Acordando ao lado dele mais uma vez. Quando isso irá acabar?
O sol da manhã entrava pelas frestas da janela, iluminando vagamente o quarto escuro e longo, causando uma sensação agradável, porém monótona. O inverno em Greta já era perceptível, mas o sol sempre se punha, o que me causava certa alegria. Eu amava o sol. Carter amava o sol.
Então lembranças surgiram em minha mente, tais lembranças faziam-me certas perguntas: Ele ainda lembraria de mim? Uma luz de esperança se acendeu em meu coração por meus pensamentos terem se direcionado ao vislumbre de seus olhos. Esperava que encontrasse uma pessoa que realmente merecia seu amor. Mas no fundo, um pouco egoísta, torcia para que não acontecesse. Gostaria que fosse eu.
Ainda me recordo daqueles momentos tão preciosos que tive ao lado daquele homem. E subitamente, — meio inconsciente, — meus olhos se enchem ao saber que ainda poderia tê-lo. Ou não mais, nunca mais.
Descansei minhas pálpebras com força, em uma tola esperança de ter tudo apagado de minha mente. Seria menos doloroso. Mas essa mesma dor, poderia ser o meu combustível para continuar. Empertiguei-me ao sentir um súbito arrepio percorrer meu corpo. Em minha mente, a lembrança de um certo encontro percorria meus pensamentos:
— Lucy, volte aqui. - disse Carter em meio à risadas. — Será possível! Você é muito teimosa.
— Ora, tudo bem. Desta vez eu deixo você ganhar, por pura.... — soprei um vestígio invisível em minhas mãos — bondade.
— Meu Deus! Como você consegue?
Dei dois passos em sua direção, pousando as mãos na cintura.
— Consigo o quê?
— Ah Lucy, você é muito irritante! Mas eu te amo de uma forma absurda. Como consegue fazer isso? — disse, frazindo o cenho.
— É esse o respeito que você tem por sua esposa? Pois eu digo, que irritante é voc...
— Repita.
— O quê?
— O que você acabou de dizer.
— Eu estava dizendo que você é muito irritante.
— Não... — disse em meio à gargalhadas — não isso. Repita o que disse antes
— Ah.... bem, um dia serei sua esposa, não é mesmo? — dei uma piscadela.
Ele chegou mais perto, e consegui sentir seu hálito fresco em minha pele, o que me causou uma onda de arrepios. Alías, como era possível que uma pessoa se arrepiasse tanto?
— Você será tudo o que quiser. Mas o mais importante é que você se tornou uma parte de mim. Aquela parte que me faz arder de amor, e eu definitivamente não sei como isso é possível.
Os raios de luz entravam pelas frestas da porta abandonada e se refletiam no rosto de Carter. Ele sempre fora lindo, sua estatura era bem propícia para com a minha. Era muito mais alto, e eu gostava disso. Não sei dizer o que me levou a pensar assim, mas eu me sentia protegida perto dele. Eu definitivamente, não sabia. Também era forte, mas nem tanto. Isso se devia ao fato de trabalhar dia e noite, sem descansos, e seus olhos azuis eram como um mar tenebroso. Eu poderia flutuar com aquela visão.
Carter era muito pobre. Na hierarquia em que éramos submetidos, poderia se dizer que ele estava apenas há um degrau do precipício, e por conta desta situação trabalhava sem parar, por um salário miserável.
Ele nem ao menos poderia estudar. Estudar era um luxo em Greta, então Carter amava quando eu lia para ele, refletia e pesava cada palavra, na esperança de absorver alguma coisa delas. E o rei tomava conta da vida de cada pessoa, quanto mais pobres e analfabetos trabalhavam para ele, mais ele enriquecia.
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Amor & Liberdade
RomanceA luta entre o amor e a liberdade. Poderia ela, unir os dois? De um lado, existe o seu passado, humilde e apaixonante. De outro lado, existe a vida na qual ainda está acorrentada. Mas em um audacioso dia, ela encontra uma carta, que mudará todo o ru...