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//universo alternativo, kara não tem poderes.

Kara Danvers

27 de fevereiro, sete e quarenta e cinco da manhã.

Atravessei o corredor do segundo andar correndo mais do que meus pés podiam aguentar; tentando equilibrar alguns livros de poesia que fiquei de devolver para a professora de português do ano passado, uma garrafa de água, meu celular e a tabela de horários que eu havia acabado de pegar na secretaria. Aquele era o meu primeiro dia de aula do último ano do ensino médio. Sim, no dia 27 de fevereiro, depois de praticamente um mês que as aulas já haviam retornado. É o que dizem, o ano só começa depois do carnaval, e eu quis levar o ditado ao pé da letra.

Especialmente, naquele dia eu estava mais atrapalhada que o normal. Quinze minutos atrasada para a aula de matemática, era tudo o que dizia naquele papel. Respirei fundo antes de dar dois toques na porta e abrir lentamente, colocando apenas minha cabeça do lado de dentro da sala. Praticamente desfaleci quando Lena Luthor me olhou com aqueles olhos tão verdes e intimidadores. Já havia a visto pelos corredores e também sabia do seu legado de mulher extremamente prepotente, porém, era a primeira vez que ela daria aula para mim. A sala estava em total silêncio, na lousa, algumas fórmulas de matemática enquanto ela explicava a matéria. Fiquei uns bons segundos paralisada sem dizer nada, apenas tentando formular alguma frase na minha cabeça que não fosse "ela é ainda mais linda de perto".

— Está perdida? – perguntou sarcástica.

— Não... Me desculpe... Professora, eu... Não estou perdida. – foi a única coisa que saiu da minha boca, na minha cabeça aquilo havia sido menos... Constrangedor? Sim, essa era a palavra. – Pensei que fosse o Senhor Olsen. – murmurei pra mim mesma um pouco mais alto que deveria. Ela continuou me olhando daquele jeito que me fazia quase perder o equilíbrio, esperando que eu ao menos pedisse licença para entrar.

— Entre, Danvers. – mandou indiferente e parcialmente sem paciência, cruzando os braços abaixo dos seios. Como ela sabia meu nome? Bom, no momento isso não era importante. Ela ainda tinha sua total atenção em mim, o que me fazia ficar extremamente nervosa. Por esse motivo, quando fui fechar a porta atrás de mim, acabei derrubando todos os objetos que estavam nas minhas mãos.

Eu estava morta de vergonha, sendo o centro das atenções de toda a sala, enquanto me abaixava para recolher minhas coisas – mesmo querendo absurdamente fingir que nada havia acontecido e apenas deixar aquilo caído no chão – pude ver Lena, pela minha visão periférica, lançando um olhar mortal para a turma, o burburinho e as risadas foram totalmente silenciadas.

Me levantei já com minhas coisas de volta em minhas mãos e o rosto provavelmente vermelho de tanta vergonha, procurei com os olhos por um lugar na sala. Terceiro lugar da terceira fileira, lugar este onde eu tinha uma visão privilegiada diretamente para a mesa da professora. Suspirei e me sentei o mais rápido que pude.

Abri minha mochila e retirei meu caderno e meu estojo, colocando-os encima da mesa. Olhei para a lousa a minha frente, e abri o caderno completamente novo e sem nenhuma palavra escrita. Eu estava bastante atrasada naquela matéria e totalmente perdida naquela sala. Haviam alguns rostos familiares, mas nenhum dos meus amigos do ano passado se encontrava ali. Isso não me preocupava tanto, já que eu tinha a incrível habilidade e facilidade de fazer amizade com qualquer pessoa existente. Ajeitei os óculos que insistia em escorregar pelo meu rosto e levantei a cabeça, tentando pensar em qual forma eu iria pedir para a Luthor me passar a matéria perdida.

Sweet TeacherOnde histórias criam vida. Descubra agora