Chegando na fazenda novamente, Larissa ajudou Obama a descer da aeronave. Liz recebeu a loira com um abraço fraco, pois seu corpo ainda se encontrava dolorido...
-Larissa: Vamos amor... - chamou tocando o ombro da menor.
-Liz: Ela não está bem. - disse assim que Ohana passou na frente, e segurou o pulso de Larissa. - Deixei alguns comprimidos para dar sono a ela, na segunda gaveta do móvel ao lado da cama.
Larissa assentiu e deu um sorriso fraco, novamente seguindo a loira.
Samantha conversava com Ryan em um banco próximo ao lago, e Alex fumava um cigarro no píer.
Larissa entrou no quarto assim que Ohana passou pela porta e a trancou com as chaves. Seria o colo que Ohana precisava, entenderia seus motivos e sugeria um tratamento psicólogo...
-Larissa: Quer ajuda? - questionou ainda distante do corpo da loira.
-Ohana: Posso ficar sozinha, por alguns minutos? - pediu rouca antes de entrar no banheiro.
Larissa assentiu, daria o tempo que Ohana precisasse.
-Larissa: Tudo bem, vou te esperar aqui. - disse baixo e Ohana assentiu, fechando a porta do banheiro.
A morena tirou os coturnos e as roupas, ficando apenas com uma lingerie cor vinho. Depois ficou sentada, enquanto observava a vista do quase amanhecer, até que Ohana saísse do banho e ela pudesse entrar. O céu já perdia a tonalidade escura e se dava a cor alaranjada, de um nascer do sol... Larissa respirou fundo quando ouviu os soluços da loira e seu choro compulsivo, ela a assistiu distante e pensativa durante todo o caminho e percebeu que Jacob havia dito algo que fez a loira pensar...
-Larissa: Quer que eu entre? - perguntou com a mão na maçaneta e a cabeça encostada na porta. Mas não recebeu uma resposta. - Amor? Está tudo tudo? - chamou mais uma vez. - Que seja. - a morena disse antes de abrir a porta e encontrar Ohana apoiada na parede enquanto chorava cobrindo o rosto.
-Ohana: Sai... - disse chorosa tentando encolher o corpo, enquanto Larissa tentava lhe abraçar por trás.
-Larissa: Não vou sair. - disse envolvendo a loira ao seu corpo, enquanto a água molhava-as.
Larissa podia senti-la como algo frágil, prestes a quebrar, e Ohana vinha a anos, rachando aos poucos com cada dor revivida e cada cicatriz reaberta. Estava prestes a quebrar... E o que lhe doía mais, era saber que somente um psicopata foi capaz de entendê-la.
-Ohana: Me desculpa, por te dar tanto trabalho com os meus problemas e ser tão fracassada. - disse entre lágrimas, em um choro compulsivo enquanto se mantinha abraçada a Larissa.
-Larissa: Shhh! - disse segurando o rosto da loira, para que olhasse em seus olhos. - Não fala mais isso! Você sabe que isso não é verdade, e você é muito importante pra mim, pra chamar os nossos problemas de trabalho.
-Ohana: Nossos? - perguntou em um sussurro.
-Larissa: Nossos. - a abraçou novamente.
Depois de alguns minutos, Larissa ajudou a loira tomar banho e lavar os cabelos, até conseguiu arrancar alguns sorrisos bobos da advogada. Estavam fora do box enquanto Larissa ajudava Ohana a se secar, pois os ferimentos do canivete ainda estavam inflamados, forçá-los, seria dolorido. A morena enxugou cada parte do corpo da loira, as pernas que possuíam alguns arranhões, o abdômen cortado e roxo, os braços e os punhos com marcas das correntes, o pescoço e a mandíbula com marcas roxas de dedos. Quando encarou a loira novamente, Ohana desviou o olhar, sentindo vergonha...
-Larissa: Tudo bem? - perguntou preocupada, e repousou as mãos sobre a cintura despida da loira. Ohana afastou, fazendo Larissa recolher as mãos. - Desculpa. - pediu baixo.
Ohana tinha nojo do próprio corpo, tinha nojo da culpa que carregava... tinha nojo da dívida interna que sua mente insistia em cobrar.
-Larissa: Alguém tocou... - tentou perguntar e foi interrompida.
-Ohana: Não, ninguém fez isso. - disse séria, desviando o olhar.
-Larissa: Eu fiz algo de errado? - perguntou confusa e preocupada. E viu Ohana negar com a cabeça... - Posso te ajudar a se vestir?
-Ohana: Não quero que seja minha babá. - disse olhando nos olhos de Larissa.
-Larissa: Não quer que eu te ajude, ou não quer que eu te toque? - perguntou pondo os próprios cabelos atrás da orelha. - Eu não vou te mach... - foi interrompida.
-Ohana: Eu só não quero que sinta nojo de mim, assim como eu sinto. - fixou o olhar. - Eu estou imunda, não consegue ver? - questionou séria. - Me sinto suja... cortada e machucada. - disse tocando nos ferimentos. - Por que só você não consegue ver isso?
Larissa se aproximou um pouco mais e a loira recuou, a morena deu mais um passo e a loira se manteve parada. Larissa pode ver as lágrimas escorrem por seu rosto, e ajoelhou-se diante da advogada. Beijou o abdômen parcialmente ferido, subindo lentamente. Beijou com leveza a clavícula exposta e arranhada, e deslizou os lábios pela garganta roxa...
-Larissa: Eu sou completamente louca por você. - disse em sussurro no ouvido da loira. - E não importa como esteja... isso nunca vai mudar.
(...)
Ohana estava sentada na ponta da cama, depois de Larissa trocar seus curativos, e neste exato momento esperava Larissa voltar do closet. Em questão de minutos a morena passou por sua frente apenas de roupas íntimas e um blusão da loira... Deitaram-se na cama, em silêncio. Ohana não queria dizer nada, não conseguia falar nada, queria apenas sentir-se amada e respeitada uma vez na vida... Larissa lhe disponibilizava isso.
-Larissa: Eu sei que vai ser um pouco complicado... mas a gente encontra uma posição, ok? - disse baixo, e Ohana assentiu.
Larissa aproximou-se um pouco do corpo da loira, que mantinha o olhar vazio, deitada de lado, virada de costas para Larissa. A morena deslizou os dedos do braço da loira até sua mão, entrelaçando seus dedos com calma. Aproximou um pouco mais, encaixando o corpo com a da advogada, e com as mãos entrelaçadas, circulou a cintura da canadense.
Larissa respirava leve, próximo ao ouvido da loira. Achava que ela já estava dormindo, o remédio era forte e corpo de Ohana estava imóvel a alguns minutos...
-Ohana: Amor... - chamou pelo apelido carinhoso, a primeira vez naquela noite. - Acho que quero procurar ajuda... - disse em um fio de voz.
-Larissa: Eu te apoiarei durante toda a trajetória, e se precisar de um colo no fim da noite, estarei aqui... - disse baixinho, no ouvido da loira. - Boa noite, meu amor... Eu te amo.
