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14. Capitulo Catorze

Draco Malfoy

Eu estou beijando Harry Potter.

Harry não tentou se afastar quando eu me aproximei, pelo contrário, ele entrelaçou seus braços em torno do meu pescoço. Ficamos naquele ritmo lento até que eu me afastei de seu rosto, ainda segurando seu corpo contra o meu. Estamos respirando alto, Harry ainda não havia aberto os olhos pra me encarar, mas também não me soltou.

Cada palavra que eu disse a Harry era verdade. Eu passei os últimos anos repetindo a palavra "amigos" na minha mente, mesmo que as vezes houvesse momentos que eu não tivesse tanta certeza dela. Harry era uma pessoa incrível pra mim, eu encontrava um conforto nele que eu nunca havia encontrado em outra pessoa. Ele me tratava como eu merecia, e eu tentei enxergar isso de uma forma diferente, sempre sendo cego ao verdadeiro sentimento dele. Quando eu senti ciúmes por ver amigos meus interessados em Harry, quando Blaise o beijou e eu fiquei incomodado com aquilo por semanas, eu dizia pra mim mesmo que estava apenas com ciúmes da amizade de ambos. Mas eu sentia algo por Harry, eu costumava dizer que Harry pularia na frente de um carro por mim, mas eu faria o mesmo por ele, e só me dei conta disso,  quando ele foi embora.

Ver Harry longe de casa, pensar na ideia dele em outro lugar e nós dois nunca mais morarmos juntos, pensar que ele nunca mais estaria aqui pelas manhãs, que eu não teria ele contando animado sobre suas novas ideias, sobre nossos planos, isso tudo era muito assustador. A ideia de perder Harry era assustadora.

— Draco... o quê?.... o quê... — Ele começou.

— Me desculpe — Eu me afastei.

— Não, não peça desculpas. Eu só... estou confuso.

— Harry tudo o que eu disse não foi suficiente?

Harry apertou os lábios em uma linha fina. Eu o entendia apesar de tudo, fomos apenas amigos por anos, ele foi apaixonado por mim durante muito tempo, e principalmente, foi ignorado. Eu quem havia acabado de beija-lo, era compreensível que ele estivesse assustado.

— Harry — Eu continuei — Desculpe, eu sei que joguei tudo em cima de você de uma só vez. Eu pedi pra você vir aqui pois precisava te contar tudo. A ideia de te perder me assusta, mas vou entender se você estiver cansado disso tudo. Quero você bem.

— Só estou um pouco surpreso — Ele explicou — eu não sei o que dizer agora.

— Você não precisa. — Eu caminhei lentamente passando por ele em direção as janelas. A cortina estava apenas um pouco aberta, olhei para a fenda de luz que passava por ela, as janelas dos prédios já se apagando, outras sem hora pra apagar.

Escutei os passos de Harry vindo em minha direção, ele parou ao meu lado, e eu acompanhei seus movimentos da mão indo em direção a cortina. Ele abriu uma delas e tivemos a imagem das ruas outra vez. Não nos olhamos, apenas o som das nossas respirações fazia coro com os sons da cidade.
Senti os nós dos dedos de Harry tocarem levemente a palma da minha mão, e em seguida se entrelaçarem nos meus.

Não ousei olhar para nossas mãos juntas, um pouco trêmulas pelo momento. Eu conseguia sentir toda a tensão dos ombros de Harry assim, apenas com o seu toque. Ele também não olhou, nem para as mãos nem para o meu rosto. Não sei explicar o porquê mas meus olhos marejaram, eu não queria que ele escolhesse desistir de mim, cometi erros horríveis mas estava disposto a fazer qualquer coisa pra provar que eu tinha certeza dos meus sentimentos.