Prólogo

6.6K 540 768
                                    


A madrugada fria daquela noite de outono fazia a pele bronzeada da mulher morena se arrepiar.
Já passava da meia noite, enquanto ela ouvia os gemidos e grunhidos desesperados do homem de meia idade amarrado aos seus pés.

Matar já fazia parte do currículo da garota intitulada "Anjo da morte", era uma das mais requisitadas para uma morte silenciosa e discreta, sendo a assassina de aluguel mais cara da França.

O homem já calvo e com lágrimas nos olhos implorava, mesmo com a boca amordaçada, o que fazia a mulher de cabelos negros o desprezar ainda mais.

—Sabe, eu até te deixaria vivo, você me parece do tipo que depois de tomar um susto se arrepende e some no mundo, mas você acabou fazendo algo obscuro de mais. Senhor Hastings, não é? Mais um norte americano...vocês parecem ser viciados em dinheiro, é algo surreal. Tanto que isso lhe subiu a cabeça.

Com um suspiro profundo, a mulher andou sem muita pressa até a escrivaninha daquele escritório, para um chalé até que o local era bem preparado para o trabalho do empresário.

Abriu a portinhola sob a mesa, onde encontrou vários frascos, diferentes venenos, e claro, ácidos. Mas o que o Anjo usaria, era algo um pouco mais forte.

Seus dedos finos envoltos de uma luva negra se agarraram num vidro grosso e opaco, onde vinha escrito no rótulo "ácido sulfúrico", e com os passos leves ela voltou para perto do homem.

—Você matou uma garota, Chamada Marianne Delyon. Ela foi encontrada às margens do Rio Garona. Você confessa esse crime?– A garota perguntou, agora tirando o trapo de roupa da boca do homem, já que isso o impedia de falar.

—Você está completamente louca! Eu vou chamar a polícia, você é uma psicopata!– E com um suspiro a garota abriu o frasco de ácido, segurando o homem pelas bochechas enquanto mantinha o vidro parado em cima dos olhos azuis do magnata.

—Sua última chance, senhor Hastings. O senhor confessa esse crime?—A pergunta da garota saiu mais calma ainda que antes.

—Olha, Alícia, eu tenho muito dinheiro, eu posso te pagar bem, então pode me soltar e eu pego o dinheiro para você! Eu prometo, apenas me deixe sair daqui.– O tom de voz parecia um pouco desesperado, mas a resposta não parecia ser a que a morena queria ouvir.

A mulher virou o pulso. Despejando o líquido sobre os olhos que antes eram azuis, mas agora estavam virando algo nojento e bagunçado, parecendo uma massinha de brincar vermelha.

Os gritos ensurdecedores apenas deixavam a Anjo ainda mais irritada, fazendo com que ela despejasse ainda mais o conteúdo.

—O senhor Lavigne mandou lembranças, e me pediu para que eu te desse os parabéns por ter roubado da empresa dele. Mas acho que você não vai poder responder.– Mesmo cego, o homem não parava de gritar, sendo inútil já que seu chalé havia no mínimo três quilômetros quadrados de propriedade privada, então ninguém jamais ouviria o que acontecesse nesse local.

A morena encarou a janela, e a lua estava brilhante de mais para uma noite fria, mas ainda era um clima agradável.
Ao se cansar de tanto ouvir os gritos, a menor segurou o rosto do Hastings com uma mão, e com a outra despejou o conteúdo do vidro na boca do homem, o obrigando a beber aquele líquido que mais parecia lava descendo por sua garganta.

Assim que os pés com sapatos de couro caro pararam de se debater, o Anjo percebeu que ele havia morrido, assim o soltando, e se afastando.
Pegou seu casaco vermelho do sofá no canto da sala e saiu pela porta sem fazer muito esforço, era visível em seu rosto o nojo e o desprezo por esse tipo de pessoa egoísta e traíra, mas nem mesmo ela, uma assassina de aluguel, tinha estômago para esse tipo de cena. Mas ainda assim, o que mais irritou a morena foi precisar andar quilômetros até chegar em sua casa agora.

Red Bone [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora