CINCO

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Jungkook | 🐰


Arrumei o colarinho da camisa quando paramos no restaurante. É claro que Hyuna escolheu o Jungsik Seoul para o nosso primeiro “encontro”. Era só um dos lugares frequentados por celebridades mais conhecidos de Seul. Os fotógrafos ficavam acampados nas calçadas todas as noites da semana e essa noite não era uma exceção. Os flashes começaram a disparar quando ainda estávamos a meio quarteirão de distância, porque todos os paparazzi reconheceram meu carro. Eles iriam enlouquecer quando percebessem que nessa noite eu estava jantando com Kim Hyuna.

— Você está pronto, oppa? — Hyuna provocou do banco de passageiro.

Meu estômago deu cambalhotas. Hyuna estava um tanto ávida demais por todo esse fingimento desde o início. Ela se atirou em mim quando nos vimos pela primeira vez e eu cometi o erro de levá-la para minha casa. Levei apenas alguns dias para perceber como aquilo tinha sido estúpido. Ela parecia não entender que uma noite de diversão para aliviar a tensão depois da filmagem era apenas aquilo: uma noite de diversão. Levei semanas para convencê-la de que não estava interessado em nada mais e tive que desfilar dezenas de outras garotas na frente dela para fazê-la entender.

Olhei para ela mais uma vez. Ela passou um pouco de brilho nos lábios e depois riu.

— Você age como se tivessem pedido que cumprisse uma sentença de prisão.

Eu quase sorri. A afirmação era surpreendentemente precisa.

— Não sei por que você está tão ranzinza por isso. A maioria dos homens mataria para estar em um relacionamento comigo.

Mesmo que Hyuna não fosse uma megera calculista de alto custo, egoísta e mais estúpida que um peixinho dourado, eu não a namoraria de verdade. Eu não namorava ninguém — pelo menos não mais que uma vez.

— Eu não gosto de namoros.

— E por que não? Acho divertido.

Para que um relacionamento fosse real, era necessário que a pessoa usasse o coração, e meu coração não funcionava mais. Não pelos últimos dois anos, mas eu não estava disposto a explicar isso a Hyuna.

— Apenas não gosto.

Hyuna parou de se enfeitar e virou-se no banco para me analisar com olhos inquisidores. Depois de algum tempo, os lábios dela se curvaram em um sorriso presunçoso.

— Que ironia. O destruidor de corações favorito da Coreia não namora porque foi machucado por uma garota.

Travei a mandíbula e desviei o olhar para a janela da frente. Eu não falava sobre Jimin com ninguém, muito menos com Hyuna. A mídia nunca deixaria passar uma informação dessas, principalmente com o combo da revelação da minha sexualidade. Se a história de eu ser apaixonado por uma pessoa que eu nunca havia conhecido e ainda mais, que ela havia morrido, já criaria um escândalo, imagine se descobrissem que essa pessoa era "Ele" e não "Ela". Eu nunca sujaria a imagem dele assim. "O falecido amante de Jeon Jungkook". Estava fora de questão.

Hyuna riu novamente.

— Uau. Quem quer que ela seja, certamente magoou você.

Olhei firme para ela.

— Esse assunto está proibido. Pare de falar disso ou vou te dar um pé na bunda e encontrar alguém mais interessante para me divertir esta noite.

O sorriso de Hyuna desapareceu e os olhos dela cintilaram com malícia.

— Esse relacionamento vai me lançar à popularidade. Não vou deixar que estrague isso porque alguém deu um fora em você. Se estragar isso, acabo com a sua carreira. Quando eu tiver terminado, terá de se mudar para o Polo Norte para escapar do sofrimento que vou causar à sua vida.

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