planos de sangue

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Um grande braseiro queimava naquela noite, iluminando o pequeno salão onde Daenerys se encontrava. As chamas ondulantes pela mais leve brisa refletia sombras dançantes pelo lugar e lhe trazia memórias obscuras a sua mente. Lembrava de homens e mulheres rodopiando, com vestes escarlates e jóias incrustadas de rubis, fogo por todos os lugares e mais sombras se impregnando ao seu redor enquanto ela acordava mais uma vez ao mundo.

Ainda havia uma fogueira para acender.

Aquilo vinha a sua cabeça a medida que observava as chamas e se lembrava dos sacerdotes vermelhos que havia deixado para trás em Asshai da Sombra. Via eles em seus sonhos que lhe acordavam suada e ofegante no meio da noite e muitas vezes lhe tirava o sono. Dany não se esquecia da profecia que Benerro havia pronunciado e do mal que habitava o Leste. Todas aquelas coisas que ela queria deixar para trás e que deveria esquecer se quisesse seguir em frente. Já tinha novos problemas a enfrentar agora que iria ajudar o povo de Volantis da mesma forma que havia feito há muito tempo naquela baía.

Daenerys não queria ser salvadora de nenhum lugar e apenas encontrar alguma paz interior depois de terminar com aquele novo conflito. Por mais que uma nova brasa de sentimentos rodopiasse dentro de si novamente. Estava pronta para levar fogo e sangue aos mestres de Volantis, pois ela sabia que a cidade não traria liberdade aos acorrentados antes de lutar.

Por isso ela saiu de seus pensamentos e focou-se na mesa cheia de mapas.

— Os triarcas de Volantis quiseram comprar nossas lanças quando passamos pelo porto da cidade antes de vir até Meereen. — Verme Cinzento revelou com os olhos atentos nas informações dispostas naquela grande mesa e provavelmente já traçando um plano.

— Os velhotes estão com medo. — A Viúva do Cais afirmou de seu lugar num dos cantos da mesa, encolhida em sua cadeira e aparentando ser mais velha do que já era no meio da escuridão. — O templo de R'hllor está pregando contra eles há bastante tempo e eles estão com medo de que o exército da Mão Ardente pegue armas contra eles quando a cidade explodir.

— Quando explodir? — Daario questionou com olhos curiosos.

— Ela vai ebulir contra a escravidão, você indo ou não, jovem menina. — A mulher de idade respondeu a Daario, mas com os olhos fixos em Daenerys. Parecendo que sabia da mente conturbada da rainha da Baía dos Dragões e de seu foco perdido. — O povo está farto das tatuagens e da servidão, entretanto precisam de ajuda para combater os triarcas.

— Você acha que essa tal Mão Ardente tomará nosso partido? — Verme questionou prático e pensando no quanto seria útil mais cabeças naquela luta, principalmente com o exército de Dany estando tão minguado, muito diferente de quando ela velejou para Westeros com sua frota, uma horda gigantesca e seus três filhos.

— Irão... — Dany murmurou com o olhar perdido na grande cidade que estava pintada em dos antigos mapas.

Os três olharam para ela, mas apenas a Viúva parecia saber do que a prateada estava falando, quando complementou com sua voz cansada.

— A Mão Ardente segue Benerro. — Dany sentiu um arrepio ao ouvir o nome do sacerdote na boca da velha. — Benerro pregou a todos que tem ouvidos em Volantis que Daenerys é Azor Ahai renascido, então eles irão nos ajudar quando a batalha começar.

— Tem noção de quantos são? — Daario questionou colocando mais alguns bonecos de madeira no centro da cidade escravagista que queriam libertar.

— Mil, nunca menos e nunca mais. — A idosa disse por fim e Verme Cinzento concordou com um aceno.

— Será uma grande ajuda, ainda mais com eles estando dentro da cidade. Como isso nunca se tornou um problema aos triarcas? Eles nunca suspeitaram que o tempo do deus vermelho algum dia pudesse se voltar contra eles?

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