpete olhando para o quarto sabendo que não retornaria tão cedo. – Devo levar alguma coisa?
- Tudo o que precisar será providenciado. – A conduziu para fora da casa enquanto ainda ajeitava o fichu sobre os ombros.
Ele colocou a mão para proteger a cabeça dela enquanto entrava na carruagem, sempre foi afeito dos cuidados paternais, mas se irritava quando eram notados por ela.
- Para todos os efeitos, Eve já é a rainha e ela será a sua via, é arriscado ir diretamente para Niko, podem suspeitar que você é uma amante e te expulsarem da corte. Lembre-se, ela é a soberana, não ele. – Konstantin explicou, sem tirar os olhos dos de sua aprendiz, sempre se importou com a segurança dela e dessa vez era imprescindível que entendesse e seguisse seus comandos precisamente, mesmo que isso nunca tenha sido do feitio de Oksana.
- E terão belas mulheres ou rapazes para mim na corte? – Disse ajeitando as ligas das meias, deixá-las amostra na presença de um homem era escandaloso, mas ela não se importava.
- Não cause confusão no castelo, resolva-se em algum bordel. – Konstantin colocou as mãos na cabeça, já calculando tudo o que ela poderia fazer de errado, não seria nem de longe a primeira vez.
- Sou bonita demais para pagar por favores sexuais, não acha? – Sorriu emulando uma expressão doce.
- Só pelo amor de deus não transe com o rei.
- E com a rainha? – Provocou-o.
- Oksana, por favor. – Suspirou olhando para cima, de certa forma buscando ajuda divina, precisaria.
Ela revirou os olhos.
- Já temos um plano então, senhor?
- A tropa da rainha a recrutará em alguns dias, é por lá sua ascensão até a corte.
-  E é permitido mulheres no exército?
- Essa tropa é exclusivamente feminina. Algum tipo de tradição, esses reinos ao oeste têm hábitos estranhos. Bem, uma rainha sem marido ainda.
- Hmm, que interessante... Acho que gostarei de lá.
Nos minutos restantes até o porto Oksana fantasiou sobre como seria morar em um lugar assim, tão...cheio de poder feminino, ela não sabia nem descrever.
Ao chegar no cais, perguntou a Konstantin quanto tempo levaria, já sentindo uma pontinha de saudade.
- Somente o tempo necessário, retornará assim que o alvo for eliminado.
Nesse momento ela decidiu que o faria o mais breve possível.
- E quem eu devo ser nessas terras estrangeiras?
- Virgínea Lancaster. Recentemente órfã pelas invasões do império e quer vingar os pais, possui algumas propriedades, mas nada de destaque. Receberá mais informações nos escritos que deixei em suas bagagens que já então a bordo.
- Virgínea?
- Algo de errado?
- Nada, só achei sem sonoridade. Meu nome será... – Oksana morde o lábio pensativa, olha ao redor em busca de inspiração. – Villanelle. Perfeito. Meu nome será Villanelle.

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