Capítulo II - Le temps de l'amour

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 Depois da conversa estranha e casual na padaria, Nicholas finalmente voltou para a delegacia, novamente evitando o olhar dos seus companheiros de trabalho, passando direto até uma porta de ferro pesada,onde ele entrou sem nem aviso prévio.

—Já encontrou algo que eu possa usar?— O tom de voz autoritário do delegado fez Victor, o legista, se assustar quase derrubando as pipetas que carregava em um suporte de madeira.

 A sala totalmente branca e fria sempre deixou o delegado desconfortável, mas ele jamais iria admitir isso para alguém, por fora ele era sério e impossível de se descobrir o que pensa, mas sua mente nunca parava de trabalhar e arquitetar suas conclusões.

O homem de jaleco colocou a mão no peito sentindo seu coração acelerado, ambos presentes naquela sala se encararam por longos segundos até que Nicholas se adiantou a puxar a cadeira de rodinhas e se sentar encarando os papéis.

—Você não vai gostar da resposta.— Victor se aproximou assim que percebeu a expressão confusa e impaciente de seu irmão mais velho. — As amostras que conseguiram coletar na cena do crime não eram nada além de cabelo sintético...

Mesmo tentando ser delicado ao explicar, o legista podia ver a expressão de raiva do moreno mais velho, era visível que parecia nervoso a ponto de quebrar a porta com um soco.

—Victor, é melhor você ter uma explicação bem melhor que isso, se eu ficar de mãos vazias o caso vai ser arquivado!— Seu tom de voz subiu um pouco, mas assim que ele percebeu tentou se policiar.— Não tem nada além disso? Nada mesmo?

—Não tem muito que eu possa fazer com um fio sintético de uma peruca, o material usado é bem específico, mas eu acredito que temos cerca de dezenas de lojas que trabalham com ele, sem contar que pode ter sido encomendada de fora. 

O médico já estava com os ombros caídos e uma expressão cansada de quem não dorme a dias, assim como o resto da equipe.

— A única coisa que me chamou atenção é que os resultados batem com o caso arquivado do Senhor Said, acha que estamos lidando com um assassino em série?— Victor comentou enquanto abria uma das gavetas da grande estrutura metálica no canto da sala, e voltou com os arquivos a qual se referia, colocando a análise das amostras lado a lado.

O mais velho se levantou com pressa, analisando cada palavra escrita nos dois papéis colocados em comparação, e realmente tinham uma certa semelhança, sendo a única diferença o comprimento do fio.

—Mas isso não faz sentido, Said foi afogado na banheira, já o Senhor Collins foi espancado até a morte com um troféu de beisebol que ele tinha em sua estante.— O legista soltou uma lufada de ar pelas narinas assim que terminou sua frase, tentando não perder a compostura.

— Nenhum dos dois tem pistas, Nem digitais, nem mesmo as câmeras viram. Tem que ter algo, ou alguém que viu. Eu vou interrogar os vizinhos novamente!— Depois de alguns segundos encarando os papéis, finalmente o fardado saiu da sala, deixando o homem mais novo parado no meio daquele local frio, o que já era típico de Nicholas fazer, e já nem surpreendia mais o seu irmão.

Ambos voltaram as suas posições como em todos os outro dias, esse trabalho não era fácil, ainda mais agora em tempos de eleição, todos os lados estavam pressionando o departamento em busca de resposta, e todos sabiam que aquela sede por justiça só estava mascarada por interesses políticos.

A escassez de provas e a falta de testemunhas só faziam parecer que aquele fora um crime perfeito, mas crimes perfeitos não existem, ao menos não em Toulouse. A noite chegou mais uma vez no departamento de Alto Garona e todos voltaram à estaca zero, tendo o seu progresso interrompido pelo tempo que estava cada vez mais curto.

Red Bone [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora