Capítulo 94

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Pedro seguiu para a entrada do prédio e de imediato fora barrado por um segurança enorme.

_Um momento senhor. _Ele pusera a mão em sua frente enquanto com a outra apertava o ponto no ouvido anuindo para uma informação que recebia da central de segurança. Em seguida o homem empalitozado olhou em um painel eletrônico bem parecido com um tablet e pode perceber que lhe enviavam uma foto sua.

Droga. Mil vezes droga. Alex Annenberg tinha vetado sua entrada naquele prédio.

_Sinto muito senhor mas não pode entrar.

_Eu preciso falar com ele. Por favor poderia pelo menos me deixar entrar em contato daqui mesmo.

_O senhor Alex está inacessível agora, apenas recebo ordens da segurança, sinto muito.

_Sei... _Pedro fez um movimento rápido para passar por ele mas o brutamontes foi mais rápido do que acreditava que aquele monte de músculos permitiria e o barrou com sucesso. Desanimado diante da impossibilidade de chegar até o deus daquele prédio recuou voltando para sua moto e seguindo de volta para sua vida inútil.

Sabrina bem que gostaria de passar a manhã, a tarde e a noite no salão mas não poderia até porque precisava dispor de um momento para Hugo. Ter Luan em sua casa era como ter perdido o prazer de chamar sua casa de lar. Dona Marta caprichava nas refeições. Mantinha o ambiente impecável. Não cabia em si de felicidade. Era Luan pra cá, Luan pra lá e fazia de tudo para que Hugo gostasse do tal, mas o pequeno não dava muita trela pra ele, pior, parecia que o santo do garoto não batia com o santo do canalha.
Se divertia parcas quando Luan tentava fazer qualquer coisa que fosse na vida e Hugo desferia...
Ahhh o Eric faz melhor...
Era Eric pra cá, Eric pra lá o dia todo. Só o Eric sabia jogar vídeo game. Só o Eric sabia jogar futebol, só o Eric sabia brincar de pique. Só o Eric sabia das séries favoritas e não adiantava o necessitado de atenção puxar o saco do garoto mais que tudo no mundo que ele não lhe dava a mínima.
E do nada estavam no meio da tarde da quarta feira quando aquele carro caro parara na frente de sua casa e o boneco de plástico saíra de dentro dele.
Era muita ousadia de Eric aparecer. Filho da mãe. Luan estava na calçada nessa de tentar seduzir o garoto com sua habilidade nos jogos. Todo verão as crianças entravam na vibe de brincar na rua, era pique pega, pega pega, queimado e etc. Hoje no caso era a brincadeira do taco. A molecada estava toda reunida e os vizinhos também olhavam da janela afinal a novidade do momento era o retorno de Luan e as “minas” do bairro ficavam fazendo caras e bocas pro bastardo que ficava se exibindo, se achando com a molecada na rua.

Céus aguardava o dia em que sua mãe finalmente percebesse o que havia por trás do bom moço.
Luan era um lorde na frente de sua mãe. Um anjinho de candura. O ser mais angelical que o céu já cobrira. O rapaz responsável de falar manso e delicado. Prestativo mais do que realmente era possível um ser humano normal ser mas não passava de um imprestável. Depois daquele maldito beijo via chamas incandescentes se acenderam nos olhinhos castanhos dele. Olhos inocentes de puro brilho.... aquele brilho de galinha cafajeste e pilantra que sua mãe era incapaz de perceber mas que não passava despercebido aos seus olhos.
Luan na frente da sua mãe era completamente santinho mas em sua frente...
E céus como se arrependia daquele beijo. O significado de seus lábios tocando os lábios de Luan naquela manhã para ela fora zero. Simplesmente não sentira nada mas para ele tinha sido a assinatura de um contrato de casamento posterior.
Luan passava o dia a lhe cantar e dizer gracinhas também lhe enchia de presentinhos e mimos e tal... e realmente já estava cheia de tanta hipocrisia. Deus quem no mundo era obrigada a aturar o ex em sua própria casa 24 horas por dia? Chegara ao ponto de quase impor para sua mãe; Ou ele ou eu. Mas durante a noite ela puxara-a para seu colo e fora contar toda a história de sua vida e de todas as promessas que fizera a mãe de Luan de cuidar dele e tal e isso lhe deixara de coração partido. Poderia muito bem tolerar a presença de Luan por sua mãe afinal a amava mais que tudo mas não iria tolerar que ele se aproximasse de forma nenhuma e todas as iniciativas dele de chegar perto cortava na hora e ele lhe encarava com aquela cara de frustração que lhe causava alívio.

E agora do nada aquele carro parava na frente da sua casa e o rei dos embustes descia dele trajando sua roupa de trabalho. Paletó, gravata, camisa branca e o ar de gente que fazia alguma coisa na vida. Idiota geralmente tinha aquela cara de vagabundo que lhe fazia esquecer que ele era um advogado e que a maior parte do tempo estava vestido assim. Ligeiramente sentiu aquela sensação chata no estômago que sentia todas as vezes que o via e que no caso chamava de ânsia de vômito porém estava mais para sensação de ter um milhão de borboletas no estômago.
E até aquele momento não sabia que tinha taras por estilo executivo mas se imaginou arrastando aquele bastardo pela gravata e...

_CREDO! _Sabrina fez uma careta depois de perceber que sua mãe dera um salto no fogão quase se queimando na frigideira depois do grito estridente que ela dera. Ligeiramente tapou a boca com as duas mãos.

_O que foi menina?!

_Nada mãe... _Balbuciou.

_Como nada. Você quase estoura meus tímpanos.

_Aquele azedo chegou.

_Quem?

_Eric.
E viu sua mãe se benzer três vezes consecutivas.

_Aquele atrevido filho da mãe. Você pensa que eu engoli aquela história Sabrina. Não engoli não. Mal entendido o caramba aquele atrevido estava tentando se aproveitar de você  e o problema é que você é boa demais e acaba sempre escondendo as coisas de mim pra não causar problemas. Só não quero é que tenha  confusão lá fora porque se Luan que Deus o livre souber de uma coisa dessas ele vai acertar ele e eu vou achar bem feito. Mas não quero confusão.

Dona Marta pelo visto já tinha esquecido do tamanho dos braços do Eric... porém ela mesma não poderia esquecer nem daqueles braços nem daquele peito sarado que estivera pelado em cima dela.
Céus que horror! Detestava aquele boneco de plástico. Ele era tão perfeito que parecia uma estatueta daquelas que se esculpia antigamente. Que horror! Ah como odiava aquele imbecil!

Estava alí naquele dilema com seus botões quando vira Hugo correr para os braços do pilantra.

_Eric que bom que você veio!

_E por que não viria cara? Você me chamou.

E a cara que Luan fez naquele momento com certeza resumia toda a sua alegria em receber o tal Eric. Definitivamente apenas o nome  Eric era capaz de transformar a cara de Luan independente de qual fosse sua feição, o nome Eric pronunciado lhe fazia bufar e semicerrar os olhos exprimindo asco, raiva e aversão e o que dizer de ter o tal bem alí na sua frente esbanjando aquele sorriso indolente dele.

Bingo. Como os dois eram parecidos. Dois pilantras fingidos. Dois mal caráteres cara de pau de uma figa.

Eric caminhou até a galera cumprimentando os pré adolescentes como  um adolescente e já era conhecido da galera sendo recebido com euforia o que provocou uma imensa carranca em Luan que não gostara nadinha de sua popularidade.

_Eric vamos jogar!

_Sim claro.

Era muito ridículo ver aquele filho da mãe em seu terno impecável de marca de grife que lhe caia como a um manequim, dizer que ia brincar... na rua...  E assustador ver a cara de Luan quando ele dissera isso. Não tirava a razão do tal dissera na cara dele que o beijara para provocar Eric e Hugo passava o dia inteiro falando de Eric, Eric, Eric.... Natural que ele já tivesse adquirido aversão ao nome e à pessoa e natural que ele agora tivesse olhando pra Eric com cara de quem queria lhe fuzilar.

_Eric esse é o Luan. Luan esse é o Eric. _Hugo os apresentou com um sorrisinho vitorioso alguma coisa aquela criança tinha que puxar ao pai... a habilidade de ser meticuloso.

_Seja muito bem vindo. _Luan desferira.

_Sei que sou com certeza.

E qual era a melhor qualidade dos dois? O cinismo ué? A falsidade. Trocaram um aperto de mão longo. Em dado momento achou que aquele aperto de mão viraria quebra de braço mas a galera gritou eufórica pro jogo começar.
E eles se posicionaram.
O jogo do taco era uma espécie de beisebol da periferia assim como no beisebol, era um desporto praticado por duas equipes, estas no beisebol de nove jogadores e na brincadeira do taco 2 jogadores, que alternadamente ocupam as posições de ataque e defesa. O objetivo era pontuar batendo com um bastão em uma bola lançada e depois correr pelas bases do campo. No beisebol eram quatro bases no taco era bem mais simples eram duas bases. O time com mais corridas no final vencia.

_Sério que vai jogar? _Luan o encarava rindo com desdém.

_Claro. _Eric devolvia o sorriso.

_I am very good at baseboll. (Eu sou muito bom no beisebol) _Luan falou em inglês o encarando com um sorriso debochado.

_I'm better than you. (Eu sou melhor que você) _Eric devolveu com um sorriso desafiador.

COLEÇÃO POR UM SONHO _ A esposa. Onde histórias criam vida. Descubra agora