três irmãs caídas

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Ela havia se esquecido. Daenerys havia se esquecido o que era ser realmente um dragão em seu interior, mas agora, ali em cima de Drogon, ela se lembrava. A chama que agora brilhava dentro dela e ela entendia o que realmente significava, dizendo o que ela era especialmente perfeita em fazer, que era conquistar.

A cidade de Tolos havia sido a primeira a cair. Era uma localidade portuária pequena e despreparada para quando Dany chegou com seu último filho e os mercenários sob o comando de Dario em seus portões. Eles tentaram combater colocando seus fundeiros nas pequenas muralhas que protegiam o lugar, mas os mesmos fugiram ao primeiro sinal de Daenerys se aproximando perto deles com Drogon. Os mestres se renderam depois disso e abriram os portões. Fora um dia turbulento seguido disso, já que ela teve de se sentar com os homens que seguravam as correntes e fazer com que deixassem a escravidão para sempre.

Parecia Meereen mais uma vez.

Fora difícil, mas ela saiu da cidade com a promessa de tais homens. A palavra deles não era confiável, mas ainda assim Dany sabia que a ameaça da volta dela faria com que eles mantivessem o acordo. Além disso, ela levou duas corporações de fundeiros com ela, pois os mesmos eram conhecidos como os melhores no mundo e ajudariam Dany a conquistar as outras cidades que haviam a frente.

Ela deixou Dario no comando das tropas e mandou ele seguir rumo a Mantarys, ela foi pelo mar levando algumas luas para se juntar a Verme Cinzento. Voou por cima dos navios que pertenciam aos Imaculados a meio-dia de chegar até Elíria, uma ilha habitada por mais mestres de escravos e repleta de correntes que ela deveria arrebentar. Esta cidade se rendeu mais fácil do que a primeira e não apresentou nenhuma resistência, ela levou menos tempo proibindo a escravidão ali e por fim conseguiu os navios que tanto queria para rumar até Volantis depois.

Porém, ainda faltava a última.

Daenerys chegou em Mantarys à noite dias depois, junto de um batalhão de imaculados. As luzes iluminando o aglomerado de casas e construções, que ela conseguia observar do céu. O exército comandado por Dario já havia feito trincheiras ao redor do portão principal e estava aguardando quando ela chegou nas costas de seu dragão.

A tenda de Dario era a maior no centro do acampamento e ela encontrou o mercenário debruçado sobre um mapa antigo e roído por traças.

— É o mapa da cidade? — Ela questionou ao general assim que ele a notou ali.

— Foi difícil conseguir, um dos fundistas de Tolos tinha consigo. Parece que Mantarys não gosta dos outros sabendo sobre eles.

Dany observou os desenhos em tinta preta e agora gasta sobre o papel amarelado. Havia ruas e mais vielas sem nomes, como um grande labirinto dentro das muralhas negras como breu. Apenas três portões, todos conectados as grandes e centenárias estradas valirianas. Eles faziam guarnição no portão sul, sendo que não havia motivos para cercar os outros quando eles não poderiam receber nenhuma ajuda de qualquer um dos lados. Era ela quem controlava as cidades ao leste e eles não veriam ninguém vindo do oeste, pelo Caminho do Demônio.

Estavam cercados, sem realmente estarem.

Verme Cinzento veio minutos depois, tirando seu capacete pontudo e se curvando perante ela, antes de seguir para mesa onde ela e Dario se encontravam.

— Iremos tentar entrar na cidade nos esgueirando e abrir os portões por dentro para as nossas forças? — Verme sugeriu com sua voz cheia de sotaque. Aquele que era um plano comum nos ata ques de Dany, como haviam feito em Meereen e Rochedo Casterly. Duas coisas que agora pareciam ter acontecido fazia uma eternidade.

— Poderíamos fazer isso se soubéssemos como entrar.

— Os esgotos? — O imaculado questionou pesquisando pelo papel antigo.

— Se tiverem não está marcado aqui.

— Então devemos esperar o dia raiar e percorrer a muralha por uma brecha. — Daenerys sugeriu.

— Dessa forma saberiam o que estamos planejando e bloqueariam as passagens. — Dario rebateu cerrando o cenho. — Então isso acabaria virando um verdadeiro cerco, sendo que não temos tempo para desperdiçar aqui, nossa verdadeira luta está do outro lado do mundo.

A Targaryen parou para meditar no que deveria fazer. Ela precisava ser rápida ali, os filhos de Volantis aguardavam por ela com urgência e cada dia que os rumores sobre um exército comandado por ela cresciam era mais tempo para os Triarcas se preparem. Ela necessitava de velocidade e força, seguir em frente, e ao mesmo tempo salvar os escravos que haviam ali. Salvar eles da crueldade dos homens.

Os três se viraram quando um imaculado entrou na tenda e cai sob um joelho.

— Minha rainha, os portões da cidade foram abertos.

Daenerys realmente encontrou portões abertos e uma multidão de escravos, agora libertos, saindo de dentro das muralhas escuras. Tinha pessoas de todas as cores, falando línguas que ela não conhecia e ainda algumas que pareciam vir de outro mundo por conta de seus membros duplicados, marcas estranhas e características exóticas. Tuda uma mistura naquela noite fria e escura que dava o tom ainda mais sombrio e anormal a Mantarys.

Na frente de toda a multidão vinha um séquito de sacerdotes vermelhos, se destacando no breu com a cor de seu deus estampada nas vestes.

Uma mulher se impôs à frente, as saias de seu vestido carmesim rodando como uma rosa à medida que se aproximava da rainha prateada. Os olhos negros como ônix observaram Dany, antes de abrir um sorriso e curvar a cabeça.

— Eu deveria estar surpresa por vocês terem envolvimento em tudo isso?

A sacerdotisa apenas moveu a cabeça em negação, fazendo os cabelos longos e escuros se movimentarem com leveza. O sorriso permanecia na face em formato de coração, com as bochechas proeminente e rosadas contra o vento gelado e cortante.

— Nosso deus nos mandou até aqui muito antes de sua volta, Daenerys Targaryen. — A mulher explicou como se fosse uma das maiores revelações da humanidade com seu tom de voz afetado. — Sou Saerra, eu e meus irmãos preparamos a cidade para sua chegada. Para quando o seu grande propósito estivesse próximo.

Novamente eles diziam sobre um objetivo e uma promessa que a rainha não queria mais para si. Por isso que Daenerys mudou de assunto para algo mais palpável e mais importante naquele momento.

— E quanto aos mestres?

— Mortos, todos pagaram pelos crimes criados pelas correntes, como você teria ordenado.

Dany não se surpreendeu.

— Então tudo isso foi feito por vocês? — Ela questionou indicando a multidão que agora a cercava e os portões escancarados.

— De forma alguma, tudo isso foi obra de R'hllor. — A sacerdotisa vermelha explanou com seu tom fanático e religioso, lembrava a ela a voz de Benerro. — Eu, junto dos outros apenas fizemos a vontade dele e cuidamos para que você pudesse seguir por seu próprio caminho. Para que chegue até o destino final mais rapidamente e sem empecilhos.

Mais sacerdotes envolvidos ao redor dela e mais vontades de um deus que ela não adorava.

— E o que pretendem agora?

— Eu e meus irmãos iremos ajudar os libertos na peregrinação pelo deserto até a cidade de Tolos. — Saerra comentou e deu espaço para o lado. — Agora, Quebradora de Correntes, muitas pessoas gostariam de falar contigo.

Ela se referia aos libertos que agora mais do que nunca a cercavam com olhos cheios de gratidão por algo que ela não havia feito de verdade. Ela não havia lutado pela liberdade daquelas pessoas, porém por conta do que qualquer coisa que aqueles sacerdotes haviam pregado, havia sido ela a salvadora mais uma vez. Palavras estavam sendo pronunciadas em mais línguas do que ela podia acompanhar. Rostos e mais faces iluminados apenas pela lua brilhante no céu ou pelas poucas tochas.

Pele contra pele e respirações se misturando no frio daquela noite nada comum, Daenerys foi cercada e não pode conter o lacrimejar nos olhos quando todos em uníssono começaram a pronunciar seu nome. Parecia uma oração, uma prece repetida muitas vezes naquelas bocas secas e manchadas pela escravidão. Não sabia se as lágrimas era pura felicidade por ver que estavam livres ou por vergonha de estar tomando os mesmos passos do passado.

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⏰ Última atualização: Jul 25, 2020 ⏰

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