Capítulo V- Mon amie la rose

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Mal amanheceu na cidade rosa, e Victor já corria de um lado para o outro.

A sala completamente clara pelas luzes artificiais deixavam aquele lugar ainda mais gelado do que realmente era, mas isso não incomodava o legista, pelo contrário, ele odiava locais escuros onde precisaria forçar as vistas para poder enxergar alguma coisa.

Na madrugada da noite anterior foi aberto um chamado, um homem de meia-idade e tez pálida foi encontrado morto em seu chalé particular, mas Victor estava totalmente confuso, isso era algo incomum, em poucos meses já haviam três assassinatos, e pelo andar da carruagem, todos seriam arquivados. O legista já sabia o que estava por vir, Nicholas ficaria furioso se mais algum caso fosse arquivado, e Victor nem mesmo tentaria o acalmar, era totalmente inútil nessa situação.

Com um suspiro pesado, Victor se esticou em sua cadeira, e seu olhar repousou na vasilha azul em cima de sua mesa. Aquela loira que sempre frequentava a delegacia era estranha, mas no pensamento do legista ela devia ter alguma coisa com o Nicholas, já que o delegado Wild não era do tipo que tem amizade com uma garota apenas pela companhia, mas esse não era o momento de divagar! E logo assim o médico voltou sua atenção para os papéis e fotos do corpo jazido do empresário.

Aquele silêncio, que era tão reconfortante para o médico foi interrompido com a abertura agressiva da porta de ferro, ninguém teria força o suficiente para isso, mas as leis da física não se aplicam ao policial movido a ódio. Todos viraram a madrugada cuidando do caso, mas Nick em especial carregava no rosto olheiras profundas de no mínimo dois dias em claro.

— Me passa o relatório. — A voz do Delegado Wild já estava rouca de tanto passar ordens, e de dispensar os jornalistas que acamparam na frente da delegacia quando os boatos começaram a circular. — Nesse ponto o caso já se tornou público e eu preciso dar um pronunciamento, antes que eles invadam o prédio com um mutirão...

Os seus olhares se encontraram e as veias da testa do delegado saltaram, já prevendo a resposta que teria do legista. Com os punhos fechados, Nick se encostou na bancada tentando manter a postura de superior.

—Ele foi encontrado em seu chalé de luxo, fora da cidade e afastado de qualquer câmera de segurança, pelo que fizeram a varredura naquele lugar, ele usava para alguma coisa muito sinistra. A pessoa que fez isso o pegou desprevenido, ele foi golpeado na cabeça e amarrado, seus olhos foram queimados com ácido, e ele bebeu o líquido também. E isso foi a causa da sua morte.— Com um movimento lento, o mais novo entregou as fotos na pasta para Nicholas.— A única pista que temos é que provavelmente foi a mesma pessoa dos outros casos, já que foram usados os objetos do próprio chalé para o crime.

Mesmo já tendo estado na cena do crime, o policial pegou a pasta folheando logo em seguida, na esperança de encontrar algo que não tivesse visto antes, mas os resultados foram os mesmos.

—Eles vão me comer vivo lá fora... — O policial resmungou apertando a ponte entre os seus olhos, já que sua cabeça estava latejando, e sua paciência havia se esgotado. — Já acionei grupos pré estabelecidos de busca para procurarem qualquer pista útil para o caso, o raio é grande e o terreno não favorece, mas já é alguma coisa...

Mesmo com um olhar baixo, o legista tentava achar alguma coisa enquanto mexia nos papéis e dados, tentando encontrar algo diferente e que fosse útil, mas parecia que essa pessoa se quer existia, é como se ela se dissipasse no ar.

—Nick, você chegou a checar o exterior do chalé? Digo...sei que choveu na noite em que ele foi morto, mas será que tem alguma pegada ou algo do tipo na cena do crime?— A pergunta do homem mais novo pareceu um pouco incerta.

A sobrancelha de Nick até mesmo deu um espasmo por estar segurando tanto assim a sua raiva, seus braços cruzados e respiração pesada não deixavam essa impressão escapar, deixando claro a indignação que sentiu sobre essa pergunta.

Red Bone [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora