32 ✓

359 30 0
                                    

Enrique esperou pacientemente Dinah se acalmar, ela se afastou secando o rosto e não permitindo que mais lágrimas caissem. Ele cruzou os braços a encarando.

- Já pode sair do meu quarto agora. - disse desviando do olhar dele.

- Jene, será que podemos conversar? - Dinah soltou uma risada irônica.

- Jura mesmo? E esperou dezoito anos para fazer isso?

O homem de estatura mediana, um pouco barrigudo, cabelos clarinhos quase beirando o branco, expressão cansada dentro de um terno francês giz, preto e sapatos italianos, suspirou.

- Tudo bem, sei que fui muito ausente por bastante tempo, mas eu vinha sendo manipulado por Marichello. - Dinah moveu a cabeça em sentido negativo. - já sei o que está pensando e você tá certa, deixei que ela mandasse em mim, mas por acreditar que essa era a coisa correta a se fazer.

- É sério isso? - virou de costas e passou a mão no cabelo irritada.

- Marichello me convenceu de abrir um amplo escritório de advocacia em Londres, afirmando ela que causas das quais defendemos dariam muito mais lucros lá - torceu o nariz. - e devo admitir, ela estava certa. - Dinah suspirou e Enrique puxou a cadeira da mesinha do computador para se sentar.

- Por que tá me dizendo essas coisas? - virou para olhá-lo. - Já ficou bem claro pra mim que vocês preferiram o trabalho!

- Não foi bem assim...

- Ah então foi como? Fala senhor Hansen! Não sabem nada de mim, não me conhecem, nem o que eu gosto, cor preferida, quando caiu meu primeiro dente ou quando dei meus primeiros passos, sabe, olhando as fotos a única pessoa que vejo comigo é Talifa. Ela sim me ama, sempre cuidou de mim e se preocupou também. Sempre!

- Dinah você sabe que passamos por um momento difícil, sua mãe entrou em depressão, precisávamos sair daqui.

- Claro, tinham que ir para longe do problema! Só esqueceram de um detalhe, eu não pedi para nascer Enrique. Não fiz planos de vir ao mundo, então não joguem a culpa em mim. A única coisa que eu desejava era ter um pai e uma mãe que me amassem e se importassem comigo!

- jane eu me importo.

- Você? - riu sem ânimo. - até parece! Não sabem nada sobre mim, não sou uma garota normal como todas as outras.

- Como assim? - franziu o cenho.

-  Agora também não importa, chegaram tarde demais para descobrirem algo de mim, tarde demais. - Enrique coçou a nuca.

- Marichello já estava doente antes mesmo de você nascer, tudo porque ela foi obrigada a casar comigo por causa da gravidez. Nós namorávamos, mas não chegaria a tanto se ela não engravidasse. Então sua mãe resolveu achar um culpado por isso e escolheu você jane, só que eu não, eu já te amava desda barriga dela.

- Nossa! Então eu fui odiada antes mesmo de começar a crescer dentro do ventre daquela mulher!

- Sempre demonstrei amor por você, eu aproveitava quando ela estava dormindo para cantar e paparicar a barriga, mesmo estando pequena, porque Marichello não deixaria eu fazer isso acordada.

- Por que tá me dizendo todas essas coisas agora?

- Sente aqui por favor. - apontou a cama.

- Não, estou bem de pé.

- Sou seu pai jane, só quero conversar com minha filha olhando nos olhos dela. - Dinah relaxou os braços e fez o que ele pediu - olha, faz alguns meses que resolvemos um caso de um pai que queria a todo custo a guarda da filha, uma porque a mãe é alcóolatra e outra porque a menina é obrigada a trabalhar, para sustentar os vícios dela, vendendo balas no sinal.
- Enrique suspirou. - quando acabamos de ouvir tudo o que ele tinha para dizer eu sentia lágrimas descerem por meu rosto. Ele ali querendo a todo custo ter sua filha, enquanto a mim deixei a minha sozinha em outro país.

- Sozinha não, com Talifa.

- Sim, sim claro. Mas quero dizer sozinha sem a presença dos pais. O homem nos pediu, quase implorou que ajudássemos, o que não seria difícil, nenhum juíz deixaria uma criança de apenas oito anos, viver com uma mãe viciada em álcool que a obrigava a trabalhar.

- E o que aconteceu com a menina? - perguntou curiosa, mas ao mesmo tempo com pena da situação da garota.

- Bom, o pai dela é muito rico, ele descobriu a pouco que tem essa filha e logo entrou com o pedido, e depois de toda a avaliação da justiça ele ganhou a guarda provisória.

- Mas por quê?

- Provisório porque é por enquanto. Se ela não apresentar defesa que justifique... nosso cliente fica com a guarda definitiva. Na audiência se decide isto. Aquela mulher não tem condições de criar uma criança. Depois disso, me pus muito a pensar, aí surgiu essa entrevista e vi a oportunidade de me aproximar de você, de te conhecer, filha sei que demorei muito pra isso e mesmo sendo clichê você sabe, nunca é tarde para voltar a atrás e nunca é tarde para amar. Eu quero ter um lugarzinho no seu coração, quando estiver pronta para me perdoar.

 Dinah prendeu o ar por alguns segundos e o soltou rapidamente, não esperava por isso, nunca se imaginou tendo uma conversa assim com Enrique, sempre achou que não teria mais jeito para nada, mas estava ele tentando se redimir da ausência. Só que ela ainda não estava segura, precisava de uma segurança, pois a qualquer momento Enrique poderia ir embora outra vez. E outra vez sentiria o abandono.

- Eu... preciso pensar. Me pegou de surpresa e não sei o que dizer.

- Está bem querida - levantou. - quando quiser conversar estarei no meu quarto ou no escritório. - piscou e saiu. Dinah se jogou na cama.

- Mais essa agora. Por que tudo tem que acontecer junto, eu estava bem com a Normani, mas acabei estragando tudo. Merda! Eu preciso dela. Preciso da MINHA garota. Daquela boquinha maravilhosa, o corpo grudado ao meu, me sentir dentro dela e... ah que droga! - sentou pra tirar o celular que estava no bolso da calça. - quem tá me ligando a uma hora dessas. - olhou na tela e viu escrito: Loira tesuda - Angelique. - ah não, fala sério.

O jogou na cama, mas o aparelho voltou a tocar por mais algumas vezes, até parar de vez, Dinah suspirou. O sentiu vibrar e quando olhou Angelique tinha mandado uma mensagem.

*Dinah eu tô aqui, em frente a tua casa. Vem abrir o portão pra mim... já tô com a calcinha molhada só de pensar em vc

* De sua _Angel.

*Não tô no clima, melhor você ir embora

*    By: Dinah.

*Que?? Me fez vir até aqui pra me mandar ir embora??! O que tá acontecendo Dinah? Quem é a cadela que está dando pra você?

* Angel.

*Todas as pessoas tem problemas inclusive eu. Preciso ficar sozinha.

*By: Dinah.

*Ah conta outra vai! Vc deve tá fodendo com uma agora, fica sabendo que não vai poder se livrar de mim! Sua safada!

* Angel.

*Vai a merda porra! E não precisa responder. Tô apagando seu número do meu celular e faz um favor, apaga o meu tbm. Você não tem capacidade de saciar os meus desejos e sim, já tenho outra que faça isso, e muito bem!

*  By: Dinah.

Voltou a deitar, pegou o celular e ligou para Normani, mas a garota não atendeu. Dinah deixou uma mensagem, na esperança de que quando ela visse a desculpasse e tudo voltasse ao normal.

•N̸o̸r̸m̸i̸n̸a̸h̸•  I̶M̶P̶O̶S̶S̶I̶V̶E̶L̶ R̶E̶S̶I̶S̶T̶ GipOnde histórias criam vida. Descubra agora