Romances Indignos

A princesa e o Eunuco

Azenath acordou cedo naquele dia. Pulou de sua cama com um só salto e pisou no gato, que dormia ao lado, o mesmo miou freneticamente e correu para fora do quarto. O sol já brilhava do lado de fora, e seu olhar fitou a cidade a frente. Aquele dia era especial.

   Na porta do seu quarto, sua criada a esperava. Em suas mãos haviam tecidos brancos.

   — Ótimo que acordou princesa Azenath. Precisa se lavar para seu compromisso de hoje.

   — A cale-se, Ana. Eu não ligo para bençãos idiotas.

   Ao proferir tais palavras, ela se arrependeu na mesma hora. Não queria ser rude com Ana, que era quem mais a compreendia naquele lugar. Ignorando o olhar de incompreensão de Ana, ela voltou a olhar pela Janela.

   O sol já deveria ter nascido a pelo menos uma hora, mas as ruas da cidade já estavam movimentadas. Como uma grande apreciadora na natureza, Azenath admirou tudo que era iluminado por Rá aquela hora do dia. Desde as montanhas ao norte, e o Nilo que corria a Oeste. Bem abaixo dela, na grande praça comercial que existia na frente do palácio, uma grande quantidade de gente já estava reunida em seus afazeres.

   A voz de Ana trouxe Azenath de volta a realidade.

   — Você precisa ir até o templo de Hórus ainda está manhã, minha princesa. O sacerdote Mofes precisa lhe dar a benção, para que tenha um casamento feliz.

   — Achei que um casamento feliz deveria ter felicidade dos dois lados.

   — Deveria estar feliz, princesa. O príncipe Apófise será um grande faraó um dia.

   Azenath revirou os olhos diante da afirmação de Ana.

   Ela havia acabado de entrar na vida adulta e logo se casaria com Apófise, um príncipe do baixo Egito. Tal casamento a deixava nauseada.

   Maldito sacerdote, que sempre coloca ideias ruins na cabeça de seu pai.

   Seu coração não estava no baixo Egito, nem mas infinitas riquezas que ele lhe ofereceria. Ele estava em outro lugar.

   Logo após se banhar e se vestir, Azenath evitou descer as escadas para o salão principal. Ao invés disso, ficou em seu quarto penteando suas perucas enquanto seu gato descansava sobre sua cama. Por volta do meio dia Ana veio a seu quarto solicitando que ela a acompanhasse.

   Azenath não teve escolha, precisava ir.

   Quando desceu, não foi até o salão principal onde seu pai repousava em seu trono revestido em ouro. Recebera a notícia que um mensageiro do Baixo Egito havia chegado a pouco tempo e que Apófise já estava a caminho.

   Ela precisava impedir esse casamento a todo custo.

   Ir ao templo de Hórus acabou sendo conveniente naquele dia, pois lá ela encontraria Sebak.

   Quando Azenath chegou até sua carruagem, sua mãe já a esperava.

   Claro que ela estaria presente.

   Azenath sentiu um pouco de ódio naquele momento. Esperava conseguir fugir por alguns minutos para conversar com Sebak e acertar qualquer detalhe do seu plano maluco.

   — Finalmente você chegou. — disse Zara, mãe de Azenath.

   — Tentei evitar tudo isso.

   — Não pode evitar, minha filha.

   — Que seja.

   A medida que a carruagem se deslocava do palácio para o templo, ela sentiu nervosa. Sim, oque ela iria fazer era loucura. Uma completa loucura. Mas estava determinada, e Sebak estava ainda mais.