Profecies

o despertar do dragão

A princípio fora como acordar de um sono profundo, um sono cheio de sonhos ou pesadelos, cheio de memórias, medos e emoções. Daenerys nunca havia sentindo um vazio tão grande como aquele, enquanto esteve presa na escuridão e agora parecia que tudo voltava a ela como um turbilhão ao qual ela teria de enfrentar, por mais que quisesse esquecer, tinha de se lembrar, pois se esquecesse estaria perdida.

Vestia uma túnica de lã banhada em tinturarias avermelhadas. Era quente para o clima frio e úmido daquele lugar, não sabia onde realmente se encontrava, ninguém havia dito e ela não tinha perguntado pois sua cabeça vagueava entre um emaranhado de fluxos, esses estavam a guiando a perguntas que ela também não tinha respostas. Dany sabia que havia morrido e agora estava viva, o mundo nunca lhe pareceu tão sem sentido, sem propósito, com falta de significado.

Olhava para o fogo que ardia na lareira larga a procura de motivações que a reerguer-se novamente, qualquer que fosse. Deveria haver algum propósito para tudo aquilo, mas qual? Levantou-se vagarosamente, suas pernas ainda pareciam dois membros totalmente novos que ela havia desaprendido a usar. Seguiu até o espelho, o par violeta seguiram para a cicatriz onde uma adaga a matou. As marcas no corpo de Jon Snow nunca pareceram tão reais a ela, agora que também possuía uma. Ela tentava esquecer ele, procurava ignorar seus pensamentos que iam até um dos homens que amou.

Procurava em seu coração ódio em relação a ele, mas só conseguia encontrar pesar. O nortenho havia seguido seus instintos e achado que o reino ficaria melhor sem ela. Dany se perguntava se podia realmente culpá-lo quando pensava no que havia feito em nome de um um futuro melhor. Talvez uma versão dela mesma de algum tempo atrás pegaria seu filho e voaria de volta para os Sete Reinos em busca de vingança, mas isso parecia fútil e a rainha não sabia se teria coragem de matá-lo como ele a matou.

Virou-se para a porta quando batidas foram ouvidas, escondeu a cicatriz com a túnica e voltou a se sentar enquanto deixava que entrassem.

Ela reconheceu o homem de antes, o primeiro que falou com ela. Ele possuía uma cabeça raspada e uma pele branca como leite, o que fazia a tatuagem em sua face mais radiante e chamativa. Uma grande chama que cobria todo a sua face em tons de vermelho, amarelo e laranja. Era um sacerdote vermelho, ela sabia disso e também que pertencia a Volantis, por isso seu rosto era tatuado. Estaria ela então em Volantis? Porém não perguntou por isso quando uma segunda uma pessoa surgiu atrás dele.

— Quaithe. — Daenerys disse com certa surpresa e um misto de ansiedade. A mulher mascarada se dobrou em uma reverência polida.

— Nascida da Tormenta. — Ela a cumprimentou e se colocou ao lado do servo de R'hllor.

— Onde eu estou? Em Volantis? — Dany quis saber o quanto antes, sedenta por respostas.

— Não, Rainha de Prata, você está muito longe da filha mais velha de Valíria e de seus triarcas corruptos. Você está na primeira cidade e na última, está em Asshai.

Tão longe? Pensou em descrença.

— Como cheguei aqui?

— Seu filho a trouxe, ele fez a vontade de R'hllor e a trouxe onde você deveria ter vindo muito antes, mas nunca poderemos compreender os caminhos do senhor da luz. — O sacerdote explicou calmamente, a Targaryen se virou para Quaithe.

— Eu disse há muito tempo que você encontraria a verdade aqui. — A mulher respondeu e para a surpresa da Não Queimada levou a mão até as amarras que mantinham sua máscara presa a face. Retirou e mostrou a ela a grande chama que cobria a sua face, uma grande chama vermelha e quase como viva naquele quarto cheio de sombras, parecida com a do sacerdote. — Os planos do nosso senhor sempre foram grandes para ti Mãe de Dragões e eles ainda não acabaram.