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Kara Danvers

— Eu não acredito! – Alex gritou enquanto colocava a mão na boca, absurdamente chocada depois de eu ter encontrado-a no banheiro e ter contado o porquê de estar ali de mochila. – Sabe que a mamãe vai ficar furiosa quando descobrir que você tirou um zero, não sabe? – perguntou séria.

— Não me importo, aquela mulher está passando dos limites. Parece que ela tem problemas só comigo, e mais ninguém. – dei os ombros, Alex abriu um sorriso me abraçando. – Alex, ela precisa urgentemente transar, todo esse mal humor deve ser falta de sexo. – murmurei entendida.

— Ai que orgulho! Você é a primeira pessoa na história desse colégio a bater de frente com a senhorita prepotência. – ela esticou a mão para batermos um hi-five, revirei os olhos sorrindo e bati.

Alex e eu acabamos por ficar do lado de fora da sala e matamos o terceiro horário antes do intervalo. Quando o sinal tocou para a troca de professores e vimos Lena atravessando o corredor pisando tão fundo que seria capaz de abrir um buraco no chão, foi impossível não cair na risada. Lena me olhou por cima dos ombros pelo que pareceu uma eternidade, me fuzilando com o olhar, os lábios em uma linha reta e uma ruga de raiva na testa. Não me importei, na verdade, aquilo me fez sentir um incomodo no meio das pernas. Eu só queria que ela descontasse a raiva me fodendo com força. Ah, qual é? Quem nunca sentiu tesão por um professor que atire a primeira pedra.

[...]

20 de março, onze e quarenta da manhã.

Lena Luthor mais uma vez entra na sala de cara fechada. Ao menos deu bom dia. Era o nosso último horário de uma sexta feira e tudo o que eu mais desejava era que ela pegasse um pouco mais leve. Pelo contrário dos outros dias, Lena parecia frustrada, tanto que se sentou na sua mesa e apenas nos mandou fazer exercícios do livro. Fiquei observando-a a maior parte do tempo e como ela parecia perdida, certo momento ela descansou os olhos em mim, e por alguns segundos, não havia uma batalha para ver quem era mais resistente, pela primeira vez, consegui sustentar nossos olhares e ela, fez questão de me prender por alguns bons segundos. Depois daquele momento, quem ficou perdida fui eu. Talvez eu estivesse com problemas pois não conseguia tirá-la da minha cabeça nem por um segundo, tudo o que eu fazia era olhá-la, desejá-la e imaginá-la.

Aquilo era errado de tantas formas que eu não poderia imaginar. Primeiro, eu ainda era menor de idade. Segundo, Luthor era a minha professora. Terceiro, e bem mais velha que eu. Quarto, eu ainda estava me descobrindo, desde que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, não consigo parar de pensar na possibilidade de eu ser lésbica ou bissexual. Quinto, eu estava escondendo aquilo de Alex, o que me fazia ter a total certeza de que era um erro gigantesco. Se eu estava fazendo algo que minha irmã e melhor amiga não podia sequer imaginar, provavelmente eu não deveria fazer.

De terça a sexta eu ficava nervosa e ansiosa para a aula dela. Mesmo que batemos de frente silenciosamente todas as vezes que nos olhamos, gostava de como ela me olhava e como eu deixava que ela se sentisse superior a mim. Ela era muito demais, intensa demais, metida demais, presunçosa demais, inteligente demais e verdadeiramente, estonteante demais. Eu me encantava diariamente por milhões de pequenas coisas que ela fazia, como por exemplo simplesmente ensinar. Ela era encantadora quando explicava ou quando escrevia coisas na lousa e me dava a oportunidade de olhar a bunda dela. Todos naquela escola babava por Lena Luthor e pela beleza surreal que ela possuía, mesmo sendo conhecida como senhorita prepotência, ela era adorável, ela tinha um brilho nos olhos tão atraente. Ao mesmo tempo que ela parecia uma verdadeira fortaleza, dura e fria, ela era doce e incrivelmente simpatica. Eu sentia que havia muito mais dentro dela que um par de palavras rudes, ela parecia ser alguém que... Eu adoraria conhecer melhor.

E isso, nesse momento, olhando no fundo dos olhos muito verdes dela, me faz tem a certeza de que, eu me apaixonei por Lena Luthor.

O sinal tocou me dando um grande susto, naquele momento ele parecia muito mais alto do que realmente era. Mesmo que aquilo fosse um claro sinal de que todos poderiam sair da sala, ninguém ousava se levantar a menos que Luthor nos dispensasse. Ela levantou o olhar, entre um suspiro murmurou algo como "estão liberados".

Eu ainda estava assustada com a ideia de que eu estava realmente apaixonada pela minha professora, mesmo com todos os sinais gritando isso e todo o meu corpo implorando para um mínimo contato, eu não queria acreditar. Talvez fosse porque Alex ainda não estava ciente dessa loucura, e quando ela não estava a par de qualquer situação da minha vida, eu me sentia perdida.

Enrolei o quanto pude enquanto guardava meus materiais. Esperei que todos os alunos saíssem da sala, para então, jogar minhas coisas de qualquer jeito dentro da mochila e seguir em direção a mesa dela. Ela já estava de pé, guardando calmamente cada folha em sua devida apostila, com o olhar sereno e sua postura impecável. Vendo os cabelos devidamente arrumados e presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, minhas mãos imploravam para bagunça-los, sem contar que aquela boca pintada por um batom muito vermelho era convidativa ao extremo.

— Algum problema, Denvers? – ela perguntou com a voz fria, mas não tanto quanto normalmente costumava ser.

— Só queria saber se está tudo bem, professora. – respondi apoiando minhas mãos na mesa, Lena levantou o olhar intenso, quase me fazendo perder o equilíbrio, deslizei os dedos pelo meu óculos de descanso ajeitando-o para poder sustentar nossa batalha interna.

— Tudo ótimo. – deu os ombros me fazendo desviar o olhar, é o que eu disse, eu nunca me senti tão intimidada por ninguém quanto me sinto por ela.

— Notei que a senhora está um pouco... Diferente? – chamá-la de senhora me dava dez tipos de gatilhos diferentes. Gostaria que nossa relação fosse um pouquinho menos formal.

— Está tudo bem, Kara. Não se preocupe.

Era um pequeno passo, ela nunca se referia a mim pelo primeiro nome. Isso significava que estávamos progredindo.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, eu gostaria de ter algo para dizer, gostaria de ter algum assunto que prendesse a atenção dela toda em mim. Mas naquele momento, eu parecia uma idiota olhando para ela e desejando que pudesse ler meus pensamentos de alguma forma, já que eu nunca teria coragem o suficiente para dizer algo do tipo.

— Era só isso. – suspirei frustrada. Tentei mais uma vez manter contato visual com ela, Lena quase sorriu, ao menos ela desfez a cara de velório que mantinha durante toda a aula e curvou os lábios minimamente em um sorriso interno. – Tenha um bom final de semana.

— Você também. – foi a última coisa que ouvi antes de virar as costas e sair da sala.

Alex me esperava no fim do corredor com o semblante preocupado, me aproximei em silêncio, e ela logo me bombardeou de perguntas.

— O que houve? O que aquela mulher te disse? Ela fez algo pra você?

— Não é nada, é só sobre a matéria. – revirei os olhos, mentindo e me sentindo a pior pessoa do universo no segundo seguinte.

Eu tinha que ser um pouco mais corajosa para dizer em voz alta tudo o que eu estava sentindo. Alex era a única pessoa do mundo que poderia me dar algum conselho válido e me fazer entender que talvez eu estivesse enganada sobre meus sentimentos, aquilo poderia muito bem ser apenas uma atração, não é? Nada de paixão. Eu poderia estar extremamente atraída por Lena e o corpo magnífico que ela tinha, mas apenas isso.

•••

Sweet TeacherOnde histórias criam vida. Descubra agora