Capítulo 10
Os dois tiraram a camada externa de suas roupas e Daniel debateu brevemente sobre sua roupa íntima. Ele estava prestes a perguntar a Samuel se havia algum peixe pequeno na água quando viu o caminhante correr para a água de boxers e camiseta. Daniel olhou para seu corpo quase nu e encolheu os ombros antes de pisar cautelosamente na borda rasa. — Está quente — ele disse e ficou até o tornozelo na água ainda limpa.
— Não aqui — disse Samuca e jogou água nele. — Não me diga que você não sabe nadar.
— Sei nadar muito bem — disse Daniel e seguiu em frente até o fundo desaparecer sob seus pés. — Foda-se! — Ele amaldiçoou e começou a bater os pés na água.
— Pare de pensar em todas as coisas que poderiam estar escondidas nessas águas escuras — Sam brincou, mas nadou em direção a ele.
— Cale a boca — disse Daniel rapidamente. Ele agarrou o braço do ex-policial e os dois se mantiveram à tona.
— Vê ali ao lado de onde as samambaias estão crescendo? — Samuel disse e inclinou a cabeça para onde suas ondas batiam contra a face da rocha. — Há um patamar logo abaixo da superfície.
Daniel assentiu e eles nadaram lado a lado para o outro lado da piscina.
O patamar ocupava metade do comprimento da face da rocha e era largo o suficiente para que eles pudessem se sentar confortavelmente com apenas os pés sobre a água. Daniel recostou-se e sentiu um fio de água correr em seu cabelo enquanto o sol aquecia seu corpo.
— Nada assim na cidade, hein?
Daniel grunhiu em concordância e sorriu. —Tudo o que preciso agora é um lugar para comprar um café e a vida seria perfeita.
Samuca riu e passou o braço pelo ombro de Daniel. —Você terá seu café quando encontrarmos um lugar para acampar.
— Por que não aqui? Acampar, quero dizer.
— Não somos os únicos animais por aqui, mas somos os que assustam os outros — disse Samuel. — Há muito espaço ao redor, e vamos encontrar um bom lugar para dormir.
Daniel fechou os olhos. O calor do sol secava a água de sua pele, deixando novos rastros frios de seu cabelo para encontrar seu caminho sobre as cores brilhantes de suas tatuagens. Ele mal notou o toque suave em seu peito até os dedos seguirem o curso de uma gota de água. Através de seus cílios, ele observou a mão áspera se mover pelo peito até a barriga.
— A água amplia os desenhos na sua pele — Sam murmurou baixinho.
Daniel abriu os olhos um pouco mais. Quando a gota rolou, cada imagem que cruzou foi momentaneamente aumentada sob a gota de água. O olho de um dragão ficou vermelho por um momento, apenas para retroceder de novo na imagem para ser substituído por escamas e garras até que a água voltasse para a superfície do lago escuro.
Os dedos de Samuel pararam logo acima da linha d'água, embora Daniel silenciosamente desejasse que mergulhassem na água. Ele ansiava pelo toque desse homem sob a água fria e límpida. Mas a mão permaneceu imóvel mesmo quando Daniel se aproximou o suficiente para sentir a respiração de Samuel se misturar com a dele. Lentamente, muito lentamente, seus lábios se encontraram.
A mão de Daniel fechou-se sobre a de Samuca e gentilmente encorajou-a a entrar na água para pressionar a boxer de algodão. Ele gemeu no beijo e segurou a mão no lugar por medo de que a pressão em seu pênis parasse. Os lábios de Samuel deixaram os dele. Seus rostos estavam apenas a um fôlego de distância quando Daniel ouviu o sussurro — Tudo bem. Eu não vou a lugar nenhum.
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O Coração do Sertão (Projeto CampNaNoWriMo) - Completa
RomanceSinopse Um ex-policial paulista da divisão de antissequestro e um rapaz tentando ficar limpo da sua adolescência cheia de drogas e solidão caminham pelo sertão de Minas Gerais. Parece o começo de uma piada, mas para Samuel Lopes e Daniel Oliveira, é...