Narrador:
O carro com uma das portas mal fechada a gastar bateria e com fortes probabilidades de ser assaltado não preocupa Hugin neste momento. O que o preocupa é quão rápido conseguirá destrancar aquele cinto de couro preto na cintura da rapariga. E ela também só se concentra em deixá-lo louco com beijos longos, lambidelas e arranhões. Naquele clima quente, tudo acima da pele está a mais para ambos.
E, entre mais linguados ferozes, o elevador passa a ser cabine de provador, o que os excita ainda mais. Porém, a viagem não dura muito, feliz ou infelizmente o quarto onde ele está hospedado não é muito longe. Em apenas alguns passos, trapalhões mas sincronizados entre os dois, entram no espaço dele. Bom, na verdade, só depois de uma desastrosa e divertida abertura da porta.
Os dois corpos ainda não se largaram desde o primeiro beijo à saída da discoteca. Ela aceitou e ele viciou e nem no caminho eles se largaram, pois Brenda fez questão de manter a chama acesa enquanto ele conduzia. A sorte deles é que Hugin é um bom condutor.
O caminho até ao quarto é um pouco atribulado e metade da roupa deles está espalhada no chão do quarto. Eles continuam a sessão de beijos e provocações até finalmente chegarem à cama. Hugin, por cima de Brenda, consegue finalmente desapertar o maldito cinto e com a ajuda dela as calças deixam de atrapalhar o calor do momento.
Parecem dois seres famintos. Ele começa pela segunda vez, a primeira foi no elevador, um trilho de beijos no corpo dela, desta vez com o objetivo de passar da barriga para baixo. O que faz a ruiva se arrepiar de prazer e segurar os cabelos dele, ele sorri com o gesto. Hugin massaja, arranha e aperta as coxas da rapariga fazendo a quase gemer. Então ele sobe um pouco mais nela e estimula-lhe o peito com beijos e mordidas enquanto segura as pernas dela abertas com alguma força. O rapaz desliza as mãos lentamente para as nádegas da rapariga e aperta fortemente.Brenda sorri largamente e desce uma das suas mãos às costas dele e arranha afincadamente com as garras bem arranjadas de uma típica esteticista. Porém subitamente, eles rebolam na cama e é a ruivinha quem fica por cima.
É a vez dela provocar agora. Mais parece um jogo, sobre quem provoca mais ou de quem domina a cena.. Quem sabe. A verdade é que ela sabe bem como deixar um homem louco.
Brenda continua a arranhar o corpo do rapaz ao mesmo tempo que vai deixando beijos molhados no pescoço dele. Ele resmunga algo imperceptível, ela entende mas ignora. E para provocar ainda mais, decide ir até um dos pontos fracos dele: mordidelas nas orelhas. Ele fica louco com isso, é como um gatilho para ele, então Hugin segura firme na cintura dela e obriga-a a sentar-se nele. É óbvio que ela aproveita para rebolar contra o corpo dele, o que o faz delirar ainda mais. Ver aquele corpo lindo dela a mover-se daquela forma é até torturante, num bom sentido. E para ela, tudo vale para provocá-lo e libertar a fera que existe dentro dele.
A cena continua. E sem entrar em pormenores detalhados, ela cansa-o com várias rondas seguidas, várias posições diferentes, algumas das quais até o chão mereceu ser palco. Aqueles dois realmente estavam famintos de desejo, e se alguém disser que eles não tiveram química está redondamente enganado. Aquele jeito dele, meio cavalheiro inocente, meio provocador safado, pôs definitivamente Brenda também fora de si.
Depois de duas horas, de muito suor e gemidos, os dois decidem ir tomar banho juntos. E não, não houve mais nenhuma ronda por muito que ambos tivessem desejado. Eles aguentaram bem apenas massajando e ensaboando os corpos um do outro.
E finalmente, se aconchegam na cama, aterram completamente de tão cansados que estão, primeiramente Hugin. É provável que Brenda aguentasse pelo menos mais uma hora de sexo. Mas coitado do humano, na visão dela, ele nem deve estar habituado a isso. Ela deu uma risadinha quase silênciosa ao pensar nisso enquanto o observava já adormecido. E também ela adormeceu logo a seguir.
| Na manhã seguinte |
Os raios de luz atravessam a janela sem piedade dos dois dorminhocos. Adormeceram tarde, tudo o que querem é dormir mais um pouco. E até dormiam, se Brenda não tivesse de ir trabalhar. Ela levanta-se sem fazer barulho e veste-se calmamente enquanto o observa ainda a dormir. Ela não quer acordá-lo porém alguém encarrega-se de fazer isso por ela.
O telemóvel toca estridentemente, e a curiosidade de um típico elemento de fogo não se consegue conter. A sua silhueta aproxima-se da mesinha de cabeceira do lado dele e assim espreita para a tela do aparelho.
Munin.
Hugin não acorda na primeira chamada, então Brenda prefere não se preocupar. Mas uma segunda chamada começa e Hugin ainda dorme. Ela dá de ombros e calça os sapatos ainda pensando duas vezes se não seria melhor acordá-lo pois pode ser uma chamada importante.
- Deixa-me dormir, idiota! Liga mais tarde, ainda não percebeste que estou ocupado?! - Hugin fala sozinho e abraça a almofada assustando levemente a ruiva.
- E-estavas acordado? - ela indaga confusa.
- É difícil não acordar com este barulho logo de manhã. Eu tentei ignorar para ver se ele desligava mas não funcionou. - ele solta um leve riso, a segunda chamada termina.
- É algum irmão teu? - ela pergunta curiosa mas logo de seguida se justifica. - Desculpa, não pude deixar de ver quem era.
- Tudo bem, não faz mal. É o meu irmão, sim. - Hugin suspira forte de aborrecimento assim que várias mensagens e uma terceira chamada chamam a sua atenção.
Hugin senta se na cama e atende finalmente. Ouvem-se uns quantos gritos do tal Munin, Hugin apenas afasta o telemóvel da orelha revirando os olhos até poder falar.
- Sou eu que o tenho, sim. Trouxe o emprestado, precisava de ver uma coisa. - o rapaz responde.
Brenda fica mais uma vez curiosa, não se intromete mas fica a ouvir atentamente. Já está atrasada para o trabalho mas não se importa muito com isso agora. Dirige se para a casa de banho para se acabar de arranjar.
- Eu mais logo ou amanhã devolvo-to. Tenho de ir, já dou novidades.. adeus! - e de forma sarcástica, Hugin termina a chamada.
Brenda solta um breve riso.
- Que raio de conversa.. - comenta ela.
- Eh.. Eu e ele não temos uma relação de sonho, só isso. - ele levanta-se da cama indo até ela e abraçando-a por trás.
- Sai de trás de mim, ainda te vou dar uma cotovelada. - avisa ela enquanto faz de novo o penteado do dia anterior.
- Não te preocupes, eu sou forte, e aguento tudo para poder estar assim contigo mais uns minutos. - o rapaz espalha leves e pequenos beijos pelo pescoço da ruivinha, e ela sorri.
- Seu safado. Eu tenho de ir trabalhar, já estou atrasada.
- Eu levo-te ao trabalho mas em troca quero algo. - ele sussurra lhe ao ouvido.
- O quê? - ela vira se de frente para ele então ele continua.
- Vais meter férias. - ele responde sorrindo confiante.
- Desculpa? - ela não tem bem a certeza se ouviu bem.
- É isso mesmo que ouviste. Eu quero que peças umas férias do teu trabalho. Hoje quando saíres do trabalho, eu vou te buscar e vamos para minha casa.
- Tu estás doido. Estiveste uma noite comigo e já me queres em tua casa? - ela ri-se divertidamente nervosa e afasta-se talvez para processar o pedido dele.
- Sim, por favor. Confia em mim. - ele segue atrás dela.
- E as minhas contas, quem é que as vai pagar? E as minhas coisas quem é que as vai fazer?
- É só uns dias. Eu depois trago te de volta a casa. E se depois precisares de ajuda financeira eu posso ajudar.
- Mas eu não posso entrar de férias assim de um dia para outro. E as coisas não se resolvem assim tão facilmente. - ela pergunta já bem mais séria.
- Eu preciso voltar para a minha cidade ainda hoje e quero que venhas comigo, por favor.
- Okay, ouve. Aquilo que tivemos foi muito bom, mas nós literalmente não nos conhecemos. Porque é que queres tanto isto se mal me conheces?
- Esquece isso agora e vem comigo. Por favor. Já não aguento mais o ódio do meu irmão. E tu fizeste me feliz, não quero perder isso. Eu não quero perder o contacto contigo.
- Existem outras formas de não perder o contacto. - ele segura-lhe a mãos.
- Senhorita Brenda, dar-me-ia a honra de a poder buscar ao seu emprego e levá la comigo até ao meu não-tão-humilde lar apenas por uns dias? - Hugin, numa última tentativa, curva-se perante Brenda e beija lhe as costas da mão.
Ela não é capaz de evitar um sorriso. Fica pensativa por uns longos segundos até finalmente ceder aos olhinhos de cachorro do rapaz quase ajoelhado à sua frente.
Ela quase que pode jurar que está prestes a apaixonar-se por aquele idiota.
| No apartamento onde se encontra Jorden |
O moreno quase gasta o chão daquela casa de tantas voltas que já deu a pensar em Hannah. Ele tem um forte pressentimento que Munin lhe vai fazer mal a ela só para o afetar a ele. Ele espera que seja apenas um pressentimento, um falso instinto. Pena que instinto de lobo raramente se engana. Ele viu nos olhos de Munin todo o ódio daquele corpo. É incrível como é que alguém consegue ser tão desumano. Como é que é possível estes tipos serem seres humanos e conviverem com outros tantos seres humanos com mais humanidade que eles? Pois é, infelizmente é possível.
- Eu tenho de a proteger, mas como?.. - Jorden solta o desabafo no ar como se alguém fosse responder. Ninguém responde. Nem ele mesmo.
É em momentos como este que Jorden gostaria de acreditar em Deus. Apesar de toda a sua espécie ter sido criada por tal identidade, Jorden nunca conseguiu acreditar em Deus. Pois, tudo o que acontece de tão errado no mundo é impossível ter sido criado pela mesma identidade que criou os elementos. É impensável para Jorden que a suprema divindade tenha criado tanto de mal como de bom.
O elemento prefere acreditar em si mesmo e na sua força. Ele vai acabar com o plano deles, custe o que custar.
| De volta à cidade de Brenda; ao fim do dia |
O carro de Hugin já está estacionado à porta do cabeleireiro onde trabalha Brenda. Ela demora um pouco a sair, mas Hugin espera pacientemente enquanto escreve uma mensagem para o irmão. De seguida, obtém uma resposta porém já não tem tempo de responder pois Brenda entra no carro.
- Hey! - a ruiva cumprimenta o rapaz e ele sorri puxando a para um beijo.
- Boa tarde, princesa. Vamos buscar qualquer coisa para comer antes de seguirmos viagem? - ele liga o carro.
- Mas eu preciso de ir a casa antes de irmos. - ela solta uma leve risada.
- Não temos muito tempo, princesa. Eu já devia estar em viagem para lá. E eu estou cheio de fome.
- Mas..
- Não te preocupes, eu compro tudo o que precisares, prometo.
Ela suspira e desiste. De certa forma, ela acha tudo isto muito esquisito, o que a faz querer saltar fora do barco o quanto antes mas ao mesmo tempo querer descobrir o que se passa. Por outro lado, ela até acha fofa esta atitude dele. Nunca ninguém fez isto com ela, o facto de ele a surpreender desta forma e querer tanto estar com ela que nem se preocupa se vai gastar dinheiro em roupas para ela. Pelo sim, pelo não, talvez seja melhor ela não se apaixonar já por ele, ela sente algo diferente nele. Mas que ela está a gostar dele, está.
Narração: Munin
| Horas depois |
- Onde raios aquele arrombado se meteu com o meu livro?! - eu estou numa espécie de ataque de raiva e nervos neste momento.
Ando de um lado para o outro no escritório improvisado, à espera que Hugin me responda à mensagem que lhe mandei há umas horas. E finalmente me responde.
"Preocupa te em ir ter ao apartamento assim que puderes."
Será que Jorden conseguiu escapar? Duvido, mas..
Começo a ficar nervoso só de pensar na hipótese dos meus planos terem sido arruinados. Suspiro fundo para me acalmar, pego os meus pertences e sigo até ao apartamento.
Ao chegar lá fico à porta à espera dele, não me atrevo a entrar sozinho.
Narração: Hugin
Eu entro no apartamento com Brenda ao colo adormecida e Munin vem logo atrás de mim calado e todo sorridente. Jorden aparece pouco depois no hall de entrada para saber o que se passa e Brenda acaba por acordar então pouso a no chão.
- Hey.. quanto tempo eu dormi? Já chegámos? - ela pergunta sonolenta enquanto se afasta levemente.
Jorden encara-nos seriamente mas não diz nada por agora.
- Sim, princesa. E eu quero apresentar-te finalmente o meu irmão, Munin.
Ele aproxima se dela analisando-a de cima a baixo e sorri de canto. Ela sorri e tenta cumprimentá-lo mas ele ignora.
- Parabéns, maninho, pela conquista. - ele felicita me com umas palmadinhas nas costas e eu sorrio.As bochechas da ruiva coram levemente.
- Como assim "conquista"..? - ela ri desajeitada e ainda com sono. - Nós não estamos a namorar.
- A conquista de mais uma vítima. - Jorden pronuncia se sério.
Ela finalmente repara no rapaz atrás dela e espera que ele continue e se apresente.
- Confesso que foste mais esperto do que eu desta vez, Hugin. Até faríamos uma boa dupla senão te tivesses apaixonado pela mesma rapariga que eu. - ele provoca e eu reviro os olhos.
- Como se eu tivesse tido escolha, não é, Munin?!..
- Quê? Do que é que vocês estão a falar? - Brenda pergunta confusa e mais séria agora. - Mesma rapariga? Nós conhecemo-nos de algum lugar?
Jorden aproxima se da ruivinha e pousa as mãos nos ombros dela com que ela fique de frente para ele. Ele fala baixo só para ela mesmo sabendo bem que nós o ouvimos também.
- Confia em mim, caíste numa armadilha.
- Como assim?! - eu e munin rimo-nos do quase desespero de Brenda.
- O que quer que ele te tenha dito ou prometido, é mentira. Ele atraiu te para a armadilha dele.
Ela olha para mim assustada e ainda mais confusa e eu solto um riso alto juntamente com Munin.
Narração: Jorden
Eu suspiro forte e viro o corpo da rapariga de frente para mim de novo. Muito discretamente aponto lhe com os olhos para o meu peito. Ela segue o meu olhar e pousa uma mão no meu peito, ela tira lentamente o meu colar para fora da camisola e arregala os olhos ao vê-lo.
Se ela se passar da cabeça agora, eles podem se vingar. Eu quero evitar isso.
- Por favor, mantém te calma, eu depois explico te tudo. - sussurro.
Ela adota uma expressão indecifrável. Até mesmo eu e os irmãos ficamos confusos com a quantidade de tempo que ela fica a processar tudo.
- Bom, já vi que se estão a dar muito bem. E ainda bem porque vão ter de se aturar por um bom tempo.
Ela vira se repentinamente.
- Tu enganaste-me, é isso? - sinto-a a fazer um esforço enorme para se manter calma mas vai ser difícil.
- Wow, adivinhou. Fez-se um clique. - Munin estala os dedos brincando com a situação e responde pelo irmão.
Algo me diz que isto vai correr mal.
- Como te atreves?! Que direito é que achas que tens para desfazer a vida das pessoas assim?
- Não tenho culpa que tu sejas burra. Se és uma criatura assim tão inteligente devias ter desconfiado. - Hugin finalmente mostra o seu lado malvado. Ele teve mesmo prazer em fazer isto.
Bom, todos cometemos erros e por muito implacável que seja o nosso instinto, confesso que o Hugin tem a seu favor a calma e a sua falsa simpatia. Dificilmente alguém acredita que ele seja capaz de fazer uma maldade desta dimensão.
- Na verdade, eu cheguei a desconfiar, mas o meu dever é descobrir o que se passa e não fugir. E tu realmente desiludiste me. Ainda estás a tempo de me dizer que é tudo mentira.
- Lamento muito informar, ruivinha, mas o meu maninho infelizmente não está apaixonado por ti, tu serás apenas uma forma de chegar até quem nós realmente desejamos.
Brenda cerra os dentes e os punhos. Oh, isto definitivamente não vai correr bem. Ela rosna para eles e eles ficam confusos com o som vindo dela. Ela volta a rosnar e aproxima se deles devagar e furiosa.
- Vocês não têm o direito de fazer isto para o vosso próprio proveito!
A voz da rapariga mudou ligeiramente de tom e confesso que até eu tenho receio do que pode vir dali. Seguro a rapariga pelos braços tentando impedi-la de os magoar. Se ela o fizer, eles podem querer vingar se na Hannah ou noutra qualquer pessoa.
- Eu se fosse a ti, afastava-me senão podes ter consequências. Se tiveres dúvidas, pergunta ao teu novo amigo.
- A esta altura já tens mais um refém para teres a certeza que faremos o que queres. - eu respondo imediatamente não dando tempo para a ruiva retrucar.
- Bingo. - Munin sorri ao mostrar uma foto polaroid de uma criança amordaçada e presa que nem animal de estimação abandonado.
- E eu se fosse a ti não teria feito isso. - a ruiva rosna antes de se livrar de mim e saltar em direção a Munin já na sua verdadeira forma.
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Bring Me To Life
General FictionUm pacto improvável, com final incerto, feito apenas por amor. O ódio dissolve-se com o sacrifício numa jornada para reaver quem se perdeu. Uma perda que, no final, cria uma nova família. Há guerras que fazem a natureza unir forças. E para cada...