Antes do Entardecer

Capítulo 4 - Parte III

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Era quase meia-noite e todos se deliciavam com a refeição. Tinham peru, purê de batatas, salada mista, ovos de codorna, bife assado e até opções veganas. As crianças e adolescentes estavam quase terminando de comer, e pela única vez no ano, as freiras juntavam-se com todos na hora da ceia, assim como os funcionários. Seria como dizer que eles formavam uma grande e quase verdadeira família, mas Denis adorava a vista da mesa do refeitório cheia, como se realmente fossem uma. Ele, claro, sempre se esgueirava com todos, mas neste ano, como chegava ao fim e havia pouco tempo para completar 18 anos, decidiu que não faria mal passar dois anos dividindo os momentos com os outros que mal conhecia intimamente.

Denis conheceu as amigas de Emily: Sandra e Julie, duas meninas com uma idade de aparentemente 15 anos, e eram bem divertidas.

Quando partilhavam a grande ceia, Denis tentou procurar Lola pelas mesas, mas acreditava que ela já havia acabado sua refeição e ido embora, porém ainda tinham a confraternização, logo após a refeição. Todos ficavam de mãos dadas no pátio, fazendo um círculo nos pilares do orfanato, fechando as passagens dos corredores. Era um jeito de dizer que todos estariam sempre unidos, e que as freiras, por mais que não fossem mães, consideravam todos como filhos.

Logo após comer e perceber que grande parte dos colegas também haviam terminado de comer, a freira Claire chamou a atenção de todos e disse faltar cinco minutos para a meia-noite.

"Como o tempo voa..." — pensou Denis.

"Agora em janeiro do próximo ano já vou completar 17 anos... Meu Deus... Obrigado pela refeição de hoje e por todas as vezes que tive o que comer e abençoe aqueles que não tem comida." — era o que dizia antes de comer, mas se esquecia, falava mentalmente depois da refeição. Neste caso, ele esqueceu-se, pois estava com muita fome, e disse logo depois.

Quando todos terminaram, Denis levantou-se da mesa e dirigiu-se para a fila em ordem da idade de cada um, para poderem ir ao pátio e dar a mão um para o outro. Todos estavam esperando pelos fogos de artifício que a vizinhança soltava, e era algo realmente muito bonito de se ver.

Assim, as crianças foram conduzidas pelas freiras e os maiores seguiram por fila. Denis não viu, mas Lola andava atrás dele. Quando todos chegaram a seus postos, Lola deu a mão para Denis, e por fim, ele a notou.

— Você...? — perguntou Denis, com um sorriso disfarçado e, ao mesmo tempo, muito surpreso.

Lola apenas lhe devolveu o sorriso. Suas mãos estavam formigando e sentia borboletas no estômago, porém, era um sentimento novo e algo sentira logo que encostou sua mão com a dele: Carinho.

"Que mão quente e macia! " — Lola pensou.

Suas mãos não estavam encaixadas, mas o jeito que se seguravam firmemente, mostrou uma certa conexão diferente com o resto das outras pessoas. Gostaram-se logo de primeira.

O relógio atrás indicou dez segundos para o ano novo, e então, contagem regressiva começou.

— Atenção a todos! Dez, nove, oito... — a freira Marie falou alto.

Todos repetiram.

— Lola, não é? — Denis perguntou.

— Sim, Denis. — ela respondeu, envergonhada.

"Como que ela sabe meu nome?" — Denis perguntou-se.

Quatro, três, dois, um!

Fogos começaram a estourar no céu, de todas as cores. Brancas, azuis, vermelhas, verdes e douradas. Todos levantaram as mãos como um sinal de vitória e união, e ao terminar, alguns abraçaram-se, outros vislumbravam os fogos e alguns poucos já iam para seus quartos.