|| Livros ||
| Hugin |
Depois de ir a casa comer alguma coisa, tomar um banho e ocupar a cabeça com algum filme qualquer da televisão, eu olho para as horas no ecrã do meu telemóvel, decido, então, voltar para o hospital.
Levanto-me do sofá com preguiça e vou calçar-me. Pego as chaves de casa e saio de casa pegando no carro em direção ao hospital pelo mesmo caminho das últimas semanas.
Já perdi a conta aos dias que ela está naquela cama de hospital, mas ainda me lembro como tudo aconteceu.
| Memórias |
Ali está ela a ler um livro da biblioteca lado a lado com Munin no quarto dele. Eles são nerds pelos livros da nossa biblioteca de família, que são no geral sobre o sobrenatural. Continuo sem entender como eles ficam tão interessados nessas coisas. Eu sorrio e continuo o caminho para o meu quarto.
Está tudo calmo estes últimos dias e não percebo porquê, Munin não tem feito nada contra mim. Talvez ela tenha falado com ele. No início, o meu irmão fingiu-se bem com a notícia de eu e a Dina namorarmos, com a desculpa de que até já sabia. Mas ambos logo percebemos que ele passou a odiar-me de morte. Ele fez questão de o mostrar.
Ele tentou separar-nos de várias formas, virar-nos um contra o outro, incriminar-me por algo que ele fez, tentar matar-me, declarar se a Odina vezes sem conta, tentou até supostas magias daqueles dos livros que eles costumam ler.. Mas nada resultou obviamente.
Ao chegar ao meu quarto, encosto a porta e sento-me à frente da secretária para abrir e ligar o portátil. Apesar de vivermos bem financeiramente, eu tenho um trabalho. Trabalho maioritariamente em casa, através do portátil com internet.
Suspiro fundo com a demora do aparelho para ligar mas continuo a esperar até ouvir um pouco de barulho no quarto ao lado.
Todo o resto da casa está silencioso então eu assusto-me levemente. Pareceu-me ser um estrondo, algo a cair, seguido da voz baixa do meu irmão a falar algo que não consigo entender.
— Hey! Está tudo bem aí? – pergunto alto para me ouvirem em tom preocupado.
— Vem cá, rápido! – oiço a resposta de Munin, parece-me nervoso como nunca pensei ouvir, o que me assusta ainda mais.
Levo segundos para sair do meu quarto e entrar no dele. A visão deixa-me atrapalhado. Porém, respiro fundo rapidamente. Aproximo-me do corpo caído da morena e puxo-a para mim tentando acordá-la. Tiro o telemóvel do bolso começando a apertar as teclas para chamar uma ambulância.
— O que aconteceu? – pergunto ao mais novo enquanto não me atendem.
— Ela levantou para fazer sei lá o quê e quando percebi ela estava a tentar agarrar-se para não cair mas não chegou a tempo. – meu irmão gesticula apontando para onde Dina estava a tentar agarrar se.
— Ela tropeçou em alguma coisa? – fico confuso.
— Não. Só vi ela a levar uma mão à cabeça antes de cair quando se levantou, como se lhe doesse muito a cabeça. – ele olha para ela preocupado.
Finalmente me atendem a chamada, eu faço tudo o que me pedem e respondo a tudo o que me interrogam.
— Porque não a agarraste antes de cair, Munin? – olho para o meu irmão com alguma indignação.
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Bring Me To Life
General FictionUm pacto improvável, com final incerto, feito apenas por amor. O ódio dissolve-se com o sacrifício numa jornada para reaver quem se perdeu. Uma perda que, no final, cria uma nova família. Há guerras que fazem a natureza unir forças. E para cada...