Na manhã seguinte Sawyer estava acordado, olhando para o teto do seu quarto. Sozinho, pensando no seu irmão. Sawyer sabia que a vida de Seth estava cada vez pior. Às vezes Sawyer se perguntava como ele conseguia manter a casa deles, mas ele sabia que não gostaria da resposta. Sawyer tentou ser igual o Seth. Até o ajudou diversas vezes com mercadorias e ligações. Mas Seth o tirou do caminho no seu primeiro erro.
— Onde já se viu errar de endereço? Você sabe a merda que seria pra mim caso a pessoa errada recebesse esse pacote? — ele disse naquela tarde de verão. Os amigos de Sawyer foram até a sorveteria enquanto ele tinha outro compromisso naquele dia.
— Mas eu consegui recuperar a tempo! — ele berrou, tentando fazer com que Seth percebesse seu esforço, ou ao menos desse algum crédito para ele. Mas Seth não admitia erro algum.
Sawyer deveria era agradecer Seth por tê-lo tirado daquela vida.
Mas Sawyer sentia certa saudade daquele tipo de trabalho. Ele conseguia dinheiro fácil, mesmo Seth pegando 90% para ele. Mesmo sabendo que nenhum dos dois deveria fazer aquilo, Sawyer temia que aquela fosse a única realidade para eles.
Sawyer estava refletindo sobre seu futuro quando escutou alguém batendo na porta. Desceu as escadas correndo achando que era algum de seus amigos, mas quando a abriu, era um homem um pouco mais velho que seu irmão. Alto, cabelos bagunçados e uma falha enorme no dente da frente, Sawyer se concentrou naquela falha enquanto escutava o homem perguntar onde estava seu irmão.
— Só um instante. — Sawyer subiu as escadas em direção ao quarto de Seth. Ele estava deitado na cama, dormindo. Usava apenas uma cueca, as cobertas jogadas no chão. Seth roncava alto, mas sua respiração era tranquila. Sawyer notou como seu irmão estava magro. Todos os dias ele se surpreendia com isso. As costelas de Seth estavam salientes, Sawyer quase podia senti-las sem nem mesmo tocá-las.
— Ei — Sawyer o cutucou no ombro. Seth murmurou alguma coisa e virou de lado. – Tem um cara lá na porta.
Seth abriu os olhos vagarosamente. Colocou uma das mãos na frente do rosto para proteger os olhos do sol que entrava pela sua janela naquela manhã. Olhou para Sawyer, um pouco confuso, e bufou.
— Que?
— Um homem. Está te esperando lá na porta. – Sawyer disse e saiu do quarto.
Sawyer voltou para o seu quarto e podia escutar seu irmão descendo as escadas, seus passos cada vez mais pesados na escada velha de madeira.
— O que você está fazendo aqui? Sabe que não pode vir. — foi a única coisa que Sawyer conseguiu escutar Seth dizer.
A conversa dos dois eram apenas murmúrios, Sawyer considerou descer para tentar escutar a conversa, mas sabia que seu irmão não gostaria dessa atitude.
Antes de Seth fechar a porta, Sawyer escutou seu irmão dizer "só quero uma de cano curto mesmo".
Keith estava preocupado naquela manhã. Ingrid, a mãe da criança que Keith seria pai, iria pela primeira vez até o hospital para saber como estava a gravidez, mas Keith não poderia ir por causa do seu novo trabalho.
— É estranho estar aqui sabendo que ela provavelmente está descobrindo o sexo do bebê.
— Acho que ainda é cedo pra isso — Marion disse. Ela e Keith trabalhavam no turno da tarde na lanchonete do bairro, sempre reclamavam do lugar, mas era o único estabelecimento que ele poderia trabalhar enquanto ainda era menor de idade.
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BADLANDS | ✓
JugendliteraturInseparáveis, talvez pela característica em comum da péssima relação com suas famílias, os jovens Keith, Aiden, Sawyer e Tristan cresceram juntos. Sobreviventes, encontraram entre si refúgios de suas realidades cruéis, ainda se tratando de suas próp...