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Eu costumo gostar de me sentar sob as árvores do campus

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Eu costumo gostar de me sentar sob as árvores do campus. Amo a sensação de conforto que trazem, apesar dos esquilos travessos roubarem a comida em momentos de distração. Desde que eles quisessem apenas a comida estaríamos em paz, na verdade, o que realmente me preocupava era a ideia de eles roubarem meus papéis, repletos de Adams espalhados pela grama

Olhando por um lado, existia a possibilidade desse cara não estar mais aqui, e então todo o meu trabalho na papelada seria em vão, mas as chances de que eu pudesse encontra-lo novamente eram mínimas em um lugar tão grande. Mesmo assim precisava começar de alguma forma, e ficar parada esperando não era uma opção

Senti a brisa suave atingir minha pele e trazer um aroma adocicado de perfume. Não cheguei a reconhecê-lo de imediato, mas apreciei por instantes até que simplesmente desaparecesse e então bebi um gole do café antes de continuar analisando os papéis. Adans loiros, morenos, negros, brancos, amarelos, pardos, com olhos de diferentes cores e rostos de diferentes formas. Eram muitas folhas para o meu gosto, mesmo assim não desanimei

Recostei a coluna no tronco maciço do pinheiro e analisei as folhas das árvores balançarem conforme a brisa de primavera. Um pequeno pardal fazia seu ninho ali com o companheiro. Não pareciam gostar da ideia de haver uma humana pelas redondezas, mas o que eu poderia fazer? Pelo menos em uma próxima vez saberia qual árvore não escolher para manter a paz. Na verdade os animais não simpatizam comigo, e nunca soube ao certo o motivo mas sei que prefiro não me meter em maus lençóis com as forças da natureza

Talvez fosse hora de uma pausa para esclarecer as ideias, a final,  passei boa parte da manhã analisando a papelada e minha cabeça doía, mas a pior parte era de longe que não possuía todas respostas das quais precisava, e sinceramente a floresta me inspirava, como uma cena de suspense de um filme barato, geralmente isso me desestressa, mas hoje não. Realmente gostaria de poder dizer que sou uma luz que nunca se apaga, mas apago de vez em quando. As vezes me desanimo a certo ponto de não querer mais continuar quase que como um modo automático

Não sabia o que Adam devia ao outro homem, nem qual seria a relação dele com os cassinos. Talvez não se tratassem apenas de cassinos ilegais, poderia envolver muito mais, ou muito menos. Meu conhecimento sobre o assunto era limitado de mais para assumir algo no momento

Bufei frustrada direcionando minhas mãos ao celular e abri a conversa com Elle mesmo sabendo que estava na aula e enviei algumas mensagens. Fiz o mesmo com Oliver apenas por desencargo de consciência

Já dada por vencida caminhei até minha aula de literatura do professor William. Estávamos lendo Maquiavel. "A arte da guerra" era uma de minhas obras favoritas, na verdade acabei chegando antes de boa parte da classe, então fiquei sentada na cadeira fuçando os aplicativos do meu celular até que o professor entrasse pela enorme porta de madeira escura, semelhante às demais classes do prédio.

Ele definitivamente não era o último professor, podia sentir na aura brilhante ao seu redor, a curiosidade e a esperança do olhar que toda a sua animação estava direcionada a um único propósito de aproveitar ao máximo do lugar ou ele tinha algo de muito especial em si que me levou a pensar isso. Eu nunca o havia visto ali, e não tinha ideia do porquê estava depositando seus materiais sobre a mesa no pequeno palco, mas sabia que havia gostado dele

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