Conforto.

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Sanji estacionou o carro em frente à casa de Zoro e saiu apressado, lembrando apenas de retirar o objeto de seu dedo e pegar o maço de cigarros no porta luvas, trocando o maço pelo pequeno objeto circular. No processo os seus óculos escuros acabaram caindo debaixo do banco e estava com muita pressa para se importar, até esqueceu o celular ainda em ligação dentro do automóvel.

Parou na porta da frente, bateu duas vezes e, sem paciência para esperar, pegou a cópia da chave da porta que há anos havia ganhado do marimo e a abriu ele mesmo. Assim que entrou, viu Zoro parado como se estivesse indo abrir a porta, ainda com o celular na mão encostado no ouvido.

O alívio que lhe percorreu foi indescritível. Zoro não estava sangrando, não parecia ferido ou qualquer coisa, ele também não estava chorando ou derrotado em algum canto da casa, mesmo que seu olhar fosse vazio e distante. Algo havia acontecido sim, mas pelo menos ele não estava fisicamente e visivelmente ferido.

Os dois se encararam por alguns segundos, como se estivessem verificando se estava realmente tudo bem com o outro. Tirando aquele corpo um pouco mais magro que o normal do moreno, a clara perda de músculos e aquelas olheiras enormes, parecia estar tudo no lugar. Suspirou aliviado, sentindo um peso sair de suas costas.

Sentiu o moreno se aproximar e o abraçar apertado, escondendo o rosto na curva de seu pescoço e Sanji o retribuiu imediatamente da mesma forma, envolvendo o corpo maior em seus braços fortes e o esmagando contra si. O sentimento de segurança que os dois sentiram naquele momento era indescritivelmente bom. Ambos estavam escondendo detalhes de suas vidas particulares, detalhes importantes que poderiam estar se ajudando, mas só de estarem nos braços um do outro parecia que todos aqueles problemas sumiam.

Zoro desejou ter sentido 0,01% daquilo que sentia com Sanji quando seu psiquiatra o tocou sem consentimento na noite anterior, tudo seria tão mais simples e ele não estaria sentindo-se tão mal e enojado do próprio corpo, mesmo sabendo que isso jamais aconteceria. Ninguém nunca tomaria o lugar do loiro, ele era especial, único. O amor que sentia por aquele homem era incomparável.

Os braços morenos esmagavam os braços pálidos por cima do terno justo. Sanji não conseguia mover mais que as mãos. Os lábios carnudos e quentes de Zoro estavam encostados em seu pescoço, a respiração levemente acelerada fazendo os curtos pelos no pescoço do loiro se arrepiarem, o mesmo pescoço que fora apertado até ele desmaiar na noite passada, até ele quase sufocar e que não estava tendo nenhum problema em ser tocado por Zoro. O toque era completamente diferente e o agradava, sabia que seu melhor amigo jamais o machucaria daquela forma.

Sentia o peito de Zoro expandindo, o coração acelerado, nem percebendo que o seu também estava tão acelerado quanto, uma reação completamente normal do corpo humano, contato físico causava essas sensações estranhas, especialmente quando esse contato era com o marimo. Apertou de leve a cintura de Zoro, o único local que conseguia tocar.

— Ahh. — Um gemido rouco acabou escapando dos lábios do moreno e pareceu mais obsceno do que imaginava. Corou só de pensar no ruído, especialmente para o momento impróprio e terno que estavam tendo.

E o corpo de Sanji reagiu. Ah, e como reagiu. Ele era um homem como qualquer outro, afinal. Nunca negou sua bissexualidade depois de descobri-la, mesmo tendo demorado um pouco para isso, assim como nunca negou que tinha interesse em Zoro. Era uma pena que atualmente as coisas haviam mudado, era muito tarde para ter interesse, sem contar que sabia muito bem diferenciar um gemido de dor e um de prazer, por mais que seu corpo e cérebro pervertidos interpretassem tudo de forma errada.

— Você está machucado, não é? — O loiro perguntou sério. Tocou com cuidado o mesmo local que fez Zoro gemer, fazendo-o soltar outro gemido, dessa vez bem mais contido e claramente de dor. Mesmo assim, eles não se afastaram por mais um tempo.

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