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17. Capitulo dezessete

Harry Potter

A primeira vez que sentei em frente ao meu notebook para escrever, eu estava um pouco perdido. Eu escrevi meu primeiro livro "De frente pro mar".

Foi o primeiro romance que escrevi. E eu adorei cada página daquele livro.

Por algum motivo, eu consegui publica-lo, e as pessoas compraram. Eu lembro que Draco me deu parabéns quando eu anunciei isso durante nosso almoço, ele não sabia ainda do que se tratava, nem poderia. Eu não deixei vestígios que pensava nele quando escrevi aquele livro, apenas era uma pessoa apaixonada por outra, nada que me entregasse.

Porém, quando me formei e meu segundo livro estava publicado, Draco ainda não sabia.

Tudo se tornou tão simples, fazer aquilo era simples. Eu gostava de escrever e poder desabafar sobre coisas que eu tinha certeza que meus amigos não aguentavam mais me ouvir falar toda semana.

Draco me convidou pra morar com ele na nossa última semana da faculdade. Eu lembro como senti um turbilhão de coisas ao ouvir aquelas palavras. "Harry, quero ir morar sozinho. E você ainda é a melhor companhia que eu penso pra vir comigo. Eu encontrei três apartamentos bacanas, ambos com dois quartos. Se tiver interesse me mande mensagem, que seremos colegas de quarto."  Ele mandou aquele áudio a noite, e a minha única reação foi responder um "sim".

Eu não sabia que aquele sim me levaria pra onde estamos hoje. Draco dorme quase todas as noites ao meu lado, ele me acorda com beijos no rosto, as vezes me traz café na cama. Ele faz questão de me perguntar todos os dias como eu estou, se eu preciso de algo, me traz doces quando eu fico até tarde da noite no computador. Quando eu conto essas coisas para as pessoas, elas quase não acreditam que Draco realmente é assim, quando estão acostumadas a ver o Draco que ele passa normalmente.

Ele tem me ajudado muito com a construção do meu novo livro. E diferente dessa vez, poder sentar com ele na nossa sala e discutirmos o que é ou não relevante. Draco me disse que não se importava em ter um personagem com suas características no livro, não dei muita atenção no começo, mas quando a primeira página surgiu, eu percebi que desta vez poderia fazer diferente.

Neste próximo livro, eu contarei a história de Amélia.

Amélia cresceu nas ruas do Brasil.
Uma menina abandonada pela mãe e pelo pai, criada por aqueles que a encontraram no caminho, alimentada por aqueles que sentiram pena. Amélia nunca teve casa, ela nunca teve a quem recorrer quando sentiu fome, ou quando sentia que precisava de um abraço.
Ao completar seus dezesseis anos, ela sofre uma tentativa de assalto, onde uma arma é posta sobre seu rosto.
Como o piscar de uma vida, Amélia explode em meio a luzes e gritos. O assaltante morre queimado por toda a luz que Amélia demora tempo suficiente pra correr e entender o que havia acontecido. A luz havia saído dela, ela havia explodido o homem a sua frente pra salvar sua própria vida.

Ela era poderosa. Uma mulher que apesar de ser despercebida por todos, tinha o dom de tirar e devolver vidas apenas com a mente.

Amelia precisou ter que quase morrer para descobrir que a luz brilhava dentro dela mais do que em pessoas comuns. Apesar de ter escrito sobre Draco todos esses anos, essa vai ser finalmente a primeira vez que eu irei escrever sobre mim mesmo, alguém que manteve a luz escondida dentro de si durante todo esse tempo, e precisou partir dois corações inteiros para chegar onde chegou.

Eu criei um personagem do qual falarei de Draco. Não tanto quanto das outras vezes, mas o suficiente pra expressar o quanto ele mostrou que a luz brilhava dentro de mim. Que ele despertou coisas em mim que jamais ninguém despertou.

Apesar de Draco ainda estar presente nesse livro, eu sei que ele estará em qualquer coisa que eu fizer, mesmo que eu não queira. Quando se ama uma pessoa, você coloca as qualidades e defeitos dela em tudo que faz, pois ela está presente em você, assim como Draco Malfoy sempre esteve em tudo que eu toquei e fiz.

Ele é, e sempre será a minha maior inspiração.