A Donzela e o Ladrão.

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Quando a noite caiu sobre a cidade de Londres, Izabele teve que esperar longas horas até que a mansão estivesse calma o bastante para que tudo pudesse estar pronto para sua visita. Então apenas ficou em sua janela a espera do momento certo.

     Durante o dia, havia ficado esperançosa de que veria Nathan outra vez, mas infelizmente sua mãe não havia colaborado.

   Ela havia conhecido Nathan a dois  dias em uma visita a uma loja de joias na cidade. Ele não era bem o tipo de homem na qual ela devesse se envolver, pelo menos era o que sua mãe vivia dizendo; ele era um marinheiro e vivia sempre sujo de carvão, ou fedendo a peixe. Além de tudo, era ladrão. Sim, ela o conheceu após ser roubada por ele. Enquanto ela e sua mãe escolhiam joias para comprar, ele passou por ambas e arrancou seu colar de pérolas. Por sorte foi pego minutos depois, por guardas e forçado a devolver tudo. Ele teria sido preso por roubar pessoas da Alta Sociedade, mas ela foi benevolente e pediu sua soltura gentilmente.

   Foi naquele dia que eles trocaram as primeiras palavras.

   — Obrigado por fazer eles me soltarem, milady. — disse Nathan alongando o ombro que havia sido machucado pelos guardas.

   — Não sei o que deu em mim, na verdade.

   — Você não sabe o que fazem com homens que roubam mulheres, na cadeia.

   — Certamente você merece.

   Ele começou a rir. Quando sua mãe notou a conversa, rapidamente interveio e disse:

   — Izabele, venha. Não troque palavras com esse imundo.

   E puxou pelo seu braço a forçando a ir embora, porém ela não pode deixar de olhar para trás e vê-lo fazendo uma reverência antes de sumir de vista.

   Foi então que percebeu que havia gostado dele. Sim, era maluquice. Ele era sujo, mal educado e um ladrão. Mas gostou.

   No dia seguinte convenceu sua mãe a voltar até aquela área da cidade. Se desse sorte o veria de novo. Sua mãe, que não desconfiava de seus planos, rapidamente se distraiu com as bijuterias que as feiras de Londres tinham a oferecer.

   — Olha só quem eu vejo outra vez. — disse alguém atrás de Izabele. Era Nathan, como esperado.

   — Não esperava vê-lo aqui outra vez, ladrão.— mentiu Izabele.

   — Talvez seja o destino. Como se chama, senhorita?

   — Sou Izabele. Filha do Conde Gerry. E você é...

   — Nathan. Só Nathan.

   Ela fez uma reverência. Então ele ofereceu o braço para um passeio. Antes de aceitar ela olhou para sua mãe. Ela não notara a conversa, então poderia fugir um pouco.

   Aquela foi a primeira vez que ela pode conhecer Nathan melhor. Ele tinha vinte e um anos; mais velho que ela quase um ano e meio. Era carismático e possuía um equilíbrio perfeito entre bondade e ganância. Sua pele era morena, e ele sempre usava roupas surradas.

   Vez ou outra alguém os olhava enquanto conversavam. Uma donzela bem vestida com roupas  de classe, e um marinheiro pobre e mau vestido. Era uma contradição engraçada e ambos de divertiam com os olhares.

   — Então você mora em uma mansão? — perguntou Nathan enquanto eles voltavam para o local do início do passeio. Eles haviam rodado toda a feira e aquela altura a mãe de Izabele já deveria estar louca a sua procura.

   — Sim. Com dezenas de quarto e empregados.

   — Empregados?

   — Sim. Daqueles que te trazem xícaras de chá a tarde.

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