O silêncio era ensurdecedor enquanto Aiden olhava para Sawyer deitado, encarando o teto do quarto. Ele queria dizer algo, reconforta-lo, mas não sabia o que dizer.
- Aquela cena não sai da minha cabeça – Sawyer irrompeu o silêncio, mas sua voz era um sussurro arrastado.
Sawyer reviveria aquela cena o tempo inteiro. Reviveria as palavras de Seth enquanto o arrastava pelo bairro até ficar longe dos policiais.
- Você não pode fazer nada – ele havia dito, lhe encarando com aqueles olhos selvagens que Sawyer tinha igual – A gente não pode se envolver com a policia.
- E é certo deixar uma criança morrer porque você tem medo de ser preso pelas suas merdas? – Sawyer grunhiu, enquanto ainda tinha força para falar.
- Não é – Seth suspirou – mas você precisa entender como o mundo funciona.
Sawyer não entendia. Não compreendia como um policial poderia fazer aquilo com alguém sem a pessoa fazer absolutamente nada.
- O policial vai te cassar até o inferno se você fizer algo contra ele – Seth disse antes de chegarem à lanchonete naquela tarde. O tom usado por ele parecia ameaça e não um conselho de irmão.
- Você não tinha o que fazer – Aiden disse, tirando Saywer do transe. Ele olhou para o lado, encarando Aiden.
- Eu tinha, sim – ele bufou.
Sawyer odiava muitas coisas.
Odiava quando pessoas desconhecidas se aproximavam de seus amigos.
Odiava o fato de sua mãe só estar bem porque Seth pediu que ela parasse de tomar remédios.
Odiava sentir ciúmes de Aiden, embora não pudesse falar nada.
Odiava saber que todos o comparavam com Seth assim que os vissem lado a lado.
Mas acima de tudo, ele odiava injustiças.
E foi com isso em mente que Sawyer saiu de casa naquela madrugada, determinado a fazer algo de diferente do que fez há algumas horas.
Aiden ficou dormindo porque Sawyer não o deixou ir junto, era algo que ele precisava lidar sozinho.
Sawyer encarou a porta de madeira pino e respirou fundo.
Já passava das duas horas da madrugada.
"Nenhuma notícia boa chega às duas horas da madrugada", ele pensava enquanto estava parado na frente da porta.
Sawyer queria ser a notícia boa.
Bateu três vezes na porta e percebeu a luz do andar de cima acender. Ele se afastou e olhou para a pessoa na janela.
- O que tá fazendo aí, perdedor? – Mikael encarou Sawyer e cuspiu em sua direção – já desço.
Mikael tinha a mesma idade de Sawyer, prestes a se tornar de maior. Mikael sempre tratou Sawyer do jeito que ele gostava: indiferente e divertido, do jeito que ele gostava de tratar seus amigos.
- Que cara pálida igual papel é essa?
Mikael era quase do tamanho da porta de tão alto, estava sem camiseta e os cabelos crespos bagunçados, ergueu o braço esquerdo na porta e encarou Sawyer com aqueles olhos claros, a boca em um sorriso divertido.
Sawyer tentou olhar para qualquer coisa, menos os seus braços musculosos e seu peitoral. Ergueu a sobrancelha e soltou o ar, percebendo sua respiração saindo como fumaça de sua boca. Esfregou as mãos e as enfiou no bolso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
BADLANDS | ✓
Dla nastolatkówInseparáveis, talvez pela característica em comum da péssima relação com suas famílias, os jovens Keith, Aiden, Sawyer e Tristan cresceram juntos. Sobreviventes, encontraram entre si refúgios de suas realidades cruéis, ainda se tratando de suas próp...