Fantasmas

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Camila acordou com um sobressalto.
Com o coração palpitando e o peito arfando, ela afastou o último pesadelo que ainda permanecia em sua mente. Engoliu com força e agarrou-se ao edredom que a estava cobrindo até a cintura para tentar se acalmar.

Não conseguia se lembrar com o que estava sonhando, não conseguia lembrar o que a perseguira do sonho à realidade. Tudo oque sabia era que estava arrepiada de cima abaixo e que o ar ainda estava entrando com dificuldade em seus pulmões.

E então ela escutou.
Lamentos.

Alguém na casa estava chorando, como se seu coração estivesse se partindo. O barulho aumentou, preenchendo a casa com uma dor quase tangível. E então, um minuto depois, os lamentos silenciaram-se e se tornaram um sussurro que Camila teve de se esforçar para escutar.

De boca seca e o coração batendo freneticamente, ela tirou a colcha do corpo e colocou os pés no chão. O piso de madeira polido estava frio sob seus pés descalços, mas ela mal percebeu. Ela foi até a porta, determinada a ir até a fonte dos lamentos desesperados.

O medo arrastava-se por dentro dela, mas a curiosidade era mais forte. Segurando a gélida maçaneta de metal, ela abriu a porta, pisou no corredor e ficou imóvel. Os lamentos repletos de tristeza começaram novamente e com eles os pêlos de sua nuca arrepiaram-se.

A luz da lua atravessava a janela em forma de arco no fundo do corredor, pintando as paredes e a passadeira desbotada esticada no meio do corredor com um brilho prateado. Do lado de fora, as árvores dançavam ao vento e suas sombras agitavam-se violentamente.

Camila podia jurar que deu um salto de quase um metro quando a porta a sua frente abriu-se. Com o coração agora na garganta, ela agarrou a batente da porta quando viu Lauren aparecer na porta do quarto.

Com os cabelos desgrenhados de dormir, ela olhou para o corredor vazio e depois para Camila.

-O que está acontecendo aqui?- ela perguntou, em tom de voz rude.

Ela teve que engolir em seco para ter certeza de que sua voz sairia. Lauren vestia calças vermelhas de atar de cintura baixa a bainha cobria os pés, sutiã preto de renda, e seu tanquinho à mostra parecia ter sido moldado em bronze, e as mãos de Camila ansiavam para tocá-la.

-Camila?- ela balançou a mão à frente do rosto dela para chamar-lhe a atenção.-Olá?

Ela balançou a cabeça, disse a seus hormônios para tirarem umas férias e falou rispidamente.

-Tire sua mão do meu rosto, Laurem.

-Voce não estava me enxergando.

-Estava sim.- argumentou ela, embora tivesse certeza de que não estava. Droga, um olhar demorado para Lauren acabando de sair da cama era o suficiente para conquistar a mais forte das mulheres.
E Camila sabia que era a mais fraca.

Os lamentos aumentaram de volume novamente, subindo como um balão inflável no céu. E uma nova onde de arrepios passou pelos braços de Camila.

Lauren virou o rosto e olhou fixamente para a beira da estrada por um longo tempo, antes de olhar de volta para ela.

-Diga-me que voce também escutou isso.
Ela soltou o ar ansiosamente.

-Oh, sim.

-Que bom.

-Bom?-repetiu ela.- O que tem de bom nisso ?

-Pensei que estivesse sonhando-sussurrou ela, dando um passo em direção ao corredor e lançando um outro olhar em direção à escada.- E depois achei que fosse alucinação. Mas se nós duas estamos escutando, então significa que é real. E se é real, alguém está tentando fazer alguma gracinha.

A força De Um OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora