Capítulo 1 - Photograph

742 51 11
                                    

Park Jimin


Minha cabeça latejava

Sendo mais específico, parecia que havia uma britadeira tentando perfurar o meu crânio. Meu corpo estava tão mole quanto gelatina, eu mal conseguia me movimentar sem sentir meus músculos protestando e uma pontada de dor nas costas. A boca estava seca, eu sentia uma sede descomunal. Aquela parecia uma ressaca épica, e o engraçado é que eu nem me lembrava de ter bebido na noite anterior.

Mas eu poderia apostar que tinha dedo do Hope nessa história, ele provavelmente deve ter comprado aquele vinho tinto que eu amo, ele bebeu uma taça e eu pelo menos três ou a garrafa inteira e aí... Suspirei sentindo um arrepio gostoso na pele apenas em pensar no que veio depois. Não existia nada nesse mundo melhor do que ser casado com Jung Hoseok.

Tateei a cama a procura do corpo rígido do meu marido, eu queria acordá-lo e pedir por um pouco de mimo, o que era obrigação dele já que havia me deixado nesse estado, mas estranhamente não o encontrei. Decidi chamar por ele, mas a minha voz saiu rouca e áspera, machucando a minha garganta. Abri os olhos com certa dificuldade, pronto para encarar as paredes cor de areia do meu quarto e implorar por uma aspirina, mas dei de cara com uma luz florescente no teto. Pisquei várias vezes tentando me acostumar com a claridade excessiva que prejudicava a minha visão e deixava os meus olhos doloridos, depois de algum tempo as imagens ao meu redor foram se focalizando e assimilei tudo com certo receio.

Aquele definitivamente não era o meu quarto. Onde estava o papel de parede com desenhos vitorianos? Ou o criado mudo onde eu deixava os meus óculos? Tudo ali era excessivamente branco, com toques de um azul claro enjoativo.

Só então eu compreendi, eu devo ter bebido tanto vinho na noite passada que vim parar no hospital!

- Que bom que acordou! - disse a jovem de cabelos escuros que estava sentada em uma cadeira próxima da minha cama lendo uma revista, deduzi que ela devia ser uma enfermeira por causa do seu uniforme azul e da cara de tédio que ela nem disfarçava. - Vou chamar a Dra. Kang. - completou com certa animação enquanto apertava um botão vermelho ao lado da cama, parecia aliviada por se livrar do trabalho de me monitorar.

- O que aconteceu? - perguntei erguendo o meu corpo, tentando sentar. Foi quando senti uma pontada aguda nas costas e imediatamente voltei a ficar deitado. Aquilo não parecia nada bom!

- Não faça muita força! É melhor ficar deitado. - aconselhou a mulher que adentrava no quarto vestindo um jaleco branco - O meu nome é Dra. Kang Hyeri, eu sou a sua médica, mais especificamente neurologista. - Havia um sorriso simpático no rosto dela quando disse isso.

Pisquei os olhos tentando assimilar tudo que estava acontecendo. Por que eu precisaria de uma neurologista? Eu só tomei um porre! Eu precisava de uma aspirina para a dor de cabeça, pomada para as costas, muita água para curar a ressaca e provavelmente estar de volta ao meu quarto onde poderia me enroscar no corpo de Hope e dormir por mais uma hora ou seis.

- Eu não entendo. - desabafei, recebendo o seu olhar analisador. - Por que eu preciso de uma neurologista? Não me leve a mal, não é nada pessoal. Mas eu acho que apenas bebi um pouco além da conta ontem, eu só preciso ir para casa. - Expliquei, recebendo da Dra. Hyeri um olhar confuso. - Onde está o Hope? - Perguntei, estranhando a ausência dele aqui. Não era feitio dele me deixar sozinho em um quarto de hospital. Me lembro de quando eu tive uma crise alérgica durante um jantar em um restaurante tailandês, Hoseok ficou apavorado e não saiu do meu lado por nenhum momento.

Ele era assim, cuidadoso e extremamente preocupado.

- Você sofreu um acidente de carro na noite passada e está em recuperação no Hospital Geral de Busan. - se aproximou vagarosamente, seu tom era calmo, porém os olhos eram aguçados. - Você fraturou duas costelas, machucou o pulso direito e bateu bem forte com a cabeça. Seu carro vinha de Seul para Busan quando capotou na estrada.

Amnésia - Jihope/HopeminOnde histórias criam vida. Descubra agora