Olho ao redor, eu só via solidão, a dor e o sofrimento tomando conta de mim, a ficha custa para cair, pois além de ter que conciliar a notícia que tive meses antes, ainda precisaria encarar mais uma série de coisas que eu valia a acreditar ser verdade. Interesses as quais deixava-me vulnerável o bastante na iminência de lágrimas saírem de meus olhos. Trazendo a certeza de não desejar isso a mais ninguém vejo o homem que muito admiro, respeito e amo andar de um lado para o outro no quarto espaçoso, o qual passei momentos incríveis de amor e reconciliação. Parece que ele não se importava com o que tudo aquilo significa para mim, posso perceber que nada de que tivemos o fará continuar ao meu lado. Onde eu fico nessa história? Gostaria muito de saber. Queria demais poder reverter essa situação, mas já é extremamente tarde para que eu possa correr atrás, não dá mais para sentar e conversar.
É doloroso ter que vê a minha frente o homem que escolhi para casar e ter uma família dispensa-me como se eu fosse um nada, dizendo ser jovem demais para estar em uma relação, principalmente como alguém como eu. Poder encará-lo, ou até mesmo fazê-lo entender que tudo ficaria bem e teríamos nossa vida de volta seria a melhor coisa a se dizer, mas não posso dar esperanças onde não tem. Está estampado que não se tratava de conto de fadas, onde uma fada madrinha chega e realiza o meu maior desejo. Está na cara que ele quer sair deste relacionamento o quanto antes.
Dylan, o rapaz que tornou-me a mulher mais feliz neste exato momento coloca algumas roupas na cama que muito juramos amor, o lugar que guardamos nossas noites de puro prazer. Dentre as vestes o blazer que dei no dia de seu aniversário. Saberia que chegaríamos a esse ponto, só que meu consciente fez-me ignorar os fatos. Tinha a certeza que isso não continuaria como estava, que o nosso futuro estava predestinado a mudar.
Deixando assim um mar de frustrações. Seria errado não tentar lutar pelo nosso relacionamento? Será que eu estaria fazendo a coisa certa, permitindo que somente um caderno onde guardo lembranças dele ficasse para trás? São perguntas momentaneamente impossíveis de serem respondidas. Tento por em minha cabeça que acabou, mas sinto que não é dessa maneira que deveria ser.
Seus gritos e xingamentos eram altos o suficiente para deixar-me irritada, aparentemente ele quereria forjar uma briga, talvez para não sair com o peso na consciência, ou até arrumar uma maneira que iria influenciar a nossa dor e o término.
Minha cabeça em constante latência não deu-me a chance de retrucar. Levantando-me daquela poltrona macia, o qual sentei no início de sua intolerância. Tinha terminado de tomar o meu banho e já trajava minha roupa de dormir, pensava eu que teríamos uma noite de química, sendo essa uma forma de escapar dos meus problemas, no entanto estava errada. Não aguentando mais tudo aquilo, sendo a razão crucial de minha dor de cabeça. O olhei brevemente e disse "Pode ir!" passando a ser essa a maneira mais fácil de deixá-lo ir. Por um tempo pude presenciar ele ficar em silêncio observando-me. Tinha chegado na maior conclusão de todas que seria mais simples se seguisse só. Aparentemente ele parece não ter mais oque dizer permanecendo calado enquanto via-me sair do quarto, dando espaço para que ele pudesse arrumar suas coisas e sair de minha casa.
Aquela confusão deu-se a uma notícia que tive a dois meses atrás, começando assim a mudança em minha vida.
Cercada por gavetas, o forno do fogão e o lava louças eu inicio um choro silencioso percebendo que o perdi e não terá mais volta. Todavia escolho ser forte para começar o processo de aceitação, sabendo que não possui apenas essa situação para ser pensada e organizada. Se passando algumas horas pude escutar a porta de saída batendo, tendo a noção de que Dylan já havia ido. Espero um pouco e retorno ao ambiente que saí pegando o diário que escrevia sobre a minha vida com ele sempre quando o tempo me permitia. Desci as escadas chegando assim na sala, aproximando-me da lareira revestida de pedras decorativas, jogo o pequeno caderninho embelezado na chama afirmando para mim mesma que de hoje em diante não escreveria mais diário algum. Deixando o fogo consumir toda a lembrança que eu tenho dele. Queimando folha por folha até restar somente as cinzas de um diário.
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Cinzas de um diário
DragosteRebecca Covinsky adaptou-se a mudança radical de sua vida ao ter a notícia mais triste que causou o afastamento tanto no relacionamento, quanto em sua interação social. Pessoas que diziam ser seus amigos e seu noivo desapareceram com o tempo. Tendo...