|| Três Palavras ||
| Hugin |
Era uma tarde calma de primavera quando ela me beijou pela primeira vez. E foi como tivesse sido o meu primeiro beijo. Foi quente e diferente de tudo o que eu já tinha sentido. Esta rapariga arrancou-me o ar dos pulmões em simples segundos e devolveu-me logo a seguir com apenas três pequenas palavras. As três palavras mais ouvidas do mundo. Palavras que na boca de qualquer um são apenas palavras, mas saídas dos lábios dela já são a melodia que eu quero ouvir o resto das nossas vidas. Pelo menos, enquanto a vida dela durar.
| Memórias |
Estamos ambos sem saber o que dizer ou fazer para ocupar o tempo. Está um clima estranho entre nós. O meu irmão saiu por pouco tempo para supostamente ir buscar o telemóvel que esteve no quarto a carregar até agora portanto deixou-me sozinho com a rapariga na sala de estar.
A culpa é minha, eu admito. O clima está estranho porque eu gosto dela, e ela já deve saber disso. Talvez eu tenha sido um pouco óbvio.
Só que eu não sei como meter conversa com ela. Não quero que ela me ache idiota. E, por outro lado, Munin não sabe de nada e é assim que eu queria que continuasse. Eu bem sei que ele pode ser muito vingativo. Ele também gosta dela, vê-se logo pelo olhar.
— Mas ele nunca mais volta? – Odina corta o silêncio estranho com uma leve risada divertida.
— Deve ter-se distraído com alguma coisa no telemóvel, de certeza. – eu encolho os ombros e desencosto-me do sofá por uns segundos para alcançar o comando e mudar dezenas de vezes o canal de televisão, e decido aproveitar o momento para mais alguma interação. – Ahm.. queres ver alguma coisa em especial? Não está a dar nada de jeito.
Sinto-a a mexer se mas não a encaro, finjo-me entretido a fazer zapping. Ela aproxima-se de mim e olha-me fixamente sorrindo docemente. Eu derreto mentalmente ao olhar para ela, mas fico confuso.
— Passa se alguma coisa? – suspendo uma sobrancelha perguntando educadamente.
O seu sorriso aumenta ligeiramente e consigo sentir o calor da sua mão na minha. De um momento para o outro, o meu coração parece querer fugir do meu corpo de tanta agitação. Eu sorrio de volta, ainda confuso. Então, ela sussurra:
— Eu tenho um segredo para te contar.
É bem provável que as minhas pupilas tenham aumentado visivelmente ao acabar de ouvir aquela frase. Será que... Não. Não pode ser. Eu tenho quase a certeza que ela está apaixonada por ele tal como ele por ela.
De qualquer forma, se ela está confiar-me um segredo eu não a vou desapontar.
— Sim? Conta então. – solto um riso leve e baixo, tentando esconder o nervosismo.
— Quando ele estiver fora de casa, avisa-me.
Ela sussurra novamente e afasta-se voltando a sentar se no outro sofá. Eu fico pensativo.
Ela quer que eu lhe diga quando eu estiver sozinho em casa? Porquê? Será que ela quer estar sozinha comigo? Ou estarei eu a alucinar?
Eu suspiro fundo ao sentir o meu coração mais calmo e a minha mão fria de novo.
— Hey.. – a voz da morena acorda-me dos pensamentos, então, aproximo-me dela segurando a sua mão com cuidado.
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Bring Me To Life
Ficțiune generalăUm pacto improvável, com final incerto, feito apenas por amor. O ódio dissolve-se com o sacrifício numa jornada para reaver quem se perdeu. Uma perda que, no final, cria uma nova família. Há guerras que fazem a natureza unir forças. E para cada...