Monday

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O dia mal havia começado e Mark já estava entediado. Amarrava seu avental enquanto observava Johnny colocar a última forma de biscoitos no forno.

O americano desviou seu olhar para o rapaz de cabelos castanhos estranhando o mesmo, Mark geralmente acordava animado e começava a falar sobre os livros que havia lido durante o final de semana.

Principalmente da moça que os escrevia, uma tal de Maxine, Johnny não gostava muito de ler mas gostava quando Mark falava para si sobre os livros de suspense e até terror que a moça escrevia.

O mais baixo sempre mantinha um brilho nos olhos e um sorriso enorme quando pensava na mulher. Johnny gostava disso, ele achava adorável.

— Já está aberto. — Mina entrou na cozinha chamando a atenção dos dois homens. 

— Já vou indo. — Mark andou – arrastou os pés – até o balcão e observou o local onde passava a maior parte do tempo.

O estilo vintage com o bege claro das paredes se misturavam com as mesas de madeira, os bancos com almofadas macias cor vinho se destacavam. Havia vários vasos com plantas e flores, coisa que deixava o lugar mais puro e agradável na visão de Mark. 

O canadense apoiou sua cabeça em sua mão direita enquanto observava a rua pelo vidro. As pessoas passavam com seus casacos caros e coloridos, algumas mantinham o passo apressado, outras apenas caminhavam calmamente. Alguns casais também passavam ali, mães com seus filhos e senhores de idade.

Mark bufou fechando os olhos, estava intrigado, estava em guerra consigo mesmo. Não era algo que costumava acontecer, ele só se sentia perdido. O rapazinho havia passado o final de semana inteiro lendo seu livro favorito, mas não foi isso que o deixou entediado, nunca que Maxine o deixará entediado, ele só estava preocupado.

A mulher não havia dado indícios em suas redes sociais a semanas, nem mesmo um poema, uma frase, uma foto ou um "olá meus fãs! Estou viva, não se preocupem". Não havia nada, mas isso não quer dizer muita coisa, sim? Ela deve estar trabalhando em um novo livro, ou se preparando psicologicamente para a premiação que seria nesse final de semana. Sim, deve ser isso.

Falando na premiação, Mark queria muito poder comparecer e apreciar sua escritora favorita ganhar o prêmio de Best Writer of Year. Mas o pobrezinho não havia conseguido comprar o ingresso, já que teve que gastar todas as suas economias com os livros da faculdade. Ele ficou muito frustrado, tão frustrado que teve que ligar para Johnny para se acalmar. Esse também é um dos motivos de estar de mau humor.

Seus pensamentos foram tomados pelo som do sininho que ficava em cima da porta, os clientes começavam a chegar para tomar seus cafés e apreciar alguns dos doces de Johnny.

Não havia muitas pessoas então achou que Mina desse conta mas se enganou ao receber um olhar mortal vindo da baixinha. O rapaz revirou os olhos e decidiu se mexer caminhando até a mesa mais afastada encostada na parede. Não conseguiu ver o rosto da pessoa que estava ali por conta do notebook mas também não estava muito interessado.

— Olá, seja bem vinda. O que deseja? — Mark tentou ser simpático, os clientes não tinham nada haver com seu mau humor.

— Vou querer um café. — A moça levantou o olhar para encarar o rosto do garoto e logo sorriu ao ver o mesmo de boca aberta e olhos levemente arregalados. — Sem leite, por favor. — Ditou simples e voltou sua atenção ao notebook.

Mark havia parado no tempo, ele não conseguia falar e muito menos se mexer. Ele não conseguia acreditar, aquilo era um sonho certo? Ele acabou dormindo sobre o balcão ou estava delirando. Não era possível, Maxine Device estava bem ali na sua frente, em carne e osso.

Assistiu a mais velha voltar o olhar para si e erguer uma sobrancelha, a ação fez com que o outro tivesse calafrios. Ela é linda, muito, muito linda. Ela estava ali, estava chamando Mark, hipnotizando o pobre rapaz.

— Você está bem? — Maxine olhou ao redor, ficou agoniada com o rapaz travado ali. Será que ele precisa de ajuda? Essa frase se repetia na cabeça da francesa.

— S-sim. — Mark fez uma pausa demorada, ainda estava em choque e encantado com a beleza da mulher. — Já trago seu café. — O rapaz saiu rapidamente quase derrubando sua companheira de serviço que apenas passava para atender um outro cliente.

Maxine soltou um "bizarre" puxando da alma seu velho francês, assistiu o rapaz quase levar o balcão consigo enquanto ia em direção a uma porta, chutou que ali seria a cozinha. A morena balançou a cabeça voltando sua atenção ao notebook velho em sua frente, precisava se concentrar.

Já na cozinha Mark andava de um lado para o outro enquanto Johnny o observava, o americano tentava se concentrar na torta em sua frente mas era impossível, o jeito que o canadense movia as mãos em puro nervosismo estava o deixando louco.

— Céus Mark! Vai abrir um buraco no chão. — Johnny tentou parar o amigo, já estava ficando tonto só de olhar. — O que aconteceu? — O americano ficou curioso, o que será que levou Mark a ter um ataque de pânico.

— Ela está lá fora Johnny!!! — Mark olhou para o amigo como se fosse um doido. Ele estava eufórico.

— Ela quem? A mulher da vigilância sanitária? — O maior limpou as mãos no avental enquanto observava o amigo arrumar os fios no reflexo do forno.

— Maxine! — Mark respirou fundo dando pulinhos como se estivesse se preparando para uma corrida. 

— Max-...Maxine? — Johnny pensou, e então algo acendeu em sua cabeça. A mulher que escreve livros! É claro. — Que legal cara! Você atendeu ela? O que está fazendo aqui? Cara você precisa servir ela, vai que ela posta que nossa cafeteria é ruim. — O mais velho estava feliz pelo amigo finalmente poder conhecer sua escritora favorita mas também estava preocupado.

— Não dá John! Eu estou em pânico, meu cérebro deu pane. — Mark levou as duas mãos até o rosto, estava nervoso, suas mãos suavam e seu coração estava acelerado. Coisa de fã, pensou Johnny.

— Cara relaxa. — O maior se aproximou do amigo batendo de leve em suas costas. — Você precisa ir. — John empurrou o rapaz até a porta observando a feição do mesmo. Ele estava nervoso mas parecia muito melhor que antes.

E Mark foi, preparou o melhor café do mundo – na cabeça dele era o melhor do mundo – e serviu a mulher. Céus ela o encarava como se o mesmo estivesse nu, suas mãos tremiam e é claro que ela percebeu, era Maxine!

Sabia tudo sobre a mulher, de seu passado até suas manias. E de uma coisa Mark sabia muito bem, a mulher reparava em tudo. Maxine por outro lado apenas achava engraçado o modo como o garoto ficava nervoso só com um olhar, não deveria usar isso futuramente mas deixaria anotado na memória. 

Quando o garoto a deixou sozinha, de um modo desajeitado e engraçado, ela voltou sua atenção a tela brilhante. Não tinha planos, mas queria algo novo. Sentia que precisava escrever algo, queria escrever mas por que a tela continuava vazia? Suspirou olhando em volta, é um lugar aconchegante e bonito. Os funcionários não eram diferentes, apesar do rapaz de maçãs marcadas ser bem atrapalhado.

Fazia dias que procurava um lugar para  ficar a vontade, gostava de lugares assim. Queria se sentir segura e querida ali, e assim foi. Ficou no local até terminar o café, sentia alguns olhares sobre si, com certeza fãs de seus livros, e um outro olhar em específico. O rapaz que a atendeu não tirou um minuto sequer os olhos sobre si, não se sentiu desconfortável mas sim curiosa. Seria o rapaz um fã dos seus livros também?

mon amour, Device /// Mark Lee Onde histórias criam vida. Descubra agora