Capítulo 6 - Parte II

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Denis acompanhou-os com seu olhar enquanto os via indo embora descendo as escadas, e enfim voltou à realidade. Nem parecia estar vivendo naquele momento, mas sentiu involuntariamente uma lágrima descer do rosto, e então a limpou imediatamente. Claire o olhou e com uma expressão feliz, ela lhe disse:

— Denis, ainda tem outra razão para você estar aqui, estou certa?

— Que outra razão? — e então ele se lembrou da petição que havia feito, dois minutos depois. — Ah, sim! Claro! A minha petição!

— Sim! — ela riu. — Sei que foi muita informação para você agora, Denis, mas se você quiser conversar com alguém sobre isso, sabe que pode me procurar. Tanto fora da terapia como na mesma. Boa sorte. — ela lhe deu um beijo de mãe em sua bochecha e o deixou com Freya que apenas o observava por trás.

— Denis, vamos, entre de novo na minha sala. Precisamos discutir sua petição.

Denis virou-se e assentiu, entrando em sua sala e sentando-se na mesma cadeira em que sentara. A sensação agora era que ele já estava adotado, e tinha uma família para sempre.

Ouviu Freya fechar a porta e se sentou a sua frente, abrindo uma gaveta de um dos armários em seu escritório, e de dentro, puxou outros folhetos e os colocou em cima da mesa de sua escrivaninha, em frente dele.

— Denis, você foi liberado de sair do orfanato no dia que você escolheu.

— Sério? — ele lhe perguntou. No fundo, pensou "Emily havia dito ser difícil... Nossa, só notícias boas estão chegando para mim hoje."

— Sério! Mas bem... Só terá que preencher esses papéis. Como são muitos, já vou lhe precaver que todos eles se tratam de leis por menores. Nossa instituição deixa o órfão passear apenas se este não apresenta intuito de fugir, ou quem sabe... Se suicidar.

— Que horror!

— Mas você sabe, temos que cuidar dos nossos filhos, por assim dizer, e, ah! Mais uma coisa — ela folheou as páginas e chegou na última delas. — Aqui diz que como você ainda é menor de idade, você teria que ir acompanhado. 

— O quê? — ele perguntou, e sua expressão era de decepção. Sabia que isso poderia acontecer, de fato.

— Sim, porém... Claire disse que irá com você. Já conversei com ela sobre isso, na verdade.

— É claro... — ele disse, abaixando o tom de voz e se acostumando com a ideia. Seu coração acelerou por algum motivo.

— Por favor, se concordar, assine aqui e aqui. — ela lhe dá uma caneta e aponta para os espaços em branco.

— Meu nome completo?

— Sim.

Então, ele escreve: Denis Walles Humbert.

— Ok, muito obrigada. Agora você pode ir, mas não se esqueça... Você terá que apresentar estes papéis na portaria do orfanato e assim te liberarão a passagem. Caso contrário, você não poderá sair, e se por acaso se atrasar ou então errar a data, não haverá outro papel que possa lhe retribuir. Você terá que fazer outra petição. Então, peço para guardá-lo com cuidado, está bem?

— Claro, Sra. Freya.

— Por favor, Denis. Me chame apenas de Freya, não sou tão velha assim.

Ele deu um riso. — Claro, Freya, obrigado por tudo.

Ela assentiu. — Já está com os documentos da sua família adotiva?

— Sim, os deixei no banco aqui fora da sala.

Antes do EntardecerOnde histórias criam vida. Descubra agora