Hóspedes

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A loira desceu as escadas rapidamente após vestir apenas um moletom, correndo com as chaves da porta principal nas mãos.

Recebeu a sacola com inúmeros doces e bobeiras que sabia que Larissa gostava, agradeceu ao motoboy e fechou a porta novamente. Subiu as escadas com um sorriso bobo nos lábios e encontrou Larissa de costas, enquanto prendia o cabelo, de frente ao espelho do banheiro.

-Ohana: Já trouxe pra você. - respondeu sorridente com a cabeça deitada nas costas da morena. - Para se me ignorar, eu até te dei doces.

-Larissa: Agora vai comer comigo, aí eu fico completamente feliz.

-Ohana: Não está feliz? - perguntou acariciando a o corpo da morena por baixo da blusa, mantendo a cabeça apoiada em suas costas, por ser baixinha.

-Larissa: Não por completo, só se você comer comigo e assistirmos um filme idiota, e você me mimar pelo resto do dia.

-Ohana: Mamar? - questionou séria.

-Larissa: Ohana! - levou as mãos em baixo da própria blusa, entrelaçando os dedos aos da loira. - O que 'cê pediu? - perguntou carinhosa.

-Ohana: Açaí daquela loja que você gosta, Nutella e mais algumas bobeiras. - sorriu baixo. - E encomendei um fondue doce, para mais tarde.

-Larissa: Vou ficar com diabetes.

-Ohana: Mas vai ficar calma e um pouco mais fácil de lhe-dar, olha que perfeito! - sorriu fraco.

-Larissa: Você está me chamando de chata e que eu sou difícil de lhe-dar? - questionou séria, se encarando no espelho.

-Ohana: Eu não disse nada disso... quem disse isso? - respondeu rapidamente, em um tom firme, fazendo Larissa sorrir. - Eu disse que você ia gostar, só isso.

-Larissa: come comigo? -pediu enquanto puxava a loira pela mão, descendo as escadas.

-Ohana: Vai me tirar do meu plano alimentar que já estava regulado? - perguntou séria.

-Larissa: Vou. - disse antes de pegar a loira no colo e colocá-la em cima do balcão. - Só um pouquinho, amor... Disse aproximando uma colher aos lábios da loira, com uma quantidade considerável de açaí.

As duas comeram entre sorrisos e carinhos, mas por alguns segundos Ohana se pegou observando o sorriso largo da morena, enquanto ela se mantinha em silêncio, com o canto esquerdo da boca suja.

-Ohana: Sempre se melando. - disse sorrindo, limpando.

Larissa ficou em silêncio por alguns minutos, enquanto a loira envolvia sua cintura com as pernas e deslizava as mãos em suas costas, por debaixo do pano fino do blusão azul.

-Ohana: Me desculpa, por ter deixado ela interferir no nosso relacionamento. Eu deveria ter avisado-a antes. Não quis te magoar e nem fazer sentir-se insegura. - disse depois de alguns minutos em silêncio.

Suas mãos sentiam a pele quente de Larissa se arrepiar com as palavras pronunciadas próximas ao seu pescoço.

-Larissa: Tudo bem, amor. Só não quero ser pega de surpresa por coisas inacabada em ambos nossos passados. - disse enquanto acariciava a nuca da loira, que tinha a cabeça deitada em seu peito.

(...)

3 dias depois...

Larissa batia os dedos em uma perfeita sincronia, enquanto respirava pesado e Ohana conduzia o volante.

-Ohana: Tem certeza disso? - disse calma. - Podemos esperar, e tudo bem, sentir medo e dificuldade. - concluiu, parando no semáforo.

-Larissa: Eu sei que não vai. - sorriu fraco. - Eu não aguento mais me esconder. Não aguento mais te esconder...

-Ohana: Não vou fugir. - disse repousando a mão sobre a coxa da empresária.

-Larissa: Eu sei que não vai... - disse em um quase sussurro. Entrelaçando os dedos, na mão da advogada que percorria sua coxa.

(...)

Eram exatamente 2:14 da madrugada, em um domingo frio e escuro. As duas estavam a caminho do aeroporto, no qual chegaria Miriam. Larissa insistiu em ver a mãe nesse exato final de semana, estava com coragem, e não deixaria passar. Devido ao pedido em cima da hora, os voos tinham horários inapropriados.

Ohana deixou-lhe um fraco beijo nos lábios, pois sabia que aquilo não seria constante, diante da mãe de Larissa. Sorriu fraco e confortável para a morena, que respirou fundo e seguiu para fora do carro, em direção a área de desembarque.

Larissa recebeu a mãe com um abraço apertado, tinha medo daquele ser um dos últimos, causado pela suposta futura rejeição. Miriam contava animada como havia sido o voo, como estava indo bem em São Paulo e como tudo estava dando certo, ultimamente. Ohana a recebeu sorridente, com um cumprimento confortável, fazendo a mais velha sorrir de volta.

-Miriam: É um prazer revê-la, Ohana. - disse simpática.

-Ohana: É um prazer buscá-la, Miriam. - disse simpática, ajudando a mulher a guardar as malas no porta-malas.

As mulheres entraram no carro e seguiram caminho para a mansão que Larissa havia comprado após o divórcio...

-Larissa: Não quer dormir aqui? - perguntou. - Está tarde, é perigoso. - disse baixo, procurando contato visual, já que não podia tocar a loira constantemente. Ohana sabia que a morena precisava de apoio, seus pensamentos não a deixariam dormir...

-Ohana: Não séria um incômodo? - questionou em um fio de voz, virando se para trás, tendo a visão de Miriam.

-Miriam: Logicamente não. - sorriu fraco.

...

-Larissa: Você pode dormir comigo... - disse sorrindo, encarando Ohana, enquanto Miriam tentava abrir a porta, sem visão das duas.

-Ohana: Tudo bem. - confirmou, segurando o riso.

-Miriam: Se quiser mais conforto. - disse após abrir a porta. - Deve ter um quarto de hóspedes. - concluiu avaliando a casa com um olhar sério.

-Larissa: Não precisa. - concluiu ao entrar em casa, descartando a opção dada pela mãe, com as malas da mesma em mãos.

-Miriam: Ela decide, Larissa. - disse séria, e a morena entendeu, assentindo. Afinal quando a chamava pelo nome, sem apelidos, ela não estava brincando.

-Ohana: Por mim tudo bem... - sorriu fraco, encarando a mais velha, que lhe observava gélida. - Adoro o quarto de hóspedes dessa casa.

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