Capítulo 4

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Capítulo 4

— Entre aqui — disse Samuel, apontando para a única saída lateral que Daniel tinha visto em uma hora de viagem.

— Onde você está nos levando? — Ele perguntou enquanto a suspensão gemia ao longo dos solavancos da estrada de terra.

— Para café, ovos e pão caseiro. — Samuel riu.

A estrada melhorou um pouco quando a primeira cerca de arame farpado apareceu, e o gado que pastava atrás dela levantou a cabeça em curiosidade momentânea para os estranhos. Daniel parou em um portão que anunciava que eles estavam prestes a entrar na Fazenda Boi Preto e para "Não ultrapasse o maldito portão". Ele estava prestes a perguntar se eles deveriam passar, mas Samuel já estava fora do carro escancarando o portão. Deu uma reverência exagerada e trancou o portão atrás deles.

— Então, você trabalha aqui ou algo assim? — Daniel perguntou enquanto eles continuavam ao longo da entrada de cascalho e seguiam para uma fazenda de gado.

— Sim e não — Samuel murmurou distraidamente enquanto a casa crescia em sua visão. — Lá. Estacione ao lado do prédio de madeira ao lado dos depósitos, para que eu possa falar com o administrador da fazenda.

Daniel parou o carro ao lado de uma picape e algumas caminhonetes e rapidamente percebeu que estavam sendo vigiados, e não apenas pelo gado.

— Que tal eu deixar você aqui e voltar para a estrada?

— Vamos lá, Dani — disse Samuel com um sorriso largo. — Eu prometi café da manhã, e café da manhã você vai conseguir. — Ele pegou sua mochila e começou a andar para o grupo de rapazes olhando da varanda nas proximidades. Ele se virou e com uma inclinação de sua cabeça acenou para Daniel seguir.

— Merda — Daniel murmurou, mas saiu do carro.

Todos os olhos rapidamente deixaram Samuel e caíram em Daniel, tornando cada passo à frente mais difícil do que o anterior.

— Eles caçam humanos aqui? — Ele disse, apenas alto o suficiente para Samuel ouvir.

— Só quando eles estão com fome — o mais velho brincou e subiu os degraus da varanda para apertar a mão do homem mais próximo. — Bom te ver de novo, João. Este é meu novo motorista, Dani. Eu prometi a ele café da manhã pela carona, por isso não me faça de mentiroso.

João olhou para Daniel apenas o tempo suficiente para fazê-lo se contorcer, depois assentiu. — A cozinha é no próximo barracão. Sirva-se com o que sobrou, se é que sobrou algo após estes abutres comerem.

— Obrigado, cara — disse Samuel.

— E quando você terminar de comer, o poço precisa de algum trabalho. O capataz esteve esperando que você aparecesse.

***

A cozinheira amontoou outra rodada de bifes no prato de Samuel e disse — Essa é a última. Você tem sorte de seu amigo não comer tanto quanto você. — Ela voltou sua atenção para Daniel. — Embora seja uma boa ideia você não deixar o polícia aqui comer sua parte também.

Daniel sorriu quando Samuel passou o braço protetoramente ao redor do prato. — O cereal está bom, obrigado. É o que como em casa.

Ela balançou a cabeça. — É por isso que você é tão magro. Você precisa de um pouco de carne, não apenas sucrilhos.

— Por que todo mundo aqui tenta me alimentar? — Daniel perguntou quando ela os deixou para o café da manhã.

Samuel encolheu os ombros e mastigou um canto da torrada. — Não é uma vida fácil aqui. Eles trabalham duro, e é trabalho do pessoal da cozinha garantir que todos estejam comendo o suficiente.

O Coração do Sertão (Projeto CampNaNoWriMo) - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora