Capítulo 1

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A cantina estava lotada. O barulho de garfos sendo arrastados nos pratos e as diversas vozes espalhadas pelo recinto desorganizavam os pensamentos na cabeça da jovem, que involuntariamente procurava com os olhos uma pessoa que não estava presente:

-Haha! E quando Mike escorregou quando foi usar o seu DMT? Aquela tempestade arruinou a nossa expedição. Não é, Hanji?- Nanaba olhava para Hanji com uma sobrancelha erguida tentando chamar a sua atenção.- Hanji?!

-O que?- Hanji saiu de seus devaneios e olhou rapidamente para a loira.

-Tá tudo bem?- Nanaba se voltou para a amiga expressando preocupação.- Você parece meio distraída.

-Tá tudo bem. Desculpe!- Hanji balançou a cabeça e olhou para o grupo que voltara a conversar.

-Vocês souberam o que houve com aqueles novatos?- Nanaba se aproximou e reduziu o tom de voz.

-Os do Subterrâneo?- Moblit perguntou.

-Sim. Eles estavam no esquadrão do Flagon. Houve apenas um sobrevivente.- Nanaba suspirou e recostou na cadeira.

Com os cotovelos sobre a mesa, Hanji uniu suas mãos e apoiou o seu rosto em silêncio:

-Eles eram habilidosos. Como se chamavam?- Questionou Moblit.

-Eles se chamavam Farlan e Isabel.- Hanji se levantou da cadeira com uma feição abatida.- E o sobrevivente é Levi.

Hanji deu as costas e se retirou da mesa, mas antes de sair da cantina a jovem pegou algumas frutas, pedaços de pães e uma xícara de chá bem cheia, que estavam sendo servidos. Colocou as comidas dentro de um tecido e o amarrou e levou a xícara na mão.

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Levi não saía do dormitório faziam 2 dias. Hanji não era íntima dele, mas não poderia deixar de se importar. Embora Erwin tenha incumbido a soldado de observar o garoto por alguns dias, de qualquer maneira Zoe iria procurar saber como o rapaz estava, uma hora ou outra.

Após todos os acontecimentos da expedição, Erwin fez questão de realocar Levi em um quarto individual, pelo menos até o garoto processar todos os eventos daquele dia e conseguir lidar melhor com a dor da perda dos amigos, mesmo o rapaz falando que aquilo não era necessário.

Hanji chegara na frente do quarto de Levi. Sua boca começou a secar e seu coração a bater um pouco mais rápido do que o normal:

"Mas que merda?! Eu só vim fazer uma entrega! Não é como se ele fosse me comer viva...como um titã."

Hanji riu pelo nariz com deboche dos próprios pensamentos e então bateu três vezes na porta de madeira escura e antiga.

Ela esperou um pouco, mas não obteve nenhuma resposta.

Bateu mais três vezes e novamente nenhuma resposta:

-Ei, Levi! S-sou eu, Hanji Zoe! Eu... não sei se lembra de mim, mas nos conhecemos pouco antes da expedição.- Sua voz falhou ligeiramente mas isso não a incomodou.- Eu notei que você não sai do quarto faz um tempinho então eu trouxe algumas coisas da cantina pra você...- Hanji se aproximou da porta enquanto falava e quando terminou esperou por alguma reação, que novamente não aconteceu.- Eu não quero te atrapalhar, então eu vou só deixar aqui na sua porta, tá bem...?- Ela abaixou cautelosamente e apoiou a sacola de tecido e a xícara no chão sem fazer muito barulho.- Bom, é isso... Até mais!

Hanji saiu de perto do quarto de Levi ainda se perguntando se ele comeria ou não.

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O dia passou rápido para a jovem. Hanji tivera bastante papelada para revisar e também discutiu com Moblit quais seriam os próximos passos a serem tomados no que dizia respeito aos seus estudos e pesquisas sobre os titãs.

A mulher acabara de sair do banho e estava indo em direção ao seu quarto, no dormitório feminino, porém antes resolveu passar no quarto de Levi, para checar se ele havia sequer tocado na comida.

Para a surpresa - e felicidade - da mulher, o tecido e a xícara estavam vazios. Ela apenas se abaixou, recolheu os objetos, levou-os para a cantina e então foi para o seu dormitório:

-Aonde você estava, garota?! Estávamos quase apagando as luzes!- Exclamou Nanaba com insatisfação e de braços cruzados, sentada na cama abaixo da sua.

-Oh, me desculpe. Tive alguns assuntos pendentes para resolver.- Hanji respondeu rindo e subindo na beliche.

-Mhm, claro, claro.- Nanaba apoiou os braços na cama de Zoe e olhou para a amiga.- E por algum acaso esse "assunto pendente" começa com "Le" e termina com "vi"?- Ela fez aspas com os dedos e ergueu uma sobrancelha com um sorriso abobado no rosto.

-Meu Deus, Nanaba.- A jovem revira os olhos.- Eu só quero ajudar o garoto!

-Eu sei, meu bem, eu sei.- A loira acaricia o braço de Hanji.- Você é boa demais para ser verdade.- Ela riu.

-Hora de apagar as luzes! Vão para as suas camas!- Uma mulher grita da porta do dormitório.

-Bem, boa noite, senhorita boas-intenções!- Nanaba deitou-se em sua cama.

-Boa noite, Nanaba.- Respondeu a amiga com um simples sorriso, enquanto se arrumava na cama e deitava a cabeça no travesseiro.

A Incumbência de HanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora