Me pergunto se ele é incapaz de utilizar as duas perninhas dele e vir até a minha casa. Por que eu que sempre preciso sair debaixo das minhas cobertas? Folgado. É o que ele é.
Toco a campainha e aguardo o maldito atender, porém, em seu lugar, um homem abre a porta. Não deve ter mais que 50 anos, tem os cabelos meio grisalhos e uma barba rala. As feições lembram as de Jungkook.
Encolho os ombros com frio, sentindo o vento forte embaraçar meu cabelo e alguns pingos de chuva. Que ótimo, justo agora. Ele dá uma checada em mim, carregando uma carranca.
— Não está tarde para senhorita ficar batendo em porta alheia? — franzo o cenho.
Nem um "Boa noite"? Pelo jeito, a grosseria é passada de geração para geração na família Jeon.
— Dahyun! — vejo, por cima de seu ombro, Jungkook vindo correndo da cozinha. Ele ultrapassa o pai, e me arrasta para dentro. — Entra! Está congelando lá fora, você é doida?
— Estou bem — rio do desespero do garoto, que esfrega as mãos nas mangas do "meu" moletom, numa tentativa de me esquentar.
Um pigarreio chama nossa atenção. Seu pai tranca a porta e cruza os braços nos encarando.
— Já disse para me avisar quando trouxer pessoas em casa, principalmente uma menina a essa hora! — Jungkook revira os olhos ao escutar a bronca. — Evitem fazer barulho.
Com isso, ele sobe e volta a se trancar no escritório. Jungkook parece claramente envergonhado pela ignorância do homem, mas não comenta nada, apenas segura minha mão.
— Vamos, amor.
Realmente, a relação deles não é das melhores.
Subimos as escadas e cruzamos o corredor o mais silenciosamente possível. Segundo Jungkook, ele conseguiu colocar Haneul para dormir cedo e não ficar enchendo nosso saco. Ele abre a porta e dá espaço para eu entrar primeiro.
A chuva se agrava, os pingos grossos batem contra a janela. Analiso o quarto limpinho. A cama de casal está feita. Nem a cuequinha de corações está jogada por aí. Penduro minha bolsa no braço da cadeira.
— Nossa, você arrumou mesmo — comento, vendo até a estante com os livros organizada.
— Para te deixar a vontade, óbvio — encosta no batente da porta.
Apesar do frio, Jungkook, assim como eu, está vestindo um short de dormir preto e um de seus moletons. Os olhos acompanhando cada movimento meu.
— Você está linda para um caralho hoje — ignoro o que disse por vergonha e continuo a xeretar sua escrivaninha. Ele ri baixo. Odeio corar. — Vou pegar a comida na cozinha, já volto.
Fico sozinha com suas "tralhas". O mural aumentou, agora tem mais fotos aleatórias; de árvores, flores, o céu, insetos. Deve estar se preparando para a inscrição no curso de fotografia da faculdade. Abro uma gaveta da cômoda e encontro uns papéis amassados. São esboços simples de rostos.
Lembro de ele ter dito um dia que também gostava de desenhar, mas não mostrava para ninguém por achar feio. Eu acho um erro. São incríveis...
O garoto adentra o quarto empurrando a porta com o pé. As mãos estão ocupadas com um balde de pipoca, um copo e a tão falada calda de caramelo. O ajudo a ajeitar as coisas no criado-mudo e sento na borda da cama, de frente para a televisão, com um de seus esboços. A luz é apagada, só a tela brilha.

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TEXT ME • jungkook
Fanfic[LIVRO UM • CONCLUÍDO + bônus] Jungkook e seus amigos sempre tiveram o costume de fazerem desafios vergonhos em locais públicos, somente para se divertirem. Sabendo dos pontos fracos do moreno, Taehyung o desafia a passar seu número e uma cantada p...