O Guerreiro e a Camponesa

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Naquele dia claro, quando a primavera estava em seu ápice, Nicolas se dirigiu aos campos que rodeavam Esparta. Junto com seu amigo Pedro, eles seguiram a cavalo até uma fazenda no topo de uma colina onde receberam a notícia que havia um garoto.

   Era uma atividade simples. Em Esparta, todo garoto que completava cinco anos deveria iniciar nos treinamentos, aquilo não era algo que ele nunca tivesse feito antes. Pelo menos era o que Nicolas achava.

   Quando chegaram na fazenda, avistaram o garoto, que brincava com uma espada de madeira na frente. Quando ele os avistou correu para dentro. Logo em seguida voltou segurando a mão de alguém.

   Ao lado do garoto estava uma jovem mulher de pelo menos vinte anos. Seus cabelos eram ruivos e sua pele era muito pálida. Usava um vestido rasgado e sujo e algo que parecia farinha.

   — O que vocês querem? — Perguntou a mulher.

   — Seu garoto está na idade de ser recrutado. — disse Nicolas.

   Ela olhou para o menino e depois para eles, e tão disse:

   — Vocês não vão levar meu irmão.

   — Precisamos. Você, como moradora das terras de Esparta, sabe muito bem disso.

   — Mas não irão. — ela abraçou o garoto o protegendo.

   Nicolas se aproximou da jovem para tentar conforta-la de alguma maneira, porem a mesma reagiu de forma inesperada cuspindo em sua cara. Ele recuou imediatamente limpando o rosto.

   — Como ousa, sua cadela. — disse Pedro puxando sua espada.— Somos Espartanos. Os guerreiros mais poderosos desse mundo.

   — Calma Pedro. — disse Nicolas estendendo a mão para acalma-lo. — Não precisamos usar a força

   A mulher já se preparava para reagir outra vez, então Nicolas disse:

   — Senhorita, se não permitir que levemos seu irmão conosco, uma tropa inteira vira até aqui e o tirará de você a força. Você não vai querer isso. Por favor, deixe-me levá-lo comigo. Eu me encarrego de dar-lhe notícias sobre seu treinamento e prometo que não deixarei que sejam tão duros com ele.

   Ela olhou para os dois homens por alguns segundos com lágrimas nos olhos. Então olhou para o garoto e disse algo em seu ouvido. O garoto pareceu querer chorar mas por fim estendeu a mão para Nicolas.

   — Eu já havia falado para ele que logo chegariam para pega-lo. ,— disse ela. — ele irá com vocês. Irá encarar o treinamento.

   — Tenho certeza que sim.

   Logo após eles se retiraram da fazenda rumo a cidade para levar o garoto. Porem, o pensamentos de Nicolas continuaram na fazenda. Nicolas não conseguiu parar de pensar na beleza da moça nos dias seguintes. Nunca havia conhecido uma mulher tão corajosa a ponto de enfrentar Espartanos da maneira que ela o fez. Aquilo o deixou pensativo.

   Dois dias depois ele voltou a fazenda. Queria vê-la outra vez, e usaria as notícias do irmão como pretexto para isso.

    Ao chegar na fazenda, ela não o convidou a entrar, apenas perguntou como o irmão estava.

   — Ele é um garoto forte. — disse Nicolas, — derrotou todos de sua turma no primeiro treinamento. Se dará bem, como guerreiro.

   — Eu  sei que sim. Obrigado, soldado.

   Ela começou a fechar a porta.

   — Espera — disse Nicolas colocando a mão e impedindo a fechada. — Eu achei que nós podíamos...

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