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" Jiyu estava a alguns passos à frente de um homem, a cabeça erguida

para admirar a altura de um dos prédios. Era absurdamente alto, precipitando-se noite adentro de forma tão magistral que, para Jiyu, parecia quase prestes a perfurar o céu.

– Deve ser por isso que os gregos e os romanos criaram lendas tão criativas sobre os deuses – murmurou ela. – Dá até para imaginar a ponta do prédio atravessando os céus.

Olhou para o homem. Ele a observava com atenção, vidrado nas palavras dela, na expressão em seu rosto. 

– Imagine se o prédio rasgasse o céu – disse ela, gesticulando na direção do negrume noturno que os envolvia iluminado pelas luzes da cidade. – E se as estrelas caíssem pelo buraco. – Ela voltou a olhar para o homem. – Se estivéssemos nos tempos antigos, sem a menor noção de astronomia e distâncias, poderíamos ter elaborado um mito como esse. Um deus, sem dúvida, seria capaz de criar uma construção tão grande que o teto chegasse ao céu.

– Uma teoria inteligente para explicar o surgimento das estrelas – comentou ele –, mas para mim ainda é um mistério que elas tenham se espalhado de forma tão regular.

Jiyu parou ao lado dele, e, juntos, admiraram o céu. As estrelas não formavam um padrão perfeito, é claro, mas se espalharam por cada pedacinho do firmamento.

– Não sei – falou Jiyu, pensativa.

Ainda estava com os olhos vidrados nas estrelas, assimilando a grandiosidade de tudo aquilo. Então o cutucou com o cotovelo.

– Você vai ter que inventar essa parte da história. Não pode querer que eu faça todo o trabalho.

Ele parou atrás dela.

– Agora feche os olhos.

– Mas aí eu não verei as estrelas.

– Vai poder abri-los muito em breve.

Ela balançou a cabeça, como quem se dá por vencida, e obedeceu.

– Agora levante o rosto. Só um pouquinho.

Ela obedeceu; talvez fosse o ar poluído da cidade, ou talvez fosse por estar de olhos fechados, mas Jiyu se sentiu instável na mesma hora, como se algo muito maior do que o solo tivesse roubado seu equilíbrio.

O homem a segurou com mais firmeza.

– Agora me diga o que está sentindo – disse ele ao pé do ouvido dela.

– O vento.

– E o que mais?

Ela engoliu em seco. Umedeceu os lábios.

– A poluição no ar.

Ele ri

– O que mais?

– O movimento, a velocidade.

A boca dele chegou ainda mais perto.

– E...?

Então ela disse a primeira coisa na qual havia pensado, aquilo que sentirá de forma mais intensa desde o início.

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⏰ Última atualização: Jul 01, 2023 ⏰

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Amnesia - Shouta Aizawa (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora