4. Caju e o caminho até lá

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Uns poucos minutos depois de termos almoçado e comido do doce de cajú meu pai chegou. Foi um grande festejo, piadas e gritaria faziam trilha sonora para o nosso reencontro de umas duas semanas que ficamos distantes por um chamado que ele havia recebido de uma fábrica na região. Depois de muitos abraços e cheiro nos cabelos ele se sentou, bem longe da bagunça, para comer junto com minha mãe que o esperava para começar sua refeição.

- O que será que tem na casa da vovó? Será se são bichos novos? - a pequena Lia perguntou agitada.

E Joana logo se adiantou para respondê-la.

- Ah, eu acho que não... isso tem cheiro de aventura. Quem sabe uma trilha naquelas velhas matas, a vovó nunca deixou de gostar da natureza e das florzinhas que nascem atrás do rio.

***

-Segura o óculos, menina! - Jonas gritou pra mim enquanto se equilibrava em um canto na parte da frente da carroceria da caminhonete.

Para que as crianças menores pudessem ir junto com as mães sentadas nos carros enquanto os homens dirigiam na estrada de terra esburacada por conta das chuvas viemos do lado de fora da carroceria. Agarrada na cabine Joana só tinha gargalhadas e gritos, enquanto ela se divertia Jonas cuidava para que ela não acabasse caindo dali e acabou se despreocupando e voltado a se comportar como há alguns anos atras. Mas sem se esquecer de conferir se estávamos bem de tempos em tempos.

Já Natan e Bia pouco se importavam com todo aquele sacolejo, Natanael ia quase que sentado na quina da carroceria, Bia já tinha um pouco menos de equilíbrio, ainda assim mais que eu, que mesmo me segurando sempre ensaiava algumas quedas. Ela conversava movimentando as mãos se soltando das cordas que amarravam algumas redes, melancia e mais coisas que os adultos acharam necessário e amorteceriam a queda de quem não conseguisse se segurar.

-As coisas estão muito mudadas por lá, Agar, nem sei se você reconhece. Natanael e os meninos arrumaram a cerca e papai pagou uns moços para pintar a casa. Imagina só, a roseira que a vó plantou deve tá cheia de flor, a casa azulzinha e o rio cheio nos fundos.

Enquanto Bia falava Natan se esforçava para ouvir e concordava.

-Bom mesmo é que no por do sol tudo parece com o mangue, me lembra da terrinha que o vô tanto contava. Me lembra da lembrança dele, né...

Enquanto eles falavam a saudade que eu nem sabia que tinha começava a aparecer e aumentar. Mas ainda assim a história que Rebeca comentou ainda me deixava curiosa, mas estando a caminho o melhor era ter paciência e aproveitar o momento.

-Mas e o cajueiro? Será se esse ano vai ter castanha assada?

-Pode ter certeza, o doce de caju veio de lá - Natan falou quase gritando e nós rimos, só ele não ouvia bem com a ventania.

O Mundo Escondido na Casa da VovóOnde histórias criam vida. Descubra agora