Capítulo 40 - Epinefrina

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    20/11/2019 - 6 minutos para chegada do frio.

    Um silêncio intenso se estabeleceu. Thomas esperava que Nathan lhe diria alguma coisa, mas o mesmo sequer se movia.

- Eu não esperava que você teria uma reação dessas.

- Esperava o que? Pulos e risos?

- Eu esperava um cruzado de direita.

    Thomas ainda conseguia rir.

- Isso explica o casamento precoce.

- Explica um bocado de coisas.

- Caramba - sussurrou Nathan, em seguida, o mesmo se levantou -, foi tudo uma mentira... foi tudo uma grande mentira.

- Ta falando merda Nathan.

- Eu acabei de abrir o meu coração pra você... eu sempre corri ao seu lado, e você, estava sempre mentindo... como conseguia? Hein? Me fala...

- Nathan eu...

- Qual é a sensação de fazer todo mundo de idiota? De mentir pra todo mundo o tempo todo durante anos?

- Eu...

- Sabe o que você é Thomas? Um mentiroso, é isso que você é... eu posso ter sido muita coisa, mas nunca fui um mentiroso como você.

    Nathan é finalmente interrompido por Thomas que começa a tossir, uma tosse forte e alta, o que lhe desespera.

- Thomas? Tá tudo bem?

    Ele se apoia na cama para acudir o amigo, que para a tosse finalmente, e em seguida, diz:

- Relaxa... eu só queria fazer você calar a boca um pouco. - Thomas deu um longo suspiro. - Parece que o meu cérebro está começando a parar de enviar estímulos pro restante do corpo.

- E isso é ruim?

- Depende do ponto de vista.

    Eles se encaram seriamente, e então Nathan começou a rir. E Thomas lhe acompanhou na sequência.

- Idiota - disse Nathan, que para de rir, e começa a lacrimejar -, idiota - ele repete, com uma voz desafinada, partindo o coração de Thomas, que era capaz de sentir a dor do amigo.

- Eu não chorava assim desde o Life is strange cara!

    Thomas se sentou na cama, e abraçou forte o amigo, e também desabou em lágrimas.

- Você não pode me deixar aqui Thomas... você não pode morrer, não pode! Por favor, por favor, não me deixe sozinho. Diz que você está brincando. Diz que tudo isso não passa de uma piada de mal gosto, eu juro que não vou ficar bravo.

    O abraço era caloroso e apertado, os corações batiam acelerados na mesma frequência.

    Thomas foi obrigado a desfazer o abraço, pois o frio havia voltado, e dessa vez, com tudo.

    Ele gemeu de dor.

- Thomas?

- Eu... estou... bem...

- Quer que eu chame alguém?

- Não... vai passar... eu só preciso... ficar... parado...

    Nathan encarou o amigo, olhando profundamente para uma parte de si, que estava prestes a perder.

- Dói? - ele perguntou.

- Dói.

- Quanto?

- Demais... dói muito.

Senhorita Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora