Capítulo 1(Maitê)

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Eu estava assustada, precisava fugir daquele lugar, precisava mudar minha vida de alguma forma, porque eu estava em um casamento sem amor e destrutivo a mais de três anos, e passar mais tempo dessa forma só significava ficar ainda mais destruída que antes, a cada dia era como se algo em mim piorasse e quebrasse e eu fico sem saber o que e como fazer. Ele nunca me bateu e isso no começo me deixava ainda mais confusa, mas ele me deixava praticamente presa dentro de casa, de repente um dia eu já não podia mais entrar em contato com a minha melhor amiga, tive que deixar todos os meus sonhos e minhas metas para trás pois a ideia de que eu possa ser livre deixa meu marido com raiva. Se ele chegar em casa e sua refeição não estiver pronta ou a casa não estiver devidamente limpa ele começa a gritar e a me lembrar que devo tudo que tenho em casa a ele e que eu lhe devo gratidão.

Eu realmente precisava de um plano, de preferência um que me ajudasse a ter o divórcio também. Precisava recomeçar minha vida de onde eu havia parado de vivê-la, até porque ele me tirou de casa e me trouxe para um lugar onde eu não conheço ninguém, e não me deixou conhecer ninguém nesse lugar também. Poderia ser difícil, já que eu não sei como vou conseguir dinheiro para começar uma nova vida.

Fui tirada de meus pensamentos quando ouvi um barulho na porta de casa, meu primeiro pensamento foi "droga ele já está aqui de novo". Mas eu já sabia que o melhor pra mim era ir receber ele na porta, porque ele adorava isso, a ideia de me ter aos seus pés, era assim que ele via a situação. Ele bate novamente na porta, está começando a ficar nervoso, e nesse momento senti um frio percorrer meu corpo. Medo? talvez, mas era hora de ser a esposa que ele gostava de ter, ou pelo menos fingia gostar, então ela abre a porta com um meio sorriso no rosto e as mãos nos bolsos do casaco verde menta que ela usava quando tentava fingir que estava bem.

– Que bom que você já chegou, meu bem. - Ela diz ainda com um sorriso forçado no rosto, mas ele não está nem disfarçando que não quer mais estar ali. – Deixa que eu guardo seu casaco e sua mochila, para que você poder descansar meu bem.

– Porque demorou para abrir a porta Maitê? – Depressa e sem nenhum aviso ele me puxou pelo braço exigindo uma resposta.

– Eu estava apenas terminando de limpar a cozinha. – Mentirosa, foi o que eu pensei, mas ele aceitou a desculpa.

– Espero que você comece a olhar melhor a hora, quando eu chego gosto de ser bem recebido. – Agora ele havia baixado o tom e quase ronronava as últimas palavras, se aproximando de mim.

–;Pelo menos eu consegui terminar o jantar agora, vamos poder comer a comida quente. – Eu precisava mudar de assunto antes que ele tomasse alguma decisão.

Ele assentiu levemente e a beijou a força, era para ser algo bom e ela se culpava por não ser. Então terminaram a refeição em silêncio e foram deitar. Ele queria tanto ter filhos, mas a dois anos atrás quando ele mostrou que era daquela forma ela colocou um DIU por medo de ter um filho dele. Ela já conhecia as regras para a noite eles iriam tentar e depois ela poderia dormir.

– Vamos fazer um pouquinho diferente hoje, vem pro banho comigo...

Quando ele disse aquilo eu corei e ele achou que fosse por desejo, mas eu senti que não havia outra opção.

– Não sei se é uma boa ideia, ouvi falar que a água dificulta uma possível gestação, amor eu...

– Vamos, uma noite que seja só por prazer. Vai ser bom, vem. – Ele me interrompeu, e pegou minha mão com suavidade me puxando.

Parei de procurar desculpas e me juntei a ele, enquanto ele achava que eu estava gostando a minha cabeça foi diretamente a pensamentos de que talvez algumas mulheres tivessem prazer em relações assim, e eu deveria me esforçar um pouco mais talvez. Terminamos o banho e fomos pra cama, o sorriso no rosto dele me incomodava porque estava me causando dor.

– Não vou deitar hoje, vai ter luta até tarde e vou assistir. – Aquilo foi só um comunicado seguido de um tapa em minha coxa.

Eu planejava apenas me despedir dele e ir deitar, porém quando me inclinei levemente senti as mãos dele em mim me puxando, eu nem tinha notado que ele havia aberto o sofá, senti ele deitar e me por cima dele.

– Mas talvez a gente ainda possa se divertir hoje mais um pouco... – A voz dele estava rouca e suave

Eu queria protestar, mas ele já estava me acariciando entre as coxas então eu apenas assenti novamente. E com um movimento rápido ele mudou de posição comigo me pondo em baixo dele, a cada beijo dele eu sentia meu corpo implorar para parar e quando as coisas iam ficando melhores para ele, pioravam para mim, sentir ele me fazia sentir dor, e fazia meu olhos queimarem de tanta vontade de chorar. Quando ele finalmente se esvaiu e demonstrou cansaço ele me abraçou.

– Vou levar você para a cama, você tem que dormir. – Foi tudo que ele sussurrou em meu ouvido antes me pegar no colo e me levar pra cama, chegando na cama ele me deu um último beijo antes de sair, me deixando sozinha no escuro.

Eu estava me sentindo horrível, e só queria fazer tudo passar, mas fiquei duas horas inteiras chorando baixinho antes de enfim pegar em um sono pesado. Eu não queria sonhar, pois havia tido pesadelos com Cezar me agredindo nas últimas noites, mas não pude lutar contra isso. 

O Recomeço de MaitêOnde histórias criam vida. Descubra agora